quinta-feira, 25 de junho de 2009

um canto interno de chamado- Vania Vieira

Naquele dia, quando dentro de mim cantou o rouxinol...
Quando cantou o rouxinol, o mesmo canto que se ouviu no Jordão
naquele dia, Ele me mandou acender luzes no quarto do silêncio,
ainda que no meio da tarde e ali ficar...
Havia uma sensação de ânsias de caminhos e de encontros
no ar dos meus suspiros
que fazia arder meus pensamentos....
Mesmo assim, balbuciei palavras à luz da lâmpada
e respirei pensamentos de pedras,montanhas, vales e estrelas...
Entoei, sem recordar muito bem,os misteriosos cantos dos Essênios.
As palavras que pronunciei repetidas vezes foram
como um embalar doce nas fontes borbulhantes.
Mais tarde Ele se pôs ao meu lado no recinto do silêncio e disse: "Eu alastro o fogo para que ele se exale em incensos em muitos corações, como o teu...
Tenho ânsias de caminhos e de encontros...
Vens comigo?"

Exausto-Adélia Prado.

Exausto.

Eu quero uma licença de dormir,
perdão pra descansar horas a fio,
sem ao menos sonhar
a leve palha de um pequeno sonho.
Quero o que antes da vida
foi o sono profundo das espécies,
a graça de um estado.
Semente.
Muito mais que raízes.
(Adélia Prado in "Bagagem" São Paulo:Ed.Siciliano, 1993)

Uma crônica de Martha Medeiros e uma poesia de Adélia Padro.

DOIDA OU SANTA?Martha Medeiros.

“Estou no começo do meu desespero e só vejo dois caminhos: ou viro doida ou santa”.
São versos de Adélia Prado, retirados do poema A Serenata. Narra a inquietude de uma mulher que imagina que mais cedo ou mais tarde um homem virá arrebatá-la, logo ela que está envelhecendo e está tomada pela indecisão - não sabe como receber um novo amor não dispondo mais de juventude. E encerra: “De que modo vou abrir a janela, se não for doida? Como a fecharei, se não for santa?”
Adélia é uma poeta danada de boa. E perspicaz. Como pode uma mulher buscar uma definição exata para si mesma, estando em plena meia-idade, depois de já ter trilhado uma longa estrada onde encontrou alegrias e desilusões, e tendo ainda mais estrada pela frente? Se ela tiver coragem de passar por mais alegrias e desilusões - e a gente sabe como as desilusões devastam - terá que ser meio doida. Se preferir se abster de emoções fortes e apaziguar seu coração, então a santidade é a opção. Eu nem preciso dizer o que penso sobre isso, preciso?
Mas vamos lá. Pra começo de conversa, não acredito que haja uma única mulher no mundo que seja santa.. Os marmanjos devem estar de cabelo em pé: como assim, e a minha mãe??? Nem ela, caríssimos, nem ela.
Existe mulher cansada, que é outra coisa. Ela deu tanto azar em suas relações que desanimou. Ela ficou tão sem dinheiro de uns tempos pra cá que deixou de ter vaidade. Ela perdeu tanto a fé em dias melhores que passou a se contentar com dias medíocres. Guardou sua loucura em alguma gaveta e nem lembra mais.
Santa mesmo, só Nossa Senhora, mas cá entre nós, não é uma doideira o modo como ela engravidou? (não se escandalize, não me mande e-mails, estou brin-can-do).
Toda mulher é doida. Impossível não ser. A gente nasce com um dispositivo interno que nos informa desde cedo que, sem amor, a vida não vale a pena ser vivida, e dá-lhe usar nosso poder de sedução para encontrar 'the big one', aquele que será inteligente, másculo, se importará com nossos sentimentos e não nos deixará na mão jamais. Uma tarefa que dá para ocupar uma vida, não é mesmo? Mas, além disso,temos que ser independentes, bonitas, ter filhos e fingir de vez em quando que somos santas, ajuizadas, responsáveis, e que nunca, mas nunca, pensaremos em jogar tudo pro alto e embarcar num navio-pirata comandado pelo Johnny Depp, ou então virar uma cafetina, sei lá, diga aí uma fantasia secreta, sua imaginação deve ser melhor que a minha.
Eu só conheço mulher louca. Pense em qualquer uma que você conhece e me diga se ela não tem ao menos três dessas qualificações: exagerada,dramática, verborrágica, maníaca, fantasiosa, apaixonada, delirante.Pois então. Também é louca. E fascina a todos.
Todas as mulheres estão dispostas a abrir a janela, não importa a idade que tenham. Nossa insanidade tem nome: chama-se Vontade de Viver até a Última Gota. Só as cansadas é que se recusam a levantar da cadeira para ver quem está chamando lá fora. E santa, fica combinado, não existe. Uma mulher que só reze, que tenha desistido dos prazeres da inquietude, que não deseja mais nada? Você vai concordar comigo: só sendo louca de pedra.'
A SERENATA- Adélia Prado
Uma noite de lua pálida e gerânios ele viria com boca e mãos incríveis tocar flauta no jardim.Estou no começo do meu desespero e só vejo dois caminhos:ou viro doida ou santa.Eu que rejeito e exprobo o que não for natal como sangue e veias descubro que estou chorando todo dia,os cabelos entristecidos,a pele assaltada de indecisão.Quando ele vier, porque é certo que vem,de que modo vou chegar ao balcão sem juventude?A lua, os gerânios e ele serão os mesmos- só a mulher entre as coisas envelhece.De que modo vou abrir a janela, se não for doida?Como a fecharei, se não for santa?

Carta ao meu irmào ausente-Vania Vieira.

Carta ao meu irmão ausente
-Vania Vieira,dezembro de 2005.
Demoramos muito?
Podia nunca acontecer...
Mas eis que de repente, surgiu a vontade de te procurar...
Surgira já há alguns meses...brotara agora...as coisas são assim mesmo...nascem no espaço mental e desabrocham em nosso coração...o laboratório do AMOR..
Que bom possuírmos este espaço alocal, para alquimisarmos os sentimentos...e ainda há os que duvidam não serem “feitos à imagem e semelhança de Deus”...
tão divinos que podemos transmutar TUDO através do AMOR!
Em fevereiro de 1995, na Índia, no Ashram do Sri Ramana Marahiashi essa vontade veio em ondas, não me pergunte porquê, o desejo de ali mesmo em minha peregrinação, de exercer o poder de perdoar nosso pai...À partir daí, muitas e mais coisas têm se manifestado em minha vida...E entenda aqui esta humilde ação de perdoar, como principalmente entender, que existiram nele motivos muito pessoais e cabíveis em qualquer um de nós, seres humanos...o que eu precisava e urgente sentir ali , era apenas entendê-lo e mentalmente manifestar isso naquele momento ...e o fiz.. e foi com certeza um dos meus instantes mais sagrados...
Minha vida tem sido uma série de privilégios: tenho 3 filhas que me amam e me admiram, 6 netos que me respeitam e com certeza sei que vêm em mim um porto seguro...conheço uma boa parte dos países do mundo...abracei uma filosofia que preenche meus dias da envelhescência... sou respeitada e querida por todos os meus Irmãos da Fraternidade que pertenço desde 1987...sei que tenho uma postura digna e correta diante da vida ...e confio na humanidade como e porque confio em mim...até porque me sinto parte dela...
O que mais posso desejar da vida?
Só faltaria agora reconciliar-me com vocês que a genética uniu e que por motivos outros, não nos permitiu trilhar juntos até aqui...
Ouvir sua voz e ter a certeza que está bem , com uma família mantida até aqui e com saúde, já significa muito...devolver a chamada que lhes fiz foi maravilhoso...saber que entende os anseios de almas irmãs, responde muitas das questões que alimentei até aqui...
Que bom existirem seres tão especiais que possam superar dores e fazer delas oportunidades de crescimento pelo entendimento!!!
EU TE AMO, Luiz Carlos e NUNCA pensei que me fosse dada esta oportunidade de te dizer assim...um dia...
Obrigada!

