De acordo com os cientistas da IPCC - FORUM MUNDIAL DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS de 2 de fevereiro de 2008, a humanidade consome hoje 30% a mais de recursos naturais do que o limite que deveria estar sendo consumido para não desiquilibrarmos o sistema de auto-regulagem da Terra. Isto é uma realidade que favorece ao caos. A Terra está já num processo de aquecimento que está tendo consequências climáticas drásticas em todos os continentes. De acordo com o relatório sobre o estado da Terra – The State of Environment Atlas – dos Estados Unidos, se continuarmos neste processo, até meados do século XXI mais da metade dos seres vivos do planeta terão desaparecido definitivamente. Então chegamos no momento crítico do 'ou muda ou racha!' Apesar de observarmos um aumento rápido de pessoas e organizações em volta do planeta lutando pela mundança, também observamos que a maioria dos governantes e pessoas físicas preferem ignorar esta urgência e se alienar. É necessário que cada um de nós que esteja vendo um vislumbre desta oportunidade que nos está sendo dada neste momento para finalmente amadurecermos e passarmos como espécie humana para uma etapa mais evoluída, se engaje conscientemente na campanha: Salve a Vida! É nossa oportunidade de finalmente escolhermos a maturidade. Mas isto não vai acontecer se estivermos com os nossos braços cruzados esperando que 'eles' façam por nós. É imprescindível que cada um de nós dê um passo decisivo nesta direção. É urgente que cada um de nós seja um agente consciente para a mudança: precisamos sair da adolescência, é hora de aceitarmos a nossa maior idade. Precisamos assumir que somos ADULTOS responsáveis! Chega de brincar, esta brincadeira auto-destrutiva de adolescentes inconsequentes e irresponsáveis! Chega de competição e de concorrência! Não adianta colocarmos a culpa nos sistemas, nos governos, nas secretarias, no pai, na mãe, no vizinho, no passado, nos corruptos, nos ladrões, nas mudanças climáticas, nas faltas de...tempo, dinheiro, amor, atenção, moradia...Cada um de nós é responsável pela crise que estamos vivendo, tanto como indivíduos como quanto humanidade. COMO SOMOS RESPONSÁVEIS? Somos responsáveis quando nos alienamos de nós mesmos, escolhendo buscar fora o que já temos desde que nascemos dentro da gente mesmo. Quando vivemos no futuro ao invés de apreciarmos o momento presente. Quando nos deixamos controlar pelos nossos desejos incontroláveis de ter, de poder, de estar... Somos responsáveis quando nos deixamos acreditar que a felicidade está em sermos mais ricos, mais bonitos, mais jovens, mais amados, mais famosos, mais informados, mais poderosos. Somos responsáveis quando nos deixamos seduzir pelo nosso corpo de desejos para comprar o novo modelito de carro, a nova roupa, o novo brinquedo, o novo aparelho eletrônico, o novo MP9, a nova máquina digital, o novo computador super Giga Bite para substituir o atual que compramos há apenas dois anos atrás, a construir a nova casa, a reformar as construções que ainda estão muito boas, pois PRECISAMOS de uma aparência mais de acordo, porque acreditamos que PRECISAMOS, porque sem estas parafernálias talvez não sobrevivamos. Somos responsáveis quando vamos ao supermercado e compramos a parafernália industrializada que é distribuída com rótulos de alimentos (como se fossem alimentos) embalados em uma infinidade de plásticos e outras embalagens que não são bio-degradáveis, e que vão terminar num lixão qualquer da cidade, ou nos rios, nos mares, nas florestas, sufocando os animais silvestres e marinhos. Somos responsáveis quando compramos e consumimos frango de granja e carne de gado cheios de antibióticos e de hormônios para crescer mais rápido, animais assassinados de forma brutal pelos seres humanos (que deveriam ser punidos por crime a sangue frio), e criados em pastos que substituíram nossas florestas, verduras e frutas intoxicadas com agrotóxicos, água engarrafada em PVC, coca-cola, cerveja, cigarros, drogas que são distribuídas por uma máfia planetária que dissemina o crime e a dependência dos adolescentes. Somos responsáveis quando continuamos intoxicando nossas células que vão se tornando degenerativas...sem o menor questionamento, sem exigir mudanças dos produtores da cadeia alimentar e sem tomarmos uma atitude. E então, nos entupimos de remédios mentirosos fabricados por laboratórios multinacionais, para remediar os estragos feitos pelos nossos desvios alimentares, pela poluição que criamos em nossas águas, no ar, pela destruição de nossas florestas, extinção de tantas espécies, ao invés de procurarmos informações sobre como melhor alimentar nosso corpo físico e como nos reequilibrarmos usando as ervas naturais encontradas em nosso meio ambiente, como faziam nossos ancestrais. Ou ainda como usar