Mandato de busca de Salomão
De onde veio Salomão? Reis venerados como ele, e justamente ele, têm antecessores. Quem havia acumulado as riquezas? Teria sido talvez o pequeno e sabido rei Davi - sim, aquele que derrotou Golias?
Se seguíssemos rigorosamente a árvore genealógica de Salomão, ela teria de reportar-se a Abraão, que deu origem a todas as linhagens, mas
deve atingir um passado ainda mais remoto, pois o pai Abraão também tinha ascendência, que era bem esquisita.
O pai de Abraão foi Tare, de qualquer maneira é o que afirmam antigas tradições judaicas, e esse Tare - não há nenhum comentário contra - era um idolatra. O próprio Abraão confirma essa mácula paterna no Apocalipse de Abraão", relatado na primeira pessoa:
"Eu, Abraão, naquele tempo, onde meu destino foi traçado, consagrava as oferendas de meu pai Tare a seus deuses de madeira e ferro e ouro e prata e bronze e pedra. E uma vez compareci ao serviço no templo; e aí encontrei o deus de pedra Merumat caído de bruços aos pés do deus de ferro Nachon".
Os pais de Abraão eram adeptos de um culto aos astros, como havia e ocorria não apenas na Arábia e no Egito, mas também entre babilônios e minóicos, na verdade entre todos os povos da Antigüidade. Tare, o pai de Abraão, seria originário de Ur, na Caldéia, e o Prof. Fritz Hommel disse que aí "esse culto aos astros estava particularmente difundido"14. E assim o nascimento de Abraão foi também relacionado às estrelas, como descreve uma tradição judia15:
"Abraão, filho de Tare ... e de Amtelai ... nasceu em Ur na Caldéia ... no mês de Tischri ... no ano de 1948 após a criação ... na noite em que Abraão nasceu os amigos de Tare estavam ... reunidos ... em um banquete ... Então repararam em uma estrela extraordinária na região oriental do céu. Ela parecia afastar-se em grande velocidade, correndo pelos quatro lados do céu. Todos ficaram admirados pensando se essa aparição ..."
O zangado rei Nimrod, fundador de cidades e "grande caçador entre os soberanos", mencionado por Moisés e Micha, foi advertido por seus astrólogos de que havia nascido um menino que se tornaria perigoso para o seu reino. Nimrod então mandou matar 70.000 recém-nascidos, por precaução. Claro que a mãe de Abraão amedrontou-se terrivelmente e, para dar à luz, escondeu-se em uma caverna que se iluminou com o rosto radiante do bebê ao nascer. Ninguém percebeu nada, exceto o arcanjo Gabriel, que rapidamente acorreu do céu para alimentar o recém-nascido.
Uma bela lenda, que não valeria a pena contar se não tivesse tantas semelhanças com o nascimento de Cristo, em Belém.
Naturalmente Abraão, a partir daí, deixou de ser uma pessoa comum na lenda. Em uma versão ele surgia envolto em nuvens e neblinas pelos anjos para escapar despercebido de seus perseguidores, em outra aparecia escondido dos construtores da Torre de Babel em um forno. Claro que sem nenhum efeito danoso para Abraão.
Com mil diabos! Somente após dedicar-me intensamente a Abraão é que ficou claro para mim que esse patriarca mantinha estreitas relações com extraterrestres. Na Crônica de Jerahmeel16, que por sua vez reporta-se a fontes mais antigas, afirma-se que Abraão foi o maior mago e astrólogo de seu tempo, tendo recebido sua sabedoria diretamente dos "anjos".
Essa representação coincide com os dados do Apocalipse de Abraão, onde é mostrado de forma impressionante como ele foi levado "ao céu" por dois enviados do Altíssimo. Muito acima da Terra ele viu "algo como uma luz, que não pode ser descrito", e "grandes figuras, que trocavam palavras que eu não podia entender". É compreensível, pois quando extraterrestres levaram Abraão consigo à nave-mãe, ele não entendia a linguagem dos estrangeiros. Abraão lembra-se perfeitamente de que o local alto onde ficou movia-se para cima e para baixo, ora ele via a Terra sobre si, ora as estrelas novamente abaixo. Uma desvairada fantasia? Seguramente que não. Na época dos vôos espaciais lemos relatos sensatos de como as naves espaciais giram sobre o próprio eixo, provocando efeitos óticos que Abraão reproduziu corretamente.