EU SOU!

Eu sou!
Vânia Vieira
“Raio Humano Solar”
Sou!

Sou um ínfima parte do Todo Divino...
Sou a Palavra sonora feita Verbo...
Sou um leve sopro existencial...
Sou uma vaga lembrança
Sou o pensamento...
Sou o “É”...
Sou Ser!
Eu Sou!

Sou uma reluzente rosa vermelha de jardim
Sou abelha de flor em flor voando
Sou uma minhoca rastejando na lama úmida
Sou uma rã nadando nas águas do lago
Sou um dragão dos contos, enchendo a pança
Sou um gazela pulando de um lado para o outro
Sou um leão que prepara o bote à vítima desprevenida
Sou uma tempestade de areia no meio do deserto
Sou réstea de um eruptivo vulcão há muito inativo
Sou alguém que não sabe bem o que está acontecendo
Sou uma alma curiosa , buscadora, à procura do conhecimento
Sou uma das que busca novas descobertas nos Mistérios
Sou das que persiste em sondar o que é aparentemente insondável
Sou um ser descontente que quer tudo o que vê e mais ainda
Sou um raio solar que procure por si na própria sombra
Sou o reflexo da luz espelhado na água do Graal
Sou uma poça de sangue concentrada num pedaço carnal
Sou o fluído espiritual onipresente do Universo que se faz presente
Sou uma representante da Vida Infinita neste Eterno Agora...
Sou uma ínfima parte do Todo Divino...
Sou a Palavra sonora feita Verbo...
Sou um leve sopro existencial...
Sou uma vaga lembrança
Sou o pensamento...
Sou o “É”...
Sou Ser!

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Jornais estão morrendo-Olhômetro,sem as figuras.

Leia no Olhômetro.18-06-09-Ana, estagiária, há 4 anos escreve em um grande jornal de notícias...
Na quarta-feira o STF votou, por 8 a 1 (uhú!), o fim da obrigatoriedade de diploma de jornalismo para exercer a profissão. Eu trabalho numa redação, uma das maiores do país, e sinceramente não vi ninguém chorando por lá. Mas no Twitter eu vi. Ah, como vi gente se lamentando. “Ai, porque é um absurdo”. “Ai, porque isso é desvalorização da educação no país”. “Ai, porque agora qualquer um pode ser jornalista…”
Aaaahh, a tradicional arrogância da classe. A maior prova dela é uma porção de gente ter se ofendido com a comparação do ministro de jornalista com cozinheiro. Gente escrota. Desde quando ser jornalista é melhor do que ser cozinheiro? Quem devia se ofender é o cozinheiro, pô!.
Amigo que não é jornalista, tem algumas coisas que você precisa saber. A primeira delas é que o mercado de jornalistas está repleto de gente que exerce a profissão de maneira formidável e não é formado, desde muito tempo. A segunda é que a faculdade de jornalismo no Brasil forma pequenos especialistas em grandes generalidades com vagas noções de técnicas de redação. A terceira é que… sei lá, não tem terceira. Sou jornalista, não sei contar.
Pra ser jornalista, e eu sempre achei isso, não adianta ter faculdade. Jornalismo é espírito. Envolve gostar de estar bem informado, ser curioso, em alguns casos gostar ou saber escrever, gostar de ler, ter visão global de fatos, saber editar, uma série de coisas. Faculdade pode ensinar algumas técnicas, mas se algumas características já não estiverem lá, incubadas, faculdade não faz milagre. E essas técnicas você só aprende de fato exercendo, no mercado - ou seja, não precisa exatamente cursar jornalismo pra aprendê-las, precisa é trabalhar com jornalismo. Idem pras questões éticas que envolvem a profissão: elas estão em pauta o tempo todo no dia-a-dia, e você não precisa de sala de aula pra discutí-las, porque pode fazer isso com seus amigos no bar, já que necessariamente precisará tomar decisões que envolvem ética no cotidiano, e se não fizer isso de maneira adequada não vai durar muito tempo no mercado.

O Tintin, por exemplo - não precisa de diploma, é claramente jornalista por vocação. Simples assim
Além disso, você acha que por causa da queda da obrigatoriedade do diploma alguma empresa vai mudar os critérios de contratação? De maneira alguma. Vão continuar exigindo os mesmos conhecimentos gerais (talvez até mais!), as mesmas habilidades em texto, as mesmas capacidades multimídia. A faculdade, talvez, se torne um diferencial desejável. O mercado vai ficar sim mais concorrido, e isso é ótimo pra sociedade!
A Folha de S. Paulo nunca exigiu formação jornalística pra contratar repórteres. É o maior jornal do país. E quem você considera mais qualificado para falar sobre economia - um economista que domine as técnicas jornalísticas ou um jornalista que entende um pouco de economia?
Pois é. A Folha prefere o primeiro cara. E eu acho justo.
Não reclamo da não obrigatoriedade do diploma porque acho que os profissionais qualificados continuarão tendo espaço no mercado, por motivos mais que óbvios. A qualidade da informação vai aumentar, porque a concorrência vai ser maior e aquele carinha que só tinha formação em jornalismo vai precisar de uma pós em história pra competir com o historiador que tem bom texto no mercado.
É hipócrita o jornalista que chegar aqui e me disser que a faculdade o ensinou a ser jornalista. Ensinou-o a beber bem, a fazer bons contatos profissionais, a ir no Juca. Se na minha faculdade (e nas de todos os meus amigos) os próprios professores fazem vista grossa pras nossas faltas já a partir da metade do curso, por compreenderem que nessa altura do campeonato a maioria das pessoas já está no mercado e a faculdade se torna supérflua, como alguém tem coragem de dizer que 4 anos de faculdade de jornalismo são realmente necessários?

Zé Bob, por outro lado, tenho certeza que tinha diploma,mas nunca conheci um jornalista que trabalhasse tão pouco
Sou defensora de um curso técnico de dois anos de jornalismo, em formato de pós graduação. Os profissionais de outras áreas cursariam suas faculdades - direito, geografia, medicina - e com mais dois aninhos de técnicas jornalísticas e discussões sobre ética profissional e estariam habilitados plenamente a falar em veículos sobre o assunto. Felizmente, me parece que com essa mudança legislativa, essa possibilidade se torna mais atraente para as faculdades por aí. Espero ansiosamente uma posição por parte do MEC. Seria bem legal.
Conclusão: com a mudança se ferram os profissionais medíocres. Os bons, ganham, porque continuam no mercado seja como for; a sociedade, que consome notícias, também, porque a concorrência aumenta e logo qualificação dos profissionais também.
A única coisa que eu lamento nessa lei é que ela poderia ter saído há uns 5 anos, coisa assim. Eu poderia ter feito relações internacionais, e hoje estaria tinindo em Jornalismo Internacional. Mas é a vida.

