A paixão tem raízes na atração física.O amor se funda na afinidade espiritual.A paixão é satisfação dos sentidos.O amor é compreensão fraterna.A paixão é doença da alma.O amor é compromisso afetivo.A paixão é expressão do egoísmo.O amor é doação recíproca.A paixão é vício.O amor é virtude.A paixão aprisiona.O amor liberta.A paixão adoece.O amor cura.A paixão destrói.O amor constrói.A paixão enlouquece.O amor enobrece e dignifica.A paixão é coisa da Terra.O amor é coisa de Deus.Paixão é escravidão mental de um ser exercida sobre o outro, comumente marcada pela intransigência, indiferença e desejo de aprisionamento emocional.O amor traduz-se em renúncia, confiança recíproca, respeito mútuo e elevação da alma.A paixão carece apenas da conjunção de interesses comuns para a satisfação dos desejos carnais, bem como das necessidades físicas e materiais, sem qualquer outro objetivo digno de nota.Amar, entretanto, demanda cuidados efetivos de um ser pelo bem estar físico, emocional e espiritual do outro com o nítido propósito de progresso conjunto.Por onde a paixão passa sobram rastros de dor, tristeza e arrependimento posterior.O amor transita em plano mais elevado. Perdura no tempo qual o perfume das flores que enfeitam os jardins da vida.A paixão necessita da presença física do ser desejado.O amor, todavia, por suas características celestes, dispensa tal materialização.Os senhores da guerra foram extremamente apaixonados pelo mundo. A seu tempo, enlouquecidos em nome da paixão, o destruíram, ceifando inúmeras vidas...
Jesus, no entanto, amou intensamente ao mundo, renunciando a si mesmo até que, em nome do amor, perdeu a própria vida numa cruz infame. Bem por isso, seus princípios imortais transformaram as concepções humanas então vigentes. Ainda hoje, ultrapassados mais de dois mil anos da sua chegada ao planeta, o seu incomensurável amor ilumina a Terra!
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
Mulher velha e sábia-A,Bellotil
O que será que assusta tanto na imagem da mulher velha? A resposta mais óbvia seria: o medo da morte. Por trás do cabelo branco, das rugas, das marcas da vida, se esconde o pavor do final. Parece lógico. Mas, homens de cabelo branco -- e se tiverem barbas brancas ainda melhor - evocam imagens de sábios. Que imagens estão por trás da figura da Anciã, da Velha?
Era uma vez uma época em que as mulheres velhas eram poderosas. Quer ouvir essa história? Então vou pegar o livro A Velha, de Bárbara G. Walker e contar para você.
A Velha era parte de uma trindade feminina que incluía a Virgem, a Mãe e a Anciã. Ou, nas palavras de Bárbara Walker: a Criadora, a Preservadora e a Destruidora. Para nossos longínquos antepassados o universo era o filhote sempre renovado de uma superdivindade feminina primordial, a Grande-Mãe, ao mesmo tempo senhora da vida e da morte. Todas as intuições primitivas sobre o ser feminino estavam contidas dentro dela.
Com o tempo, essas imagens foram ganhando autonomia, dividindo-se ou desdobrando-se. As deusas Hebe, Hera e Hecate, da Grécia, por exemplo, eram, provavelmente, rostos diferentes de uma só divindade, que explodiu em algum momento da história em milhares de fragmentos. Hebe seria lembrada como a personificação da juventude e Hera, permaneceria para sempre a esposa de Zeus e senhora do Olimpo. Mas Hécate continuaria a personificar o desconhecido, eternamente ligada ao mundo das sombras, tão poderosa que o próprio Zeus não mexia com ela.
Tão antiga é a figura de Hécate que em outras versões do seu mito ela aparece associada com Ártemis, a deusa-donzela que domestica as forças selvagens da natureza e com Selene, a deusa-mulher da Lua. Os homens recorriam à Hécate para pedir graças, como riquezas e vitórias. Dizia-se que era ela que tornava os peixes abundantes ou fazia o gado definhar e morrer. Hécate é a senhora das artes mágicas e aparece aos magos e feiticeiras com um archote na mão ou como animal. Ainda mais interessante: seu reino é nas encruzilhadas, os lugares onde os mundos se encontram e onde se abrem os portais que permitem aos seres humanos passar de um lado para outro. Hécate guarda em si mesma a antiga trindade feminina e surge como uma mulher com três cabeças ou três corpos.
Talvez a Velha seja uma filha natural de Hécate, incrustada na nossa memória. Lembrança de um tempo em que vivíamos em maior harmonia com os ciclos da Natureza e a morte era uma aventura, cheia de mistérios. A Anciã traz a morte dentro de si e é a rainha absoluta da escuridão e do mistério. É ela que espera, no final da linha, para acolher tudo que vive em seu útero. E nessa escuridão úmida, ela recicla sem descanso nem tristeza o Universo.
Segundo Bárbara Walker, a Velha era o mais temido aspecto da trindade feminina e o mais poderoso. Nas sociedades pré-cristãs, as mulheres velhas eram encarregadas de infindáveis rituais religiosos, eram parteiras, médicas, curandeiras e possuíam o conhecimento acumulado que as tornava mestras em assuntos tão variados como o cuidado dos bebês e a forma correta de preparar os que iam morrer. De fato, ao longo da história, se a medicina era assunto dos homens, o cuidado dos doentes, das mulheres que iam dar a luz e das crianças, tradicionalmente era uma tarefa feminina, mais ainda, tarefa das "mulheres mais velhas", coisa de avó.
