Vivo no compasso...da ETERNA IDADE!!!
Vania Vieira,agosto de 2006.
Muitas mulheres negam a idade ou sonegam, enganam... Eu não. Tenho sessenta anos, de verdade, NÃO cinqüenta e uns como falava antes...uma década atrás...60 anos, assumidos e novos! E explico porque eu digo novos: é porque, no compasso da eternidade, pegamos o jeito da auto renovação perpétua. Anulamos a passagem do tempo, ao menos no que diz respeito ao nosso estado íntimo. Passamos a viver num "estoque do tempo". Na reserva mesmo... De maneira que não nos sentimos na idade que temos - a cronológica - como deveríamos, segundo os parâmetros de condicionamento usuais. E isso é senso comum: observo pessoas que vivem e pensam assim, como eu. Os comentários são os mesmos - sentem-se interiormente mais experientes, porém não mais velhas. A mesma sensação de vitalidade e vigor no aprendizado da vida permanece. Um temperado entusiasmo pela vida! Nada obstante para os nossos filhos e netos, já adolescentes no meu caso...prá eles já estamos muito além de Marrakesh...
Costumo dizer isso para uma das minhas netas de 15 anos... para ela, vinte e cinco anos é já ter vivido muito! E eu digo: "Deixa você chegar aos quarenta, e a sua referência vai mudar..."
Costumo dizer também que, envelhescendo, serei uma idosa atípica! Farei como a minha querida avó, que aos sessenta e alguns (nesse tempo era proibido perguntarmos as idades) tinha como eu a irreverência divertida dos quinze...a sedução dos trinta ...e a maturidade dos 45 anos... Ao perguntarem a minha idade aos setenta direi: "Tenho quinze, trinta, quarenta e cinco!!!Todas essas idades, dentro dos meus 70 anos!". Porque é fato: idade é estado de espírito. Direi ter trinta porque, diariamente, estou sempre RENOVADA!!! E este é o segredo - o autêntico elixir da juventude. Já que, mesmo hoje, não me sinto com sessenta - não mesmo! Julgo-me verdadeira criança inexperiente ainda para muitas vivências que me surgem , cobrando-me a prontidão da adolescente de outrora para aprender, com disposição e com humildade perante os desígnios da Vida!
Comento ainda outra coisa, em função do que ouvi outro dia de uma pessoa conhecida: alguém falou que gente que pensa e vive assim, com um pé metido noutra dimensão mais vasta, enxergando as coisas sob outro prisma utópico para muitos, embora conferidor de horizontes mais amplos, certamente possuí um grau inconteste e acentuado de insanidade!...Disse-me também que falar dos assuntos que mais gosto, poderia ser tomado como “fuga da realidade!” Quando ela falou isso não me aborreceu, mesmo porque me considero sim uma destas pessoas adeptas deste estilo “zen e transcendental” , o mais “gratificante de vida”, e argumento sempre ser e sentir-me perfeitamente equilibrada, em plena sintonia com o que o mundo agora exige de mim...embora todos pensem que isso não dê muito trabalho!!!
E eu fiquei boquiaberta, extasiada mesmo por ver que ainda existem pessoas que pensam com o lado do cérebro, tão castrante e racionalizador e ainda acham e se consideram felizes!
Sorri e devolvi: "Pois sempre acontece comigo essa conversa e eu concordo”. E ela olhou-me, espantada: "Concorda com o quê?!" E a minha resposta: "Que eu sou assim mesmo...insana... transcendental...ZEN...tenho o pé em outra dimensão...E com muito orgulho!"
Explico-me...Tudo é questão de ângulo de visão. Porque, para nos sintonizarmos com a realidade maior do Universo, e viver em sincronicidade com seus desígnios - cuja grata conseqüência é existir antecipadamente, embora ainda estar por aqui na matéria, neste Éden da juventude eterna - é preciso, de fato, destoar da maioria; parecer insana mesmo para o resto do mundo! Claro que sim! Porque são vidas que correm aparentemente num mesmo lugar, mas incompatíveis em concepção, acontecendo em dimensões completamente distintas!
Mas para isso é preciso um posicionamento e um estado especial de compreensão dos acontecimentos, uma disposição assumida - e lúcida - para reagir a eles de um certo modo. É preciso permanecer no agora, único e inédito! Exatamente tendo : pés no chão, olhos no futuro, mas mente no INFINITO!!!
E reagir como tal - sendo nós mesmos, também, num agora, fresco e renovado; despojados de preconceitos inúteis e de tabus obsoletos; de dogmas moralistas e religiosos; de regras irrefletidas...Em suma: precisamos, em plena consciência, reagir à vida com a experiência adquirida no decorrer ilusório do tempo e com os olhos e disposição da criança para aprender. Reagir aos modelitos fabricados pela mídia e pela sociedade de consumo que nos suga as energias, através de nossos 5 sentidos e mais... Mais receptivos, entusiastas; capazes, sempre, de nos maravilharmos com a eterna caixinha de surpresas de cada dia; imbuídos da ideologia do adolescente, pronto para lutar pelo que se julga justo, para se apaixonar pela vida...ratificando assim também, diga-se de passagem, o mito do amor eterno.
E aí lembrei-me de uma história que conheço e que bem poderia ser citada aqui como fim de conversa. Ela fala bem dessas situações “fora” dos moldes pré-estabelecidos:
...Ela não compreendia a razão do que lhe acontecia: amou alguém perdidamente na primeira fase da juventude. Mas alguma coisa não deu certo, e se afastaram. Trinta anos depois, por um desses acasos, aconteceu um fenômeno: reencontrou aquele homem de tantos anos antes, em condições em comum que, estranhamente, facilitavam uma reaproximação. Reaproximaram-se. O mesmo sentimento intenso redespertou. Ela, um tanto atônita, questionava a razão: após tanto tempo, como aquilo era possível?
E eu nessa ótica respondo: É porque, de arremate, este amor eterno existe! Aliás, é o único que de fato existe e merece ser chamado como tal! O resto é engodo ... engano. Este é o amor inserido no compasso da eternidade: o que se RENOVA em si! Existe na ETERNA IDADE...
É o que existe na oitava mais depurada do âmago dos nossos espíritos. E que não se prende a superficialidades, mas se qualifica no cerne e não na carne - naquilo que reside na essência real daqueles seres que, mesmo distanciados durante algum tempo, vivenciam entre si a verdadeira sintonia vibratória espiritual!
E se os envolvidos não se prendem a ranços de um passado morto para as exigências e prioridades do presente, ambos reaparecem um frente ao outro renovados, redivivos - para a outra chance de felicidade mútua que a Vida pródiga está lhes oferecendo...
Viram como tudo é passível de RENOVAÇÃO, mesmo quando achamos que não existe mais tempo prá tanto????
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