sexta-feira, 14 de agosto de 2009

No outono, meu exílio.

No outono...meu exílio...
Vânia Vieira,julho de 2002.

Por enquanto prá mim meu amado amigo,
Detrás das chuvas e das flores secas,
o verde se esconde...
Nada vejo, nada sou, EU SOU!
Se no entanto quiseres esperar
que o tempo exorcize minhas dores,
que o Impossível possa acontecer?...
Rasgo laços, recupero inspirações,
desfaço projetos, arrasto decisões?
Forço a chuva dos meus olhos se esconderem,
escondo as folhas secas debaixo das raízes?

E a ti, somente a ti, leal e antigo amigo,
Fiel eu voltarei a ser?...

Entende que do exílio regressas tu também, homem!
Voltas das cinzas de um remoto passado,
em tuas vestes elegantes e lindas flores...

Vejamos então...
Chegou em mim agora o outono...calmo...
Sinto-o profundamente no corpo, na boca, na alma...
Gemendo com seu sopro ameno,
Adentrando minhas janelas,
Sombras e o meu refeito coração.
Jorra dos céus, água fresca, lenta,
Retornando aos lagos, aos mares, aos chãos...
Lava as cidades, limpa as poeiras escondidas
Cravadas em mim , nas montanhas,
nas encostas, no fundo das minhas percepções...
E queres tu AGORA que eu deixe toda essa estação ?

SE não abrir mão do meu outono/exílio lindo,
sabes também que um dia,
nossos caminhos podem novamente cruzar...
Meu exílio é só tecido de intenções e ações.
Tão diversas das tuas...
Que infelizmente AGORA não te posso me entregar!!!