E o Clark, que tinha diploma, era jornalista,mas que na verdade tinha por vocação o super-heroísmo?
A propósito: já que exerço a profissão há 4 anos, e não preciso mais do diploma pra me considerar profissional, já posso dizer que sou, sim, jornalista. Não é pelo título, glamour, nada disso. Não acredito nessas bobagens. É só porque isso diminui drasticamente as chances de ter o telefone desligado na cara ao ligar pras fontes dizendo “Oi, eu sou estudante de jornalismo….”
*Tenho prova até o fim dessa semana. Tava afim de faltar, ligar pro professor que orienta o TCC e rir da cara dele. Ele é legal, mas só pela graça que isso teria. Mas.. só faltam seis meses, né? Melhor eu terminar. E só faltam dois dias de provas.

O UNIVERSO QUE NOS RESPONDE-Vania Vieira

Nas últimas décadas, os pesquisadores da psicologia começaram a estudar seriamente o efeito das nossas intenções no universo físico. Algumas das primeiras descobertas ocorreram na área de biofeedback. Através de centenas de estudos, mostrou-se que podemos influenciar muitas das funções do nosso corpo que, anteriormente, julgava-se serem totalmente controladas pelo sistema nervoso autônomo, inclusive o ritmo cardíaco, a pressão arterial, o sistema imunológico e as ondas cerebrais. Quase todos os processos que podemos monitorar mostraram alguma sensibilidade à nossa vontade.Pesquisas recentes, no entanto, têm mostrado que nossa ligação e influência vão bem mais longe: as nossas intenções podem afetar também o corpo de outras pessoas, sua mente e a forma dos acontecimentos no mundo. A nova física mostrou que estamos ligados de um modo que transcende os limites de tempo e espaço. O teorema de Bell parece aplicar-se, tanto quanto à operação das partículas elementares, também aos nossos pensamentos.Ninguém contribuiu mais para a popularização dessa nova compreensão do que o dr. Larry Dossey, que escreveu uma série de três livros enfocando os poderes da intenção e da oração. Estudando pesquisas antigas e atuais de fontes que vão desde F. W. H. Myers até Lawrence LeShan, desde J. B. Rhine até o Laboratório de Pesquisa de Engenharia de Anomalias de Princeton, Dossey apresentou um instigante de evidências de que podemos atravessar o espaço, e às vezes o tempo para afetar o mundo.Numa pesquisa em particular citada em seu livro Recovering the Soul, Dossey descreve um grupo de pesquisados reunidos para testar sua capacidade de receber informações através de grandes distâncias. Outros pesquisados, a centenas de quilômetros, não apenas conseguiram acertar muito mais vezes do que seria de se esperar o nome de uma carta tirada por alguém a centenas de quilômetros, como também era freqüente receberem essa informação antes mesmo que a carta fosse escolhida.Em outras experiências para testar essa capacidade, os pesquisados conseguiram distinguir um grupo de algarismos produzido por um gerador de números ao acaso, antes mesmo que os números fossem sorteados. As implicações dessas e de outras experiências similares são de extrema importância, pois fornecem evidências de certas habilidades que muitos de nós experimentam repetidamente. Não apenasestamos ligados uns aos outros telepaticamente, como também temos a capacidade da premonição: aparentemente conseguimos apreender imagens ou sugestões de acontecimentos iminentes, especialmente se eles afetam a nossa vida e o nosso crescimento.No entanto, a nossa capacidade tem alcance ainda maior: com a nossa mente podemos não apenas receber informações sobre o mundo, como também afetar o mundo. Dossey cita uma pesquisa, hoje bastante conhecida, que foi levada a cabo pelo dr. Randolph Byrd no Hospital Geral de San Francisco. Nessa experiência, uma equipe de voluntários rezou por um grupo de pacientes cardíacos, ao passo que um grupo de controle não recebeu orações em sua intenção. Dossey relata que o grupo que recebeu orações teve cinco vezes menos possibilidade de precisar de antibióticos e três vezes menos possibilidade de desenvolver fluido nos pulmões.Além disso, nenhum dos pacientes desse grupo precisou de respiração artificial, ao passo que 12 membros do grupo de controle precisaram.Outras experiências citadas por Dossey mostraram que o poder da oração e da intenção funciona igualmente bem com as plantas (aumentando o número de sementes que germinam); com as bactérias (aumentando a taxa de crescimento) ; e com objetos inanimados (afetando os padrões casuais de bolas de isopor ao caírem).Uma série de experiências mostrou uma coisa especialmente interessante: embora a nossa capacidade de afetar o mundo funcione em ambos os casos, a intenção não-instrutiva (isto é, sustentar a idéia de que o melhor deveria acontecer, sem introduzir a nossa opinião) funciona melhor do que a intenção instrutiva (sustentar a idéia de que deveria ocorrer um determinado desfecho). Isto parece indicar que existe um princípio embutido na nossa ligação com o resto do universo, que mantém o nosso ego cerceado.As experiências citadas por Dossey sugerem também que devemos ter algum conhecimento pessoal do indivíduo por quem rezamos, e que parece funcionar melhor a intenção que flui de uma sensação de ligação com o divino, ou com o Eu superior da outra pessoa. Além disso, as experiências parecem confirmar que nossas intenções têm efeito cumulativo - em outras palavras: os pacientes por quem as orações foram feitas por mais tempo beneficiaram- se mais do que aqueles por quem as orações duraram menos tempo.Dossey cita experiências que indicam algo muito importante: as nossas teorias costumam agir no mundo exatamente como as nossas intenções ou orações conscientes. A famosa experiência de Oak School mostrou esse fato: disseram a alguns professores que certo grupo de alunos, identificados por meio de testes, progrediria mais durante o ano letivo. Na realidade, os professores receberam uma lista de alunos escolhidos inteiramente ao acaso. No final do ano, esses estudantes mostraram realmente uma melhora significativa não apenas no seu desempenho (o que poderia ser explicado por alguma atenção extra dada pelos professores) , mas em testes de QI destinados a avaliar apenas a capacidade inata. Em outras palavras, as teorias do professor a respeito dos seus alunos modificaram o potencial de aprendizado deles.Infelizmente esse efeito parece agir também numa direção negativa. Em seu livro recente Be Careful What You Pray For, You Just Might Get it, Dossey descreve pesquisas que mostram que as nossas teorias inconscientes podem fazer mal a outras pessoas. Um exemplo importante é quando rezamos para que alguém mude de idéia ou interrompa o que está fazendo, antes de investigarmos cuidadosamente se a nossa opinião está correta; esses pensamentos são liberados e criam dúvidas na outra pessoa. A mesma coisa acontece quando temos pensamentos negativos a respeito da aparência ou dos atos de outra pessoa; muitas vezes são opiniões que jamais expressaríamos diretamente, mas, como somos todos ligados, os pensamentos vão como punhais influenciar o conceito que a pessoa tem de si mesma, e talvez até mesmo a sua conduta.Isso significa, é claro, que podemos também influenciar negativamente a realidade da nossa própria situação com pensamentos inconscientes. Quando pensamos negativamente sobre a nossa capacidade pessoal, a nossa aparência ou as nossas perspectivas de futuro, esses pensamentos influenciam de maneira bastante real o modo como nos sentimos e aquilo que acontece conosco.VIVENDO A NOVA REALIDADEPodemos, portanto, enxergar o quadro mais amplo oferecido pela nova ciência. Agora, quando nos postamos em nosso jardim ou passeamos pelo parque admirando a paisagem num belo dia de sol, devemos ver um mundo novo. Não podemos mais pensar que o universo que habitamos está se expandindo em todas as direções até o infinito; sabemos que o universo é fisicamente infinito, mas curvado de uma forma que o torna limitado e finito. Vivemos dentro de uma bolha de espaço/tempo e, como os físicos que pesquisam o hiperespaço, intuímos outras dimensões. E quando olhamos em volta, para as formas dentro deste universo, já não