quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Em Ti, entrego-me...Pai! Vania Vieira-janeiro de 2008.

Nos braços do Pai me entrego, nesta noite em que o frio me invade o corpo, em que a solidão me toma a alma.
Adormeço, na esperança que mais além no tempo me acordes, me chames, como se um novo dia houvesse despertado, como se uma nova manhã clareasse a noite.
Confio em Ti, sinto o aconchego dos Teus braços poderosos, sinto o Teu amor transbordar o peito e invadir-me por completo.
Sinto a segurança, o calor, como se Teu corpo fosse real, deixo-me ficar, suspensa no vazio, sabendo que me transportas no colo.
Em Ti encontro força, calma e tranquilidade, para cruzar desertos, derrubar montanhas, e, num simples toque de dedos, acariciar aqueles que de mim descendem, aqueles que iguais a mim, procuram, num toque, a salvação, a esperança e o alívio das dores da alma...
Por isso Te procuro, para expurgar minh'alma, para banhar-me nesse rio imenso de que És feito, purificando-me em cada gota de orvalhos que resvala sobre a minha pele, em cada brisa que me contorna o corpo, como um abraço Teu, que me acolhe no final de cada batalha, sarando-me as feridas, e lavando-me o espírito.
Hoje, durmo em Ti, a paz e a tranquilidade vêm envolver-me no teu manto de luz, rejuvenescendo-me nesta noite em que me entrego em Ti.
Meu Pai!!!

Curando-me!Vania Vieira.

Num monte, dentro de mim,junto as poucas coisas que consegui. Guardo na alma a maioria dos instantes, na mente conservo as palavras e na pele levo os cheiros, essências duma vida inteira. Nos olhos, carrego em cada lágrima as imagens deste instante, momento de vida, sopro do destino que me trouxe aqui.Não levo mapa, não traço rotas, limito-me a seguir o caminho. Às costas carrego o passado, pela frente estende-se o futuro, sou uma caminhante, de passagem para outro lugar qualquer.
Faço uma pausa entre vidas, percorro o curto caminho incerto entre elas, como um fio, que liga os novelos, destinos entrançados em muitas vidas, pedaços de todos e cada um de nós, de vós.Preparo a alma, para atravessar o deserto, vazio de vida, cheio de eus, questões e dúvidas por explicar, instantes e momentos por saborear, dores e males por sentir. Preciso compreender a informação que recolhi, tratá-la e aprender com todos os erros cometidos, com todas as lições recebidas...
Deixo atrás as histórias, montes de palavras, sentidos atados em fios de seda, sensações, toques e emoções acordadas em mim, por todos, despertas em vós, pelas letras que calmamente teci.
Não me despeço porque não parto, despeço-me apenas porque fico, fico, calada, em silêncio. Falo para mim, escrevo-me, desenho-me e esculpo-me, preenchendo o interior que se foi esvaziando a cada frase, a cada beijo, a cada carícia.Restauro as cores que o tempo empalideceu, reparo os buracos da alma, saro as feridas abertas, cuidando delas...
Deixo-me ficar, por uns tempos, em mim!
6/29/2007 12:39:00 PM

Você está tentendo enganar a quem? Vania Vieira-julho de 1998.

