segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Buscando a simplicidade...Vania Vieira

Hoje, busco as coisas simples.
Elas são o último refúgio de um espírito que é complexo...
Quando vivemos mais
simplesmente, entramos em contato direto com a
vida - em primeira mão e de modo imediato. Então,
passamos a ansiar e precisar de poucas coisas. É quando
nos afastamos da participação direta e sincera da
vida que o vazio e o tédio se insinuam. Nesse
momento, começamos a buscar alguma coisa ou
alguém que possa aliviar a insatisfação que nos
atormenta. Contudo, essa busca é interminável, no
sentido de que somos continuamente arrastados
para longe de nós mesmos e das experiências do
presente. Se pudermos apreciar integralmente o
aprendizado e o amor que a vida nos oferece a
cada momento, desejaremos menos coisas materiais
supérfluas, que contribuem pouco para o nosso
bem-estar e privam aqueles que necessitam
genuinamente dos escassos recursos disponíveis.
Quando vivemos com simplicidade, proporcionamos a
nós mesmos e aos outros a dádiva da vida.
Ao mesmo tempo, ansiamos e tememos a proximidade
com a vida. Queremos que nosso encontro com as
outras pessoas seja genuíno, mas permitimos que o
fingimento e a desonestidade permeiem nossos
relacionamentos. Buscamos autenticidade no mundo
que nos cerca, mas descobrimos que o milagre da
nossa existência está coberto por camadas
sucessivas de roupas modernas, cosméticos, modas
efêmeras, conveniências tecnológicas triviais,
produtos descartáveis, formalidades burocráticas
e outras coisas supérfluas, mas elegantes. Como
podemos transpor essas camadas que obscurecem a
autenticidade?
Se você soubesse que iria morrer dentro
de algumas horas ou dias, as coisas mais simples
não iriam adquirir um significado luminoso e
penetrante? Cada momento não se tornaria
precioso, ultrapassando qualquer nível anterior
de intensidade? Cada flor, pessoa, fenda na
calçada, cada árvore não se transformariam em
coisas maravilhosas? As experiências não se
tornariam um milagre efêmero, incapaz de se
repetir? Uma vida mais modesta ajuda a produzir
esse tipo de clareza e compreensão.
Um antigo provérbio oriental afirma: "a
simplicidade revela o mestre". À medida que nós
gradualmente dominamos a arte de viver, uma
simplicidade conscientemente escolhida se
manifesta como expressão desse domínio. Ela
revela o verdadeiro caráter de nossa vida - como
se raspássemos, lixássemos e encerássemos uma
peça perfeita de madeira que permaneceu muito tempo oculta sob camadas de tinta

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