podemos ver matéria sólida, mas substância energética. Tudo nada mais é do que um campo de energia, de luz, todas as coisas interagindo e influenciando- se mutuamente - inclusive nós mesmos. Na verdade, a maioria dessas descrições da nova realidade já foi confirmada pela nossa própria experiência. Todos nós temos, por exemplo, momentos em que podemos constatar que outras pessoas captaram nossos pensamentos, ou ocasiões em que sabemos o que outra pessoa sente ou está prestes a dizer. De modo semelhante, vivemos situações em que sabemos que alguma coisa está prestes a acontecer ou poderia potencialmente acontecer, e essas premonições muitas vezes são acompanhadas por pressentimentos que nos dizem aonde deveríamos ir ou aquilo que deveríamos fazer, para estarmos no lugar certo, na hora exata. O mais significativo é que sabemos que a nossa atitude e a nossa intenção a respeito das outras pessoas são extremamente importantes. Como veremos mais tarde, quando pensamos positivamente, nos elevamos e elevamos os outros, e acontecimentos incríveis começam a ter lugar.O nosso desafio é colocar tudo isso em prática cotidianamente, integrado à nossa vida diária. Vivemos num universo inteligente, de energia dinâmica, que nos responde, no qual as expectativas e teorias das outras pessoas irradiam-se delas para nos influenciar.O próximo passo, portanto, em nossa viagem em direção a uma vida com uma nova consciência espiritual é ver o mundo humano de energia, expectativa e drama como ele realmente é, e aprender a lidar com esse mundo de maneira mais eficaz.SUPERANDO A DISPUTA DE PODERA grande conquista dos psicólogos da interação foi identificar e explicar a tendência dos seres humanos a competir entre si e a dominar uns aos outros por causa de uma profunda angústia existencial. Veio do Oriente, no entanto, um esclarecimento maior sobre o processo psicológico subjacente a esse fenômeno.Como tanto a ciência quanto o misticismo demonstram, o ser humano é, em essência, um campo de energia. No entanto, a sabedoria oriental afirma que o nosso nível normal de energia é baixo e fraco, e assim permanecerá até nos abrirmos às energias absolutas disponíveis no universo. Quando isso ocorre, o ch'i - que talvez devêssemos chamar de nosso nível de energia quântica - eleva-se o suficiente para sanar nossa angústia existencial. Mas até então vivemos procurando extrair das outras pessoas energia adicional.Vamos começar esse estudo examinando aquilo que realmente acontece quando dois seres humanos interagem. Existe um velho provérbio místico que diz que aonde vai a atenção, para lá flui a energia. Assim, quando duas pessoas voltam a atenção uma para a outra, elas literalmente fundem seus campos energéticos, juntando as energias. Aí surge logo a questão: quem é que vai controlar essa energia acumulada? Se um dos dois consegue dominar, fazendo o outro aceitar seu ponto de vista - enxergar o mundo à sua maneira, através dos seus olhos -, então esse indivíduo capturou para si a energia de ambos. Ele sente uma imediata onda de poder, segurança, autovalorizaçã o e até mesmo euforia.Mas esses sentimentos positivos são conseguidos às custas da outra pessoa, que, dominada, sente-se fora do centro, ansiosa e desprovida de energia - todos nós já nos sentimos assim alguma vez. Quando somos forçados a ceder a alguém que nos manipulou até nos confundir, nos tirar do equilíbrio, nos expor, de repente nos sentimos exaustos. E a tendência natural é tentar tomar de volta a energia do nosso dominador, usando em geral de qualquer meio necessário. Esse processo de dominação psicológica pode ser observado em toda parte, e é a fonte oculta de todos os conflitos irracionais no mundo humano, em nível de indivíduos e famílias até todas as culturas e nações. Assim, olhando realisticamente para a sociedade, veremos um mundo que compete pela energia, com pessoas manipulando umas às outras de maneiras muito engenhosas (e em geral bastante inconscientes) . À luz da nova compreensão do universo, podemos ver também que a maioria das manipulações usadas - a maioria dos jogos que as pessoas jogam - resulta das teorias básicas de cada um. Em outras palavras: são elas que formam o campo de intenção do indivíduo. Quando entramos em interação com outro ser humano, precisamos ter isso tudo em mente. Cada pessoa é um campo de energia consistindo num conjunto de teorias e crenças, que se irradiam e influenciam o mundo. Isso inclui as crenças sobre aquilo que um indivíduo pensa dos outros, e como sair vitorioso na conversa. Todo mundo tem um conjunto único de teorias e estilo de interação, que chamo de "dramas de controle". Acredito que esses "dramas" seguem um continuum que vai de muito passivo a muito agressivo.O COITADO DE MIMO mais passivo dos dramas de controle é a estratégia da vítima, ou o que chamo de Coitado de Mim. Nesse drama, a pessoa, em vez de competir diretamente pela energia, procura ganhar atenção e deferência manipulando o sentimento de solidariedade.Sempre podemos perceber quando entramos no campo de energia de um Coitado de Mim, porque somos imediatamente atraídos para um tipo de diálogo que nos tira do nosso centro de equilíbrio. Começamos a nos sentir culpados sem motivo algum, como se estivéssemos sendo colocados nesse papel pela outra pessoa. Ela tanto pode dizer: "Bem, ontem esperei o seu telefonema e você não telefonou", como "Tanta coisa horrível me aconteceu e você tinha desaparecido" . Pode até mesmo acrescentar: "Todas as outras coisas ruins que vão me acontecer e você provavelmente não estará por perto também."Essas frases podem ser adaptadas para uma ampla gama de assuntos, dependendo do tipo de relacionamento que temos com a pessoa. Se for um colega de trabalho, o conteúdo pode se referir à sobrecarga de trabalho que ele está suportando porque você não está ajudando; se se tratar de um mero conhecido, ele pode simplesmente começar a falar sobre ávida ruim que leva. Existem dezenas de variações, mas o tom e a estratégia básica são os mesmos - sempre um apelo à solidariedade e a afirmação de que de alguma forma você é responsável.A estratégia óbvia no drama do Coitado de Mim é nos desequilibrar e ganhar a nossa energia, criando em nós um sentimento de culpa ou dúvida. Ao assumirmos essa culpa, passamos a enxergar o mundo da outra pessoa através dos olhos dela, e de imediato ela sente a onda da nossa energia acrescentada à sua, e assim passa a se sentir mais segura.Lembre-se que esse drama é quase totalmente inconsciente. Ele nasce de uma visão pessoal do mundo e de uma estratégia para controlar os outros adotadas no início da infância.Para o Coitado de Mim, o mundo é um lugar onde não se pode contar com as pessoas para satisfazer suas necessidades de nutrição e bem-estar, e um lugar assustador demais para arriscar-se a perseguir essas necessidades direta ou positivamente.No mundo do Coitado de Mim, a única maneira de agir razoável é pedir simpatia através da culpa e de rejeições denunciadas.Infelizmente, por causa do efeito que essas crenças e intenções inconscientes têm sobre o mundo, muitas vezes o mesmo tipo de pessoas que o Coitado de Mim teme são exatamente aquelas que ele permite que entrem em sua vida. E os acontecimentos muitas vezes são traumatizantes. A resposta do universo é produzir exatamente o tipo de mundo que a pessoa espera, e desse modo o drama é um círculo vicioso e sempre acaba se justificando. Embora não se dê conta disso, o Coitado de Mim está preso numa armadilha sem saída.LIDANDO COMO COITADO DE MIMAo lidar com o Coitado de Mim, é importante nos lembrarmos de que o propósito do drama é adquirir energia. Temos que começar com a disposição de conscientemente doar energia ao Coitado de Mim enquanto conversamos com ele; esta é a maneira mais rápida de interromper o drama. (Enviar energia é um processo exato, que estudaremos no Capítulo 9.)Em seguida, devemos avaliar se a culpa é justificada ou não. Certamente haverá em nossa vida muitas ocasiões em que devemos nos preocupar por termos decepcionado alguém, ou nos solidarizar com uma pessoa em situação difícil. Mas