Você está tentando enganar a quem?!?
Vânia Vieira , julho de 1998.
Era a terceira vez que ela me procurara em menos de 10 dias. Até aí, poderia ser ótimo, já que gosto tanto delas...na verdade amo-as...e sentia que cada uma a seu tempo, ainda iam ligar muito, até que entendessem..Hoje que tenho um sentido realista dos laços cármicos que nos une, não poderia deixar de ouvi-las...No caso dela, nem sempre existia as insistentes ligações, mas agora o problema é que ligava sempre aos prantos, extremamente ressentida por causa de certas atitudes que ele havia tomado pela enésima vez.Cada vez se tornava mais difícil ouvi-la, especialmente porque não conseguia compreender o que a levava a se indignar com algo que me parecia tão repetente e até corriqueiro, de certa forma. Afinal, desde que ela me conta sobre ele e seu jeito de ser, sempre foi assim: nada mudou. Portanto, ela se surpreendia com o óbvio e previsível.Como sei que esses “nós” que o coração dá de vez em quando, são dolorosos de se desatar, tentava mostrar a ela o quanto estava insistindo numa relação que não prometia as tais mudanças que ela tanto desejava. Por mais que ela acredite que o ama, é nítido que, na verdade, ela o idealiza.Ou seja, ela não ama este homem que se mostra a ela do jeito que é. Ela ama um outro, nele mesmo, inventado por seus próprios desejos e anseios...e isso fazemos TODAS nós... Ela, deseja se relacionar com uma outra alma e tenta modelar a dele porque tem medo de se dispor a buscar uma nova relação... Assim, já se passaram mais de 5 anos... e ela continua se maltratando por não conseguir transformá-lo no homem que ela gostaria que ele fosse. Ele é quem sempre foi (ele é assim! nós nascemos de diferentes modos de ver a vida!) e cada um de nós temos o direito de ser do nosso próprio jeito e agora, parece que só ela não percebe.Daí me lembrei de um trecho de um diálogo fantástico entre o rei e o principezinho, do clássico “O Pequeno Príncipe”, de Saint Exupéry: “- Se eu ordenasse ao meu general voar de uma flor a outra como borboleta, ou escrever uma tragédia, ou transformar-se em gaivota, e o general não executasse a ordem recebida, quem – ele ou eu – estaria errado? - Vós, respondeu com firmeza o principezinho. - Exato.
É preciso exigir de cada um o que cada um pode dar, replicou o rei!!!”. E fiquei me perguntando: a quem será que ela está tentando enganar? A mim ou a ela mesma?!? Sim, porque ninguém, absolutamente ninguém, fica numa situação em que não está ganhando nada...somando nada... Nem que este “ganho” seja, antes, uma enorme perda.Então, quer seja o papel de abandonada ou o de boazinha; quer seja o de mulher que ama sob qualquer condição, tentando obter o lugar de mártir... ou quer seja a necessidade de conseguir a atenção das pessoas e, de quebra, não precisar trocar a tão conhecida dor pela possibilidade de experimentar uma nova tentativa de amor, o fato é que ela já deveria ter se dado conta de que só está nesta posição porque quer, porque escolhe, dia após dia, ligação após ligação, reclamação após reclamação, continuar exatamente como e onde está!Fácil sair?!? De forma alguma! Mas humanamente possível - e sobretudo admirável - quem escolhe a vida, o amor e a coragem, reconhecendo que o outro é como decide ser e cada um de nós fica onde resolver ficar!!! Continuar somando frustrações por conta das escolhas e atitudes do outro é infantil, é cansativo para quem olha, irritante para quem ouve e sem graça para quem vive. É desperdício, triste e inaceitável desperdício de inteligência.Por essas e outras, eu tomo aqui a minha decisão. Gosto dela e por isso a escuto. Já cansei de argumentar e abraço a verdade. Isto é: enquanto ela mesma não virar a página e não escolher, finalmente, a si mesma... vai continuar tentando se enganar. A mim, não engana mais.Desejo, então, do fundo de minha alma, que ela resolva, dia desses, olhar para si mesma, diante do espelho, e dizer: "Menina, acordei! Tenho muita vida pela frente; chega de acreditar que o outro é a razão de minha existência. Ninguém é, além de mim mesma!!! A partir de agora, compreendo que alguns desejos meus não são os mesmos desejos do outro. Ou eu fico e aceito como é; ou eu pego meu chapéu e parto em busca de meus sonhos"...E que assim seja para todos aqueles que tiverem coragem de se perguntar a quem estão tentando enganar! Porque senão, a vida acaba e tudo realmente não terá passado de um grande engano!
*quando enviei este texto a uma delas, esta perguntou-me imediatamente: Escreveste isso para quem?
Respondi monossilábicamente, mas meu coração queria dizer :
-Para mim, para você, para ela, para todas as mulheres do mundo...em diferentes fases...TODAS nós um dia ...