o poder de nossa mente para a cura. Somos responsáveis quando aceitamos que todas estas parafernálias que adquirimos sejam embrulhadas em mais embalagens supérfluas, que vamos jogar para todo lado...transplantando a natureza por uma artificialidade nefasta! Somos responsáveis quando gastamos mais água do que precisamos para lavar nossos corpos, nossos carros, nossas casas, nossas calçadas, aguamos nossos jardins exóticos compostos de plantas que nunca se adaptam ao ambiente onde foram implantadas. Tudo isto porque PRECISAMOS de nos aparentar limpos, chics, ricos, importantes... Somos responsáveis quando insistimos em termos babás, escravos, esposas, mães para limpar nossa sujeira: limpar nossas casas, lavar nossas roupas, nossos pratos, jogar fora nossos restos de comida, catar os papéis, garrafas pet, e descartáveis que jogamos por toda parte, varrer nossas ruas, limpar nossas florestas e rios – sob o pensamento 'afinal de contas eles não estudaram tanto como nós e não podem conseguir emprego melhor do que simples garis, babás, escravos' ou porque seja a obrigação delas. Além do mais, somos tão bonzinhos em oferecer trabalho para eles quando existe tanta gente desempregada pelo planeta. E assim temos essa atitude de desleixo, de preguiça e até mesmo quando vamos a um Forum SocioAmbiental Mundial para discutir mudanças de paradigmas, esperamos que alguém cate o lixo que nós produzimos, limpe as mesas e recolha nossos pratos descartáveis com os nossos restos de comida. Não que ter empregado seja errado, mas os empregados não são escravos, as mães e esposas não são escravas, cada um DEVE fazer a sua parte. Chamamos isto de 'cooperação'. Somos responsáveis guando julgamos que nada é nossa responsabilidade, afinal de contas não existem lixeiras suficientes para colocarmos todos os lixos materiais que pessoalmente produzimos. E devemos também considerar aqui os lixos psicológicos que criamos todos os dias com nossos pensamentos destrutivos, medrosos, negativos, com as palavras malcriadas que trocamos com os nossos irmãos de espécie no trânsito, nas calçadas, no trabalho, nas nossas casas. Sim, existe uma guerra em Israel, no Iraque no escambal...mas não estamos também em guerra no nosso dia a dia, com nós mesmos, com os outros, com os objetos que usamos, com o meio onde vivemos, com nossas atitudes egóicas, gritando uns com os outros, sendo violentos de alguma forma? Sim, não podemos criticar ninguém, nem mesmo os Bushs do planeta, porque em algum nível em nosso dia a dia somos parte deles. Desculpe se estou sendo tão dura com nós mesmos, estou fazendo uma autocrítica, minha inclusive, mas é que chegamos num ponto que ou muda ou racha, e eu prefereria que continuássemos como uma espécie mais evoluída neste lindo e amoroso planeta que tem nos abrigado como uma mãe através dos séculos e séculos...E acredito que isto é possível! O planeta não vai acabar, ele prosseguirá na sua tragetória evolutiva com ou sem as bactérias humanas que se apossaram dele. Somos nós que temos de mudar nossa atitude. Penso nas crianças que estão hoje com um ou dois anos e as que ainda nem nasceram. Que tipo de vida estarão herdando de nós? Como será a vida em 2030, se continuarmos vivendo assim tão negligentemente! O QUE PODEMOS FAZER COMO INDIVíDUOS? Que eu e você e muitos outros façamos a nossa parte para sermos instrumentos de uma mudança radical em nossas vidas através do reconhecimento de nossas responsabilidades e de mudança de atitudes. Vamos arregaçar as mangas, pois há muito o que fazer para virarmos adultos e começar a cuidar ao invés de destruir. Vamos sair de nossa adolescência, de nossa zona de conforto e de preguiça! Vamos convidar mais gente a aderir ao movimento em prol da maturidade! A felicidade e a paz se encontram dentro de nós mesmos, não precisamos comprá-las. Precisamos exercitar o cuidado com tudo. O cuidado é uma virtude da alma. Somos seres essencialmente cuidadosos, embora através dos tempos temos praticado o descuido, o descaso e a displicência. Mas faz tudo parte de um processo evolutivo. E agora chegamos num ponto deste processo que temos de dar um salto quântico para podermos passar da adolescência para a maturidade. O ser maduro é um ser cuidadoso. Estou muito feliz porque acredito que é possível exercitar a nossa maturidade como espécie! Sempre acreditei nisto. Estamos sendo forçados a exercitar o cuidado. Porque se não exercitarmos o cuidado, e nos tornarmos seres maduros, sucumbiremos como espécie. A falta de cuidado é: a perda de conexão com o todo; o vazio da consciência que não se percebe como uma parcela do universo; a ausência de percepção da unidade e da interdependência com tudo mais que existe. Cuidar é mais que um ato; é uma atitude, e abrange mais do que apenas um momento de atenção, de zelo; é uma