essa necessidade deve ser determinada por nós, não por outrem; só nós podemos decidir quando e até que ponto temos a responsabilidade de ajudar alguém.Uma vez que tenhamos doado energia para o Coitado de Mim e determinado queestamos presenciando um drama em ação, o próximo passo é dar nome aos bois -isto é, fazer do próprio drama de controle o objeto da conversa. Ninguémconsegue sustentar um drama inconsciente se ele for alçado à consciência ecolocado em discussão. Isso pode ser feito com uma afirmação como: "Sabe, nestemomento estou com a impressão de que você acha que eu deveria me sentirculpado."Aqui devemos estar preparados para proceder com coragem, porque apesar deestarmos apenas procurando lidar honestamente com a situação, a outra pessoapode interpretar isso como rejeição. Nesse caso, a reação típica é: "É, eu sabiaque você não gostava de mim." Em outros casos, a pessoa pode se sentir ofendidae zangada.Na minha opinião, é muito importante apelar para a pessoa para que escute e dêprosseguimento ao diálogo. Mas isso só poderá dar certo se durante toda aconversa estivermos constantemente doando à pessoa a energia de que ela precisa.Acima de tudo, temos que perseverar, se desejamos melhorar a qualidade dorelacionamento. Na melhor das hipóteses, a pessoa vai nos escutar quandoexpusermos o seu drama, e vai conseguir abrir-se para um grau maior deautoconsciência.O DISTANTEUm drama de controle um pouco menos passivo é o do Distante. Quando começamos uma conversa e de repente percebemos que não estamos conseguindo obter uma resposta direta, constatamos que penetramos no campo energético de alguém que está usando esta estratégia. A pessoa com quem estamos conversando se mostra distante, desligada, misteriosa em suas respostas. Se lhe perguntamos sobre o seu passado, por exemplo, a resposta é um resumo vago, tal como: "Andei viajando por aí", sem mais especificações.Durante essa conversa, sentimos que temos que fazer uma pergunta suplementar, mesmo que se trate de um assunto bem simples. Teremos que dizer, talvez: "Viajando por onde?", e recebemos a resposta: "Por muitos lugares."Aí podemos discernir claramente a estratégia do Distante: criar constantemente em torno de si uma aura de vaguidão e mistério, forçando-nos a gastar muita energia garimpando informações que normalmente deveriam ser fornecidas de maneira casual. Quando fazemos isso, estamos intensamente concentrados no mundo da pessoa, olhando através dos olhos dela, esperando compreendê-la melhor, e assim estamos lhe dando a carga de energia que ela busca.Temos que nos lembrar, no entanto, de que nem todo mundo que se mostra vago ou se recusa a nos dar informações sobre si mesmo está utilizando o drama do Distante; a pessoa pode simplesmente desejar permanecer anônima por um motivo qualquer. Toda pessoa tem o direito à privacidade e a revelar aos outros apenas aquilo que desejar.Entretanto, utilizar essa estratégia de distanciamento para adquirir energia é algo muito diferente. Para o Distante, trata-se de um método de manipulação que procura nos atrair, no entanto nos mantém à distância. Se concluirmos que a pessoa simplesmente não deseja conversar conosco, por exemplo - e assim passamos a prestar atenção em outra coisa - muitas vezes o Distante voltará a interagir conosco, dizendo alguma coisa destinada a nos atrair de volta à interação, para que a energia possa continuar fluindo em sua direção.Como no caso do Coitado de Mim, essa estratégia vem de situações passadas. Em geral o Distante não conseguia comunicar-se livremente quando criança, pelo fato de isso ser ameaçador ou perigoso. Nesse ambiente, o Distante aprendeu a ser constantemente vago ao se comunicar com os outros e, ao mesmo tempo, encontra um modo de ser ouvido, para adquirir energia dos outros.Como no caso do Coitado de Mim, a estratégia do Distante é baseada num conjunto de teorias inconscientes a respeito do mundo. O Distante acredita que o mundo está cheio de pessoas a quem não se podem confiar informações pessoais; ele julga que a informação será usada contra ele mais tarde, ou servirá de base para críticas. E, como sempre, essas teorias irradiam-se do Distante e vão influenciar os tipos de acontecimentos que advirão, cumprindo a sua intenção inconsciente.LIDANDO COM O DISTANTEPara lidar de maneira eficaz com alguém que esteja usando o drama do Distante, temos que nos lembrar de começar por enviar energia; enviando uma energia de amor em vez de nos tornarmos defensivos, aliviamos a pressão que faz com que a manipulação continue. Sem essa pressão, podemos começar de novo, dando nome aos bois e fazendo do drama o assunto da conversa, para trazê-lo à consciência da outra pessoa.Como no caso anterior, podemos esperar uma entre duas reações. A primeira: o Distante pode fugir à conversa e cortar toda a comunicação. Naturalmente, isso é sempre um risco que deve ser corrido, porque dizer qualquer outra coisa seria continuar a fazer o jogo. Nesse caso, só podemos desejar que a nossa maneira direta de agir inicie um novo padrão que levará à autoconsciência.A outra reação do Distante pode ser continuar a conversa, mas negar estar usando o drama de controle do Distante. Nesse caso, como sempre, ternos que ponderar a verdade do que a pessoa está dizendo. No entanto, se tivermos certeza da nossa percepção, temos que nos manter firmes e continuar a dialogar com a pessoa. Esperamos que da conversa se estabeleça um novo padrão.O INTERROGADORUm drama de controle mais agressivo, que hoje permeia toda a sociedade moderna, é o do Interrogador. Nessa estratégia de manipulação, a pessoa usa a crítica para adquirir energia dos outros.Na presença de um Interrogador sempre temos a impressão distinta de que estamos sendo fiscalizados. Ao mesmo tempo, temos a sensação de que nos coube desempenhar o papel de uma pessoa inapta ou incapaz de cuidar da própria vida.Temos essa sensação porque o indivíduo com quem estamos interagindo nos puxou para uma realidade onde ele sente que a maioria das pessoas está cometendo erros enormes na vida, e que cabe a ele corrigir essa situação. O Interrogador pode dizer, por exemplo: "Sabe, você não se veste de maneira adequada para o seu tipo de trabalho", ou "Já percebi que você não limpa muito bem a sua casa". Com a mesma facilidade, a crítica poderia visar o nosso desempenho profissional, o modo como falamos ou uma ampla gama de características pessoais. Não faz diferença - qualquer coisa funcionará, contanto que a crítica nos desequilibre e nos deixe inseguros.A estratégia inconsciente do Interrogador é apontar alguma coisa sobre nós que nos desequilibre, na esperança de nos convencer da verdade dessa crítica para que adotemos a sua visão do mundo. Quando isso ocorre, começamos a enxergar a situação pelos olhos do Interrogador, e assim lhe passamos energia. A intenção do Interrogador é ser o juiz da vida das outras pessoas, de modo que, logo que o diálogo tem início, os outros imediatamente aceitem sua visão do mundo, fornecendo-lhe um fluxo regular de energia.Assim como os outros dramas, este surge de teorias projetadas. O Interrogador acredita que o mundo só será seguro ou organizado se ele estiver vigiando o comportamento e a atitude de todas as pessoas, e fazendo correções. Nesse mundo ele é o herói, o único que presta atenção e se encarrega de providenciar para que as coisas sejam feitas com cuidado e perfeição. Geralmente o Interrogador vem de uma família onde as figuras do pai e da mãe eram distantes ou não cuidavam das necessidades dele; na insegurança desse vazio energético, o Interrogador captava atenção e energia da única maneira possível: apontando erros e criticando o comportamento da família.Quando a criança cresce, carrega consigo essas teorias a respeito de como é o mundo e como são as pessoas, e essas teorias por sua vez criam esse tipo de realidade na vida do Interrogador.LIDANDO COM O INTERROGADORLidar com o Interrogador é uma questão de manter-se suficientemente centrado para lhe fazer ver como estamos nos sentindo em sua presença. Também aqui o segredo é não assumir uma postura