quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Desconforto-Vania Vieira.

Desconforto
Vania Vieira, julho de 2006.

O sol quente mais desola que consola
A solidão da tarde,
No peito, o espinho não cessa...
Saudades dessas montanhas puras,
Das nuvens transparentes,
do acordo das cores naturais,
Quando o dia era mais do que a ausência de fé
Ou necessidade de prece...
Meu cantar de hoje é um grito mudo
Para a tarde que se vai, levando embora
Mais um dia de promessas sem dor.
Ainda distante de mim, espero a noite
Para embalar encontros e desencontros intimos nos sonhos.
Há um desconforto entre eu e o tempo.
Ou será a espera das horas que virão?
O fato é que diante das paisagens de plasma,
Das lentes dos jornais e das televisões,
Das noticias sangrentas, do pânico da repetição do nada,
Deixo escorrer meus versos como se desejasse criar um novo tempo,
um outro ser, um outro mundo...
Com direito a um jardim colorido de flores, onde eu pudesse,
Plantar a pureza que eu tinha antes de crescer.
Mecanismos apodrecidos que estão por trás dos relógios,
Do tempo...dos homens bombas...dos traficantes...
Dos dirigentes das nações, desumanos sem caráter
Que fazem sórdidas guerras do que seria,
prá todos nós, mortais, comuns,
simplesmente, VIVER!!! ---------------------------------------------------