terça-feira, 12 de maio de 2009

A Humildade.

A Humildade

A perspectiva para se abordar a questão da Humildade seja a de se ter como guia básico da ação perante a vida e aos outros uma atitude de igualdade (justiça=tsedaká ), principalmente não se julgando superior.
Em essência, não somos superiores aos outros.
Descendemos diretamente de uma única matriz, seja qual for o nome que se dê à mesma.

Alguns de nós chamamos esta matriz de Adam (que significa humanidade).
Somos todos Ben Adam (filhos do homem). Quero dizer, de modo mais amplo, somos todos da mesma fonte, então, a princípio, deveríamos nos comportar com humildade perante a todos.

Como saber quando não estamos sendo humildes? É simples, o mundo vai reagir.

Quando, nas circunstâncias da vida diária, certas situações nos levam a crer ou nos induzem a ter um comportamento que se distancia da humildade, ocorrem certos choques entre as pessoas, choques estes nada salutares para eles e para o mundo

Perguntaram ao Mestre Hillel como ele poderia resumir o que de fundamental havia nos escritos, mas no tempo suficiente em que o interlocutor pudesse ficar apoiado em uma perna.

O Sábio apenas disse:
- Não faças aos outros o que não quiseres que te façam, o restante é apenas comentário. Vá e siga teu caminho.

Com base nisso, derivamos que quando se age com soberba, sem ética, sem educação, com excessiva autoridade ou superioridade desmedida, está se infringindo um conceito muito peculiar. Nesta situação, o interlocutor se sentirá ofendido, mesmo sem demonstrar. Num segundo momento tentará provar para o agressor que este agiu de modo desproporcional, não tendo sabido usar a faculdade da humildade de forma apropriada.

Estas experiências surgem no caminho do buscador, naturalmente, e creio que quanto mais a pessoa se opõe a ter uma visão de mundo mais humanista, mais piedosa e mais justa, a própria vida se encarrega de trazer mais lições (cada vez mais amargas) para que a pessoa possa superar o desvio de conduta e se tornar mais humilde com os outros seres humanos.

Sem a humildade, o mundo não poderia sobreviver.
Se analisarmos as 10 sephirot ou manifestações do poder divino, veremos que chessed (bondade) equilibra guevurá (justiça); não há como o mundo sobreviver sem este equilíbrio, pois as conseqüências seriam catastróficas.

Agora analisando a questão de outro ponto de vista:

A humildade implica que a pessoa deveria estar em uma posição de constante aprendizado, ou seja, o verdadeiro buscador tem que se colocar numa posição humilde, como um receptáculo. Ainda trazendo uma analogia da cabalá, o recipiente cheio não consegue receber (lecabel) mais, tem que compartilhar a luz divina (Ein Sof) com os outros. Isto é, compartilhar para receber. Portanto, a analogia com o receptáculo nos leva a pensar nos conceitos de egoísmo versus humildade.

Creio que este é justamente o motivo de estarmos aqui, embora a verdade total nos seja velada neste mundo, mas temos coisas que estão bem ao nosso alcance, estas coisas que a vida claramente nos coloca de frente são as quais devemos trabalhar, como um ourives que não sabe por onde começar: começa a aperfeiçoar-se a sí próprio, depois ao mundo a seu redor.

A isto alguns chamam de Tikun Olam (aperfeiçoamento do mundo).