defensiva, e enviar energia de amor, enquanto explicamos que ele nos faz sentir vigiados e criticados.Também o Interrogador poderá ter várias reações diferentes. Primeiro, pode negar ter o hábito de criticar, mesmo diante de exemplos. Mais uma vez, precisamos considerar a possibilidade de estarmos equivocados, ouvindo críticas onde elas não existiram. Se, por outro lado, temos certeza dessa percepção, então podemos apenas expressar a nossa posição, esperando que possa surgir um diálogo verdadeiro.Outra reação que o Interrogador poderá ter é virar a mesa e nos acusar de excessivamente críticos; se isso acontecer, precisamos avaliar se essa acusação é verdadeira. No entanto, se temos certeza de que isso não é verdade, devemos voltar a conversar sobre a sensação que experimentamos na sua presença.Uma terceira reação que o Interrogador poderá ter é questionar se as críticas são válidas e precisam ser feitas, e nos acusar de estarmos evitando olhar para os nossos próprios defeitos.Mais uma vez, temos que ponderar a verdade dessa afirmação, mas, se tivermos a certeza da nossa posição, poderemos citar vários exemplos de que as críticas do Interrogador foram desnecessárias ou feitas de maneira errada.Todos nós enfrentamos situações em que sentimos que os outros estão fazendo alguma coisa que não parece ser em seu benefício. Podemos sentir que devíamos intervir e apontar o erro; o essencial é o modo como intervimos. Acho que devemos procurar fazer afirmações neutras, tais como: "Se os meus pneus estivessem carecas assim, eu compraria novos", ou: "Quando estive nessa situação, larguei o emprego antes de arranjar outro e me arrependi". Há maneiras de intervir que não arrancam a pessoa de seu ponto de vista, nem minam a sua confiança como faz o Interrogador, e essa diferença lhe deve ser explicada. Também aqui, pode ser que a pessoa rompa o relacionamento em vez de escutar o que estamos dizendo, mas este é um risco que temos que correr para sermos fiéis à nossa experiência.O INTIMIDADORO drama de controle mais agressivo é a estratégia do Intimidador. Podemos perceber que entramos no campo energético de tal pessoa porque não apenas nos sentimos exaustos ou constrangidos; sentimo-nos ameaçados, talvez até mesmo em perigo. O mundo se torna sinistro, ameaçador, descontrolado. A pessoa que utiliza essa estratégia dirá e fará coisas que sugerem que, a qualquer momento, ela poderá explodir de raiva ou tornar-se violenta. Ela pode narrar casos em que feriu outras pessoas, ou demonstrar a extensão da sua raiva quebrando móveis ou arremessando coisas.A estratégia da pessoa intimidadora é ganhar a nossa atenção e assim a nossa energia, criando um ambiente em que nos sentimos tão ameaçados, que lhe damos toda a nossa atenção: quando alguém nos dá a impressão de que pode perder o controle ou fazer algo perigoso, nós fazemos questão de observá-la atentamente.Se estamos conversando com uma pessoa assim, geralmente evitamos discutir o ponto de vista dela. Naturalmente, quando olhamos nos olhos dela, tentando discernir (para a nossa própria segurança) o que ela poderá fazer, ela recebe a carga de energia de que necessita tão desesperadamente.Esta estratégia de intimidação geralmente tem origem num passado de severa carência energética, mais comumente envolvendo relacionamentos com outros Intimidadores que são dominadores e abusados, e onde nenhuma outra estratégia para recuperar a energia iria funcionar. Não adiantaria prender as pessoas na armadilha do Coitado de Mim - ninguém se importa. Certamente tampouco vão perceber se a pessoa estiver bancando o Distante. E qualquer tentativa de ser um Interrogador é recebida com raiva e hostilidade. A única solução é suportar a falta de energia até ser suficientemente grande para que a pessoa seja, por sua vez, um Intimidador. O mundo que o Intimidador enxerga é um mundo de violência e hostilidade; um mundo no qual cada pessoa está perdida num supremo isolamento, onde todos rejeitam e ninguém se importa - e é exatamente isso que essas teorias trazem para a vida do Intimidador.LIDANDO COM O INTIMIDADORO confronto com o Intimidador é um caso à parte. Por causa do perigo, na maioria dos casos, é melhor simplesmente manter distância. Se existe um longo relacionamento com o Intimidador, em geral o melhor a fazer é colocar a situação nas mãos de um profissional. O plano de ação terapêutico, naturalmente, é bem parecido com os dos outros dramas. O sucesso com esse tipo de pessoa exige que lhe seja dada a sensação de segurança; é preciso transmitirlhe energia de apoio e fazer com que tome consciência da realidade do seu drama. Infelizmente há muitos Intimidadores por aí que não recebem ajuda e vivem em estados alternados de medo e raiva.Muitas dessas pessoas terminam às voltas com a Justiça, e certamente é sensato mantêlas fora da sociedade. Mas um sistema que as mantém presas sem qualquer intervenção terapêutica e depois torna a libertá-las não compreende nem alcança a raiz do problema. SUPERANDO O NOSSO DRAMA DE CONTROLETodos nós escutamos, ao longo da vida, queixas dos outros a respeito dos nossos padrões de comportamento. A tendência humana é ignorar ou racionalizar essas queixas para poder prosseguir com o estilo de vida escolhido. Mesmo hoje, que o conhecimento dos hábitos e roteiros autodestrutivos está se tornando uma parte maior da consciência humana, achamos muito difícil enxergar o nosso comportamento pessoal de maneira objetiva.No caso de dramas de controle graves em que a pessoa tenha procurado ajuda profissional, as reações de crise podem desfazer anos de progresso e crescimento na terapia quando os velhos padrões, que se julgavam superados, reaparecem.Aliás, uma das mais recentes revelações entre os terapeutas profissionais é que o verdadeiro progresso exige mais do que a catarse que ocorre durante a exploração pessoal dos traumas da primeira infância.Agora sabemos que para acabar com essas tentativas inconscientes de adquirir energia e segurança precisamos nos concentrar na base existencial - mais profunda - do problema, e enxergar além da visão intelectual para ganhar acesso a uma nova fonte de segurança, que poderá funcionar independentemente das circunstâncias externas.Estou me referindo aqui a um tipo diferente de catarse - aquele que ao longo da História os místicos apontam, e do qual cada vez mais ouvimos falar. Sabendo o que sabemos sobre as disputas de energia na sociedade humana, o nosso desafio é nos examinarmos atentamente, para que possamos identificar o nosso conjunto particular de teorias e as intenções que constituem o nosso drama, e encontrar outra experiência que nos permita a abertura para a nossa energia interior.A EXPERIÊNCIA MÍSTICAA idéia da experiência mística começou sua viagem para o inconsciente coletivo da cultura ocidental no final da década de 50, principalmente como resultado da popularização das tradições orientais - hindus, budistas e taoístas - levada a cabo por escritores e pensadores como Carl Jung, Alan Watts e D. T. Suzuki. Essa disseminação continuou nas décadas seguintes com uma infinidade de obras,inclusive as de Paramahansa Yogananda, J. Krishnamurti e Ram Dass, todos eles afirmando a existência de um encontro interior místico que pode ser vivido individualmente.Durante essas mesmas décadas, um grande público passou a interessar-se pela rica tradição espiritual esotérica que possuímos também no Ocidente. Os pensamentos de São Francisco de Assis, Meister Eckhart, Emanuel Swedenborg e Edmund Bucke mereceram atenção, porque esses pensadores, como os místicos orientais, afirmavam a existência da transformação interior.Acredito que tenhamos finalmente chegado a um ponto em que a idéia de uma experiência pessoal transcendental - chamada também de iluminação, nirvana, satori, transcendência e consciência cósmica- alcançou um significativo nível de aceitação, tornando-se parte integral da nossa nova consciência espiritual. Como cultura, começamos a aceitar os encontros místicos como algo real e ao alcance de todos os seres humanos.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