atitude de responsabilidade afetuosa com nós mesmos, com os outros e com as coisas. Estamos vivendo num tempo onde não podemos mais focalizar nossa atenção nas diferenças, não temos tempo mais para competir, para críticar pessoalmente uns aos outros, dividir, divergir. Estas são caracterísiticas de um modelo antigo, fundamentado em condicionamentos do ego. As críticas devem ser construtivas. Este manifesto é uma forma de crítica construtiva, é uma auto-crítica, um convite à mudança. Somos bactérias mas também somos seres de luz. Somos matérias mas também somos transcendentes. Precisamos observar em nosso entorno onde estão as pessoas que, não importa a que credo, que sistema, que 'ismo' estejam afiliados, que nacionalidade, que raça, mas que estejam comprometidos em ajudar a humanidade a caminhar, como disse o grande artista Kandinsky no século passado, como um triângulo para frente e para cima, para que possamos passar para um outro patamar evolutivo e regenerarmos os males que produzimos e consigamos ver o despertar de uma nova humanidade. Vamos nos unir e caminhar juntos. Sempre acreditei que isto seria possível, e agora, mais do que nunca, quando vejo tantas crises e tantas mudanças de consciência no mundo. Isto não é Utopia. Utopia é o que criamos até agora, pois é um sistema baseado na ilusão. Precisamos viver a realidade, a presença, a consciência. Precisamos de um novo sistema organizacional e de produção que focalize a atenção na simplicidade, no menos é melhor, 'small is beautiful', produção descentralizada, local, artesanal. O discurso de que temos uma super-população mundial faminta que tem que ser nutrida é um discurso que não tem fundamento. A questão é que hoje uma minoria se entope de comida enquanto a maioria passa fome. Então, é um problema de distribuição não de população. Comer menos, é mais saudável, não precisamos de nos entupir de proteína animal, e de cereais todos os dias. Não precisamos satisfazer a língua, ela é apenas um orgão mal educado. Podemos re-educar o nosso paladar e descobrir que uma salada orgânica tem mais vida e mais sabor do que um X-burger do MacDonalds. Eu sou um exemplo vivo disso, sou uma mulher saudável, que não come muito há pelo menos 30 anos, e quanto menos como, mais sou saudável. O conceito de que precisamos de uma super nutrição é um engodo que fabrica gordos nas classes médias do mundo. O que nos basta é comer frutas, verduras, castanhas, raízes e alguns legumes, alimentos que poderão ser extraídos de nossos quintais residenciais e comunitários, como era no passado. Não precisamos de comer carnes, nem ovos, nem leite, nem seus derivados, nem soja, nem óleos, nem trangênicos, nem biscoitos, nem chips, nem sorvetes, nem refrigerantes. Não PRECISAMOS! Se não assumirmos um sistema de economia do suficiente, centrada na valorização do ser humano e da natureza - e não do capital - buscando o bem comum, tanto para os seres humanos (uma forma madura de socialismo) como para a natureza (uma forma holística de ambientalismo), a vida de muitas espécies inclusive a nossa estará com seus dias contados. Para instituirmos um sistema de economia solidária, precisamos, cada um de nós, mudar nossas atitudes e 'necessidades'. Façamos um exercício: entremos no supermercado, peguemos um carrinho e percorramos os corredores observando as prateleiras. E sendo bastante honestos, escolhamos apenas os itens que são essenciais para a sobrevivência e para a saúde. Talvez você vai se surpreender com os poucos itens no supermercado que vão preencher estes requisitos. Vamos repensar nossos valores, nossas 'necessidades', rever como consumimos, reduzir tudo, fazer coletas seletivas de lixo, produzir compostos com os restos dos nossos alimentos, para nutrir hortas orgânicas. Vamos levar sacolas ou mochilas para o supermercados. Vamos praticar as coisas que os ambientalistas já estão carecas e grisalhos de tanto aconselhar. Vamos deixar de ser preguiçosos! Vamos nos responsabilizar pelo lixo que produzimos individualmente. (Os países desenvolvidos estão exportando lixo para os países em desenvolvimento). Vamos exigir de nossos governantes leis e implementações que levem à preservação da VIDA. Vamos boicotar e desmascarar os assassinos que vendem venenos com rótulos de alimentos. Vamos exigir sistemas de energias sustentáveis e naturalmente amáveis. Vamos ajudar no despertar dos adormecidos... Vamos praticar a guerrilha amorosa e pacífica em nosso dia a dia, sem 'perder la ternura jamás...' Não é preciso agressividade, mas uma firmeza conscientemente carinhosa. Eu acredito que cada um de nós pode fazer esta Revolução do Cotidiano, mudar de vida, e assim contribuir para a conservação da vida em nosso planeta! Convide mais pessoas a participar desta R E V O L U Ç Ã O!
É urgente! É possível! E é real...