Embora eu sempre tenha tido a consciência de lidar com tradições lendárias, não compreensíveis historicamente, fiquei muito surpreso ao constatar em uma obra publicada por um instituto bíblico americano17 que - como na minha linha de pensamento - aí também os visitantes de uma civilização extraterrestre são aceitos como óbvios.
No livro consta o seguinte: "Somente após o jantar Abraão descobriu que seus convidados não eram visitantes comuns. Eles tinham vindo do espaço".
Que progresso! Os teólogos também são capazes de aprender: Abraão mantinha contato com viajantes do espaço!
Seguindo os ensinamentos da Bíblia, foi-nos apregoado que Abraão teria originado todas as linhagens da humanidade; e os eruditos não estão nem mesmo certos de que Abraão realmente existiu ... e o que seu nome poderia significar.
Franz M. Böhl, professor da Universidade de Leiden, constatou18:
"O nome Ab-ram, que não vem de lugar nenhum além de Gen. 11:26 - 17:5, significa 'pai elevado' ou 'o pai é elevado'. Pode-se considerar a palavra 'patriarca' como uma tradução desse nome. Por pai entende-se aqui a divindade, originalmente talvez o deus da Lua ... O mais provável é que Abraham seja apenas uma variante dialética ("desdobramento") do nome Ab-ram, mais freqüente".
O que o Prof. Böhl comunicou com tanta segurança no ano de 1930
foi contradito por especialistas no conceituado Journal of Biblical Literature19: "Originalmente Abraão não era um nome pessoal, mas o nome de uma divindade".
Passaram-se desde então 40 anos de pesquisas sobre Abraão, que, entretanto, não esclareceram muita coisa. Em uma publicação da Universidade de Yale20, E.U.A., surgida em 1975, consta a notável frase: "Presumivelmente nunca estaremos em condições de comprovar que Abraão realmente existiu..."
Tudo isso é muito desconcertante, e seria totalmente insustentável não fosse o fato de multidões reportarem suas árvores genealógicas a um homem que talvez não tenha existido...
Apesar de todas as contradições, pode-se assegurar que Abraão - que portanto existiu - não pode de forma alguma ter estado em uma cidade com o nome de Jerusalém. No local onde está a atual Jerusalém existiu, talvez já no ano 2000 a.O, uma povoação arqueologicamente comprovável, mas ninguém sabe como esse lugar se chamava.
Em 1975 foi desenterrada em Ebla, no norte da Síria, uma biblioteca de placas. Pela primeira vez surgiu - em escrita cuneiforme sumeriana - uma localidade chamada Urusalim (rslm). Hieróglifos egípcios da época do faraó Amenófis III (1402-1364 a.C) mencionam uma cidade chamada Auschamen ou Ruschalimum. Ambas as variantes foram por assim dizer capturadas num golpe de mão por arqueólogos bíblicos e tomadas pela atual Jerusalém. Olhando atentamente, reconhecem-se unicamente as denominações, faltando no entanto uma localização geográfica. A confusão é total quando se olha o Gênesis, 14:17:
"E, quando voltava da derrota de Codorlaomor e dos reis que estavam com ele, saiu-lhe ao encontro o rei de Sodoma, no vale do Save, que é o vale do Rei. E Melquisedec, rei de Salém, trazendo pão e vinho, porque era sacerdote do Deus Altíssimo, o abençoou e lhe disse: Bendito seja Abraão pelo Deus Altíssimo, que criou o céu e a terra; e bendito seja o Deus Altíssimo, por cuja proteção os inimigos estão nas tuas mãos. E Abraão deu-lhe o dízimo de tudo".