...as galáxias e eu...

50 BILHÕES DE GALÁXIAS E EU-
Affonso Romano de Sant'anna.
Dizem-nos que os astrônomos descobriram que em vez de dez bilhões, existem 50 bilhões de galáxias. E isto dito como se eu tivesse alguma noção da grandeza anterior, daqueles dez bilhões. Começo a revirar papéis e a memória para saber onde é que foi que li algo sobre quantas estrelas existem numa galáxia. Não encontro. Descubro que elas viajam por aí a uma velocidade de 300 quilômetros por segundo.
Também fico sabendo que para atravessar uma galáxia, umazinha que seja, são necessários mil anos-luz. Se um ano-luz tem nove trilhões de quilômetros quadrados, é só botar no papel e calcular; no papel, porque nenhuma máquina de calcular é suficiente. Isto feito vamos calcular então quanto tempo seria necessário para atravessar essas 50 bilhões de galáxias?
E se dentro de dois anos descobrirem que existem 200 bilhões de galáxias?
Em 1989, portanto, apenas ontem, noticiaram que havia por aí afora apenas uma simples muralha de galáxias - claro que não consegui entender isto. E até 1920 havia quem acreditasse que a Via Láctea era o centro do Universo.
Mas, para nosso espanto recente, Andrei Sakarov em 1988 falava que era possível pensar que existem outros universos.
Por isto, lhe digo: eu estou preparado para tudo. Para ler, por exemplo, numa manhã dessas, que uma equipe de astronautas acabou dando de cara com Deus.
Para isto não precisavam ir tão longe. Bastava olhar os insetos em nosso gramado ou a dança dos genes ou das bactérias no interior do nosso organismo, mesmo do mais ordinário criminoso, para que o que estava no infinitamente grande, num jogo de espelhos, se refletisse no infinitamente pequeno, como já intuíam os filósofos de antanho.
Gostaria muito de estar vivo no dia em que desembarcássemos em outro planeta e ali descobríssemos seres inteligentes, se possível, mais inteligentes que nós. Imagino-os, em entrevistas interestelares, explicando coisas comezinhas que até então não entendíamos, como essa história de que a gente tem alma, ou o que é afinal a eternidade, ou o tempo, essa coisa que existe e não existe.
No entanto, não gostaria e até lamentaria muitíssimo se, ao contrário, desembarcando em outro planeta, descobrissem comunidades mais primitivas que nós. Já se sabe no que ia dar: Iríamos tratá-los como índios kraian-a-kores e ficaríamos com a síndrome dos irmãos Villas-Boas vendo-os serem destruídos e conspurcados por nossa cultura; e, em breve, esses seres de outro mundo estariam tomando nossas bebidas e usando jeans. E infelizes.
O que me impressiona é que a descoberta de mais de 40 bilhões de galáxias não alterou em nada nosso cotidiano. Jogam-nos na cara uma notícia dessas, a ouvimos displicentemente, como se houvéssemos escutado que "a safra de soja este ano bateu novo recorde" ou "ontem choveu muito". Escutamos a notícia e ficamos metafísicos, no máximo, por dez segundos. E logo 50 bilhões de galáxias com seus cinco quatrilhões de estrelas foram obnubiladas pelo preço da abóbora a dez centavos ou do frango a 99 centavos.
O certo, no entanto, era a Organização das Nações Unidas (ONU) ter decretado um feriado universal para a gente passar a noite inteira, na praia ou nas sacadas, nas montanhas ou nos terraços, pensando nessa informação. Preferia que o pessoal que fica apitando na praia para avisar aos fumantes de maconha que a polícia vem aí, que eles apitassem por essas galáxias, 50 bilhões de vezes.
No dia seguinte à informação sobre a descoberta de tantos mundos, no trabalho, no entanto, não vi ninguém comentar o feito. Um gol de Túlio*, provoca mais estremecimento. E o drama de uma só estrela como Vera Fischer move-nos mais que 50 bilhões de galáxias.
Na favela ao lado, pensei que estavam comemorando a descoberta. Achei estranho o horário para a celebração: uma e meia da manhã. É quando se vê talvez melhor o céu. Mas não era celebração. Balas luminosas, como minúsculos cometas, saíam do morro na direção dos policiais e iam se perder em outras órbitas. Em uma guerra, e não era nas estrelas.
Que ministro interrompeu a reunião para ponderar sobre as 50 bilhões de galáxias?
Quem na bolsa de valores aquilatou isto?
Que chofer de táxi conversou com a madame sobre esse assombro?
Que burocrata deixou de carimbar documentos que fosse, para mostrar seu pasmo?
No entanto, o céu ficou maior. Bem maior. Deram-nos de presente um enigma interminável. Minhas interrogações se ampliaram 50 bilhões de vezes.
Por isto, agora sou um homem diferente na galáxia de meus mínimos interesses. Além de algumas lembranças incrustadas em meus sentidos e além de meia dúzia de intenções na vida, agora transporto 50 bilhões de galáxias nos olhos.
Aliás, nem precisava tanto. Bastavam essas duas velas consumindo-se na própria luz sobre essa mesa de jantar no terraço onde recordo o que amei e a quem amo.
A noite, dentro e fora de mim, tornou-se interminavelmente luminosa.