E é a Avó que nos pega pela mão e nos faz ver um outro lado da Velha terrível, amiga da morte: a Velha sábia e grande contadora de histórias. Bárbara Walker conta que a palavra "saga", que originalmente se referia às canções nórdicas que relatavam assuntos lendários, literalmente quer dizer "aquela que fala" ou "a sábia". As sagas da Escandinávia eram histórias sagradas que foram preservadas porque as sagas ou velhas sábias sabiam escrever em runas. Os homens nórdicos, aparentemente, estavam sempre tão ocupados com as guerras que, em geral, eram analfabetos. Curiosamente, em latim, a palavra "saga", acabou virando sinônimo de bruxa ou feiticeira.
Criadora, destruidora, sábia, bruxa, as histórias da Velha são incontáveis e, você sabe, não precisam ter acontecido "de verdade" para "ser verdade". Como outros tantos símbolos, imagens assim moram dentro de nós. Resta descobri-las e, quem sabe, conversar com elas de vez em quando.
Adilia Belotti
Era uma vez uma época em que as mulheres velhas eram poderosas. Quer ouvir essa história? Então vou pegar o livro A Velha, de Bárbara G. Walker e contar para você.
A Velha era parte de uma trindade feminina que incluía a Virgem, a Mãe e a Anciã. Ou, nas palavras de Bárbara Walker: a Criadora, a Preservadora e a Destruidora. Para nossos longínquos antepassados o universo era o filhote sempre renovado de uma superdivindade feminina primordial, a Grande-Mãe, ao mesmo tempo senhora da vida e da morte. Todas as intuições primitivas sobre o ser feminino estavam contidas dentro dela.
Com o tempo, essas imagens foram ganhando autonomia, dividindo-se ou desdobrando-se. As deusas Hebe, Hera e Hecate, da Grécia, por exemplo, eram, provavelmente, rostos diferentes de uma só divindade, que explodiu em algum momento da história em milhares de fragmentos. Hebe seria lembrada como a personificação da juventude e Hera, permaneceria para sempre a esposa de Zeus e senhora do Olimpo. Mas Hécate continuaria a personificar o desconhecido, eternamente ligada ao mundo das sombras, tão poderosa que o próprio Zeus não mexia com ela.
Tão antiga é a figura de Hécate que em outras versões do seu mito ela aparece associada com Ártemis, a deusa-donzela que domestica as forças selvagens da natureza e com Selene, a deusa-mulher da Lua. Os homens recorriam à Hécate para pedir graças, como riquezas e vitórias. Dizia-se que era ela que tornava os peixes abundantes ou fazia o gado definhar e morrer. Hécate é a senhora das artes mágicas e aparece aos magos e feiticeiras com um archote na mão ou como animal. Ainda mais interessante: seu reino é nas encruzilhadas, os lugares onde os mundos se encontram e onde se abrem os portais que permitem aos seres humanos passar de um lado para outro. Hécate guarda em si mesma a antiga trindade feminina e surge como uma mulher com três cabeças ou três corpos.
Talvez a Velha seja uma filha natural de Hécate, incrustada na nossa memória. Lembrança de um tempo em que vivíamos em maior harmonia com os ciclos da Natureza e a morte era uma aventura, cheia de mistérios. A Anciã traz a morte dentro de si e é a rainha absoluta da escuridão e do mistério. É ela que espera, no final da linha, para acolher tudo que vive em seu útero. E nessa escuridão úmida, ela recicla sem descanso nem tristeza o Universo.
Segundo Bárbara Walker, a Velha era o mais temido aspecto da trindade feminina e o mais poderoso. Nas sociedades pré-cristãs, as mulheres velhas eram encarregadas de infindáveis rituais religiosos, eram parteiras, médicas, curandeiras e possuíam o conhecimento acumulado que as tornava mestras em assuntos tão variados como o cuidado dos bebês e a forma correta de preparar os que iam morrer. De fato, ao longo da história, se a medicina era assunto dos homens, o cuidado dos doentes, das mulheres que iam dar a luz e das crianças, tradicionalmente era uma tarefa feminina, mais ainda, tarefa das "mulheres mais velhas", coisa de avó.
E é a Avó que nos pega pela mão e nos faz ver um outro lado da Velha terrível, amiga da morte: a Velha sábia e grande contadora de histórias. Bárbara Walker conta que a palavra "saga", que originalmente se referia às canções nórdicas que relatavam assuntos lendários, literalmente quer dizer "aquela que fala" ou "a sábia". As sagas da Escandinávia eram histórias sagradas que foram preservadas porque as sagas ou velhas sábias sabiam escrever em runas. Os homens nórdicos, aparentemente, estavam sempre tão ocupados com as guerras que, em geral, eram analfabetos. Curiosamente, em latim, a palavra "saga", acabou virando sinônimo de bruxa ou feiticeira.
Criadora, destruidora, sábia, bruxa, as histórias da Velha são incontáveis e, você sabe, não precisam ter acontecido "de verdade" para "ser verdade". Como outros tantos símbolos, imagens assim moram dentro de nós. Resta descobri-las e, quem sabe, conversar com elas de vez em quando.
Adilia Belotti
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