Fala-se aí de um "rei de Salém". "Salém" é a posterior Jeru-Salém. Estranho. Não havia ainda a Terra Prometida, Moisés não tinha nascido ainda, o rei Davi (pai de Salomão) não tinha ainda tomado a cidade - qual? - que ele, a partir de então, chamou de Jerusalém. Quem era portanto esse "rei de Salém", que se encontrou com Abraão, e onde ficava essa cidade-reino de Salém?
Enganos eruditos
"Onde o erudito se engana, comete um engano erudito", diz um ditado árabe. De fato.
As cidades, e ainda mais as cidades-reino, não surgem num passe de mágica. Freqüentemente surgiam primeiro estruturas sociais, formava-se através de gerações uma hierarquia do Estado, surgindo então forçosamente a necessidade de se construir uma cidade. É o mesmo em todos os países - em toda parte existem três condições prévias para a urbanização: tornar visível o poder do soberano, que era maior que a força dos dominados; a segurança contra os inimigos; a construção de um santuário como manifestação de um culto comum.
A terceira manifestação era a ocasião central para a fundação de uma cidade. O culto aos astros era total entre os homens da Antigüidade. Esse culto aos astros de nossos antepassados costuma ser explicado pelo esplendor do céu estrelado, o surgimento e o desaparecimento do Sol e da Lua. As pessoas escalavam os picos das montanhas para ficar mais próximas de seus deuses, para adorá-los; construíam altares a grandes altitudes, e onde não houvesse nenhuma montanha, erguiam montanhas para construir sobre elas cidades sagradas.
Até esse ponto sigo a opinião erudita geral. Mas, "mesmo quando todos concordam com uma opinião, todos podem estar errados", constatou Bertrand Russell (1872-1970). A ciência considera as divindades celestes e estelares como seres fictícios, produtos da fantasia humana, que na realidade nunca existiram. Então personagens fictícios exerciam o poder? Os homens tinham medo de semideuses? Frutos da fantasia tornavam-se visíveis e concretos aos filhos da Terra?
A ciência oferece uma explicação: não existiram "materializações", assim como não existiram deuses reais; sempre que os homens se tornavam miseráveis em algum país, procuravam um culpado. Mas como esse causador da miséria não existisse realmente para que pudesse prestar contas, todos os males - e também todos os bens - eram atribuídos aos deuses, que somente então tornaram-se uma realidade para os homens. Erupções vulcânicas, terremotos e tempestades sempre foram tidos como manifestações divinas, e daí surgiram as religiões da natureza.
Isso soa claro, mas então aconteceu o monstruoso, que não mais se encaixa no conceito: os deuses começaram a falar. Eles davam instruções, instituíam proibições e mandamentos, criaram leis, em casos individuais comprovados levaram pessoas consigo às suas distantes "cidades celestes", demonstraram aos povos o poder técnico de que dispunham, transmitiram-lhe novos conhecimentos, que estavam muito além de seu estado de desenvolvimento. Os eleitos, que transmitiram as instruções dos deuses a seus conterrâneos, fizeram-no - em todo o mundo! - na primeira pessoa: ... e eu ouvi ... e eu vi ... ele me disse ... ele me mostrou ... ele me ordenou ... vá até lá ... Desde que os homens podem falar, a primeira pessoa indica o testemunho ocular. Em muitos casos, essas comunicações que foram depois declaradas "profecias" eram acrescentadas aos dados testemunhados pessoalmente quando e onde ocorresse um acontecimento, nomeando os deuses participantes ou suas tropas de apoio.
Uma situação esdrúxula!
Os deuses não teriam existido. Todas as mensagens feitas em seus nomes devem ter sido então invenções, ficções - ou mentiras! - dos profetas que queriam fazer-se importantes. Não é o cúmulo da falta de lógica compilar esses relatos mentirosos nos livros sagrados da humanidade? Não é pura loucura, segundo essa estranha metamorfose, essa distorção, considerar então as profecias absolutamente verdadeiras, como o mais puro ouro da santa verdade? Devemos "acreditar" nelas?