Affonso Romano de Sant´anna é um dos maiores escritores deste país.

domingo, 7 de junho de 2009

Abnegação-Momento Espírita.

A evolução espiritual é um fenômeno bastante complexo, que se dá em sucessivas fases. No começo, predomina a natureza corpórea. Dominada pelos instintos, a criatura dedica seu tempo e seu interesse a atividades comezinhas. Comer, vestir-se, abrigar-se, procriar e cuidar da prole, eis a que se resumem suas preocupações. Nesse período, o egoísmo é marcante. Os instintos de conservação da vida e da preservação da espécie têm absoluta preponderância. Com o tempo, o ser começa a desvincular-se de sua origem. A inteligência se desenvolve, o raciocínio se sofistica e o senso moral desabrocha. As invenções tornam possível gastar tempo com questões não diretamente ligadas à sobrevivência. Viver deixa de ser tão difícil, sob o prisma material. Em compensação, começam os dilemas morais. Com a razão desenvolvida, a responsabilidade surge forte nos caminhos espirituais. O que antes era admissível passa a ser um escândalo. A sensibilidade se apura e a criatura aspira por realizações intelectuais e afetivas. Essa nova sensibilidade também evidencia que o próximo é seu semelhante, com igual direito a ser feliz e realizado. Gradualmente se evidencia a igualdade básica entre todos os homens. Malgrado possuidores de talentos e valores diversos, não se distinguem no essencial. Uma chama divina os anima e a todos conduzirá aos maiores cimos da evolução. Contudo, o abandono dos hábitos toscos das primeiras vivências não é fácil. Séculos são gastos na árdua tarefa de domar vícios e paixões. As encarnações se sucedem enquanto o Espírito luta para ascender. O maior entrave para a libertação das experiências dolorosas é o egoísmo, que possui forte vínculo com o apego às coisas corpóreas. Quanto mais se aferra aos bens materiais, mais o homem demonstra pouco compreender sua natureza espiritual. O Espírito necessita libertar-se do apego a coisas transitórias. Apenas assim ele adquire condições de viver as experiências sublimes a que está destinado. Quem deseja sair do primitivismo deve combater o gosto pronunciado pelos gozos da matéria. O melhor meio para isso é praticar a abnegação. Trata-se de uma virtude que se caracteriza pelo desprendimento e pelo desinteresse. A ação abnegada importa na superação das tendências egoístas do agente. Age-se em benefício de uma causa, pessoa ou princípio, sem visar a qualquer vantagem ou interesse pessoal. Certamente não é uma virtude que se adquire a brincar. Apenas com disciplina e determinação é que ela se incorpora ao caráter. Mas como ninguém fará o trabalho alheio, é preciso principiar em algum momento. Comece, pois, a praticar a abnegação. Esforce-se em realizar uma série de atitudes com foco no próximo. Esqueça a sua personalidade e pense com interesse no bem alheio. Esse esforço inicial não tardará a dar frutos. O gosto pelo transitório lentamente o abandonará. Ele será substituído pelos prazeres espirituais. Você descobrirá a ventura de ser bondoso, de amparar os caídos e de ensinar os ignorantes. Esses gostos suaves e transcendentes o conduzirão a esferas de sublimes realizações. Pense nisso.
Redação do Momento Espírita.

sábado, 6 de junho de 2009

DOUTORAS!

Certo dia, uma mulher chamada Anne foi renovar a sua carteira de motorista.
Quando lhe perguntaram qual era a sua profissão, ela hesitou. Não sabia bem como se classificar.
O funcionário insistiu: O que eu pergunto é se tem um trabalho.
Claro que tenho um trabalho, exclamou Anne. Sou mãe.
Nós não consideramos isso um trabalho. Vou colocar dona de casa, disse o funcionário friamente.
Uma amiga sua, chamada Marta, soube do ocorrido e ficou pensando a respeito por algum tempo.
Num determinado dia, ela se encontrou numa situação idêntica. A pessoa que a atendeu era uma funcionária de carreira, segura, eficiente.
O formulário parecia enorme, interminável.
A primeira pergunta foi: Qual é a sua ocupação?
Marta pensou um pouco e sem saber bem como, respondeu:
Sou doutora em desenvolvimento infantil e em relações humanas.
A funcionária fez uma pausa e Marta precisou repetir pausadamente, enfatizando as palavras mais significativas.
Depois de ter anotado tudo, a jovem ousou indagar:
Posso perguntar o que é que a senhora faz exatamente?
Sem qualquer traço de agitação na voz, com muita calma, Marta explicou:
Desenvolvo um programa a longo prazo, dentro e fora de casa.
Pensando na sua família, ela continuou: Sou responsável por uma equipe e já recebi quatro projetos. Trabalho em regime de dedicação exclusiva. O grau de exigência é de 14 horas por dia, às vezes até 24 horas.
À medida que ia descrevendo suas responsabilidades, Marta notou o crescente tom de respeito na voz da funcionária, que preencheu todo o formulário com os dados fornecidos.
Quando voltou para casa, Marta foi recebida por sua equipe: uma menina com 13 anos, outra com 7 e outra com 3.
Subindo ao andar de cima da casa, ela pôde ouvir o seu mais novo projeto, um bebê de seis meses, testando uma nova tonalidade de voz.
Feliz, Marta tomou o bebê nos braços e pensou na glória da maternidade, com suas multiplicadas responsabilidades. E horas intermináveis de dedicação.
Mãe, onde está meu sapato? Mãe, me ajuda a fazer a lição? Mãe, o bebê não para de chorar. Mãe, você me busca na escola?
Mãe, você vai assistir a minha dança? Mãe, você compra? Mãe...
Sentada na cama, Marta pensou: Se ela era doutora em desenvolvimento infantil e em relações humanas, o que seriam as avós?
E logo descobriu um título para elas: :Doutoras-sênior em desenvolvimento infantil e em relações humanas.
As bisavós, Doutoras executivas sênior.
As tias, doutoras-assistentes.
E todas as mulheres, mães, esposas, amigas e companheiras: Doutoras na arte de fazer a vida melhor.
* * *
No mundo em que os títulos são importantes, em que se exige sempre maior especialização, na área profissional, torne-se especialista na arte de amar.
Como excelente mestra, ensine aos seus filhos, através do seu exemplo, a insuperável arte de expressar sentimentos.
Ensine a difícil arte de interpretação de choro de bebê e de secar lágrimas de adolescente.
Exemplifique a renúncia, a paciência e a diplomacia. E colha, vitoriosa, ao final de cada dia, os louros do seu esforço nos abraços dos seus filhos e na espontaneidade de suas manifestações de afeto.
Redação do Momento Espírita, com base em texto de autoria ignorada.Em 28.05.2009.