segunda-feira, 20 de junho de 2011

PRESENÇA II

Sugiro um pequeno exercício para nos presentificarmos, para nos fazer estar realmente consciente de nossa realidade interna e circunstancial. De início é bom incorporarmos a idéia de que tudo o que acontece a nossa volta nos interessa.



Sente-se ou deite-se, relaxe o corpo, acalme suas emoções e pensamentos.

A seguir, observe tudo o que acontece ao seu redor. Perceba, apenas. E diga a si mesmo:

Estou consciente do ruído dos carros na rua. Estou consciente da posição de minha perna. Estou consciente do canto daquele pássaro. Estou consciente da temperatura das

minhas costas. Estou consciente da fala daquela pessoa no cômodo ao lado. Estou consciente da minha respiração. Da minha inspiração e expiração. Estou consciente de estar relaxado, estou consciente das batidas do meu coração... Estou consciente desse pensamento, estou consciente dessa emoção... E perceba assim tudo o que irá vindo aos seus sentidos.



Esse simples exercício diário nos trará de volta e nos abrirá portas de percepção das quais normalmente não nos atentávamos... Quando seguíamos automatizados e não víamos, não sentíamos, simplesmente não percebíamos...



Em uma roda de pessoas comentava-se sobre seus mestres, cada um querendo reivindicar suas melhores qualidades. Alguém disse: Meu mestre pode ver o futuro!

E outro: Meu mestre levita! E outro ainda: Não, meu mestre é o melhor, ele anda sobre as águas! E alguém escutava em silencio. Perguntaram-lhe: E o seu mestre, o que é que ele faz? Ele respondeu: Meu mestre é maravilhoso. Quando ele anda, ele anda. Quando ele come, ele só está comendo. Quando conversa, ele fala. Quando trabalha, ele trabalha. Quando segura, ele aperta com força. Quando escuta, ele escuta...



Estar em Presença é estar consciente do que nos chega sensorial ou suprasensorialmente. Em um primeiro momento, podemos nos treinar em melhorar nossa acuidade perceptiva. Depois, podemos começar por ampliar nosso percebimento do Agora, estando consciente, mesmo sem a percepção sensória, do que nos cerca.



Assim, estamos conscientes das estrelas no céu. Da nossa cidade. Do nosso país. De nosso planeta. Da órbita, do movimento que acontece agora de seu giro em torno de si e em torno do sol. Dos terremotos que neste momento estão acontecendo em muitas partes do mundo. Dos ventos, do frio, do calor, do movimento incessante das pessoas que andam, trabalham, viajam de carro, de metrô, de avião, agora. Estou consciente que neste instante muitos bebês estão nascendo. Estou consciente que neste momento várias pessoas estão morrendo. Estou consciente do tempo, das nuvens, das horas, dos meus pensamentos, estou cada vez mais consciente da dinâmica do universo... Dos universos que estão sendo criados exatamente agora, daqueles que já cumpriram sua função cósmica e agora se recolhem a outras dimensões... Estou consciente de sentir em mim mesmo as feições energéticas das pessoas... Estou consciente de sentir-me ligado a todas as pessoas, a todos os seres, à vida plena, ao universo...



Estar Presente significa tomar plena consciência na integridade do que estamos fazendo, do que estamos vivendo, do que estamos sentindo, de sabermos onde estamos, o que está acontecendo exatamente agora, para onde nos estamos dirigindo... De poder observarmo-nos e ver nossos pensamentos... Não somos nossos pensamentos... Observarmos nosso corpo e suas reações... Estamos em nosso corpo, mas não somos o nosso corpo... Observar o mundo e sua dinâmica... Mas não somos inteiramente do mundo... Observar, sentir, reavaliar e mudar nossos pensamentos! Esse pensamento negativo, limitante, arrogante, egoísta, não me interessa! Eu agora o substituo por esse outro pensamento, um pensamento positivo, autoconfiante, realizador, esperançoso, edificante. Pronto! Se você mudar o seu pensamento, você muda a sua ação. Se você mudar o seu pensamento você muda a sua realidade. O mundo é para você exatamente como você pensa que é! Mas o mundo também não é só como pensamos! Lembra? – O Shakespeare nos alertava: “Há mais coisas entre o céu e a terra do que supõe a nossa vã filosofia”!



E o que é ter Presença de Espírito? Associa-se a esse termo a capacidade de agir consciente ou inconscientemente face a uma situação inesperada, um acidente, ou uma ação a ser empreendida rápida e eficientemente. Sim, é isto. É poder mostrar-se plenamente Presente em dada situação permitindo que nosso Eu Superior comande.



Mas, ser e estar em Presença de Espírito é ainda mais do que isso. É poder olhar e ver os olhos de uma criança, ser com ela, ampará-la, consolá-la, protegê-la, sorrir com ela, brincar com ela, interagir em seu próprio mundo. Fazê-la feliz, sendo feliz com ela. É poder sentir, ver, ouvir e escutar verdadeiramente alguém, sem julgamentos, sem olhar para nossos próprios sofrimentos ou situação, sem permitir que nossos preconcebidos pensamentos se interponham entre nós e ela, seja em momentos de alegria ou de dor, simpatizando e empatizando com ela, tornando-se um com ela ao nos colocar em seu lugar - na mesma sintonia - poder ver a sua visão. É perceber a Presença de um irmão para além de seus papéis, vestes, ou suas condições econômicas e sócio culturais e assim tratá-los de igual para igual com atenção, com fraternidade da mesma forma o irmão lixeiro ou o presidente. Assim, agir em Presença de Espírito é poder compreender, é estar sempre disponível para a cárita ação, para a colaboração, para a solidariedade seja em qualquer situação.



Presença de Espírito também é saber quando silenciar, permitindo ao outro se expressar ou silenciar conosco. É perceber quando avançar ou parar. É estar Presente no coração de alguém, permitindo-nos que também tenham Presença em nosso coração. Presença de Espírito é pois, irradiar amor e unir mente e coração.



Neste ponto de nosso percurso, para podermos ter a consciência de nossa Presença, necessariamente precisamos falar alguma coisa sobre Meditação.



Meditação é o ato de estar em Presença conosco mesmos. É a ação silenciosa e serena de podermos observar em nós mesmos. É o grande caminho do autoconhecimento. É simplesmente presentificarmo-nos como também ser Presença no mundo. É aprender, treinar, olhar para dentro de nós e nos descobrir... E nos acharmos. E sermos presentes em nosso corpo, nossas emoções, nossa mente e nosso espírito. É tomarmos consciência de nossa própria Presença dentro de nosso Eu maior que assim age e vive no mundo, no nosso mundo tridimensional com efetiva Presença de Espírito, ou seja, que vive integralmente no Aqui e no Agora... Neste maior portal que se conhece para a obtenção da sabedoria, para o exercício do Amor, para estreitar nosso contato com a nossa verdadeira Essência, portanto para comungarmos no nosso silencio e percepção com Deus, com a Suprema Essência Primordial de todas as coisas em nós sempre Presente.



Meditação pois, é podermos olhar com maior profundidade a nós mesmos. É ser apenas aquele que testemunha. Aquele que olha para dentro de si, observa com isenção, aquele que pode ver nossos pensamentos... Sem fixação e apegos. E assim poder mudá-los ao nosso bel prazer com nosso poder de escolha.



Na meditação podemos alcançar o silenciar de nossos pensamentos. Podemos estar para além do nosso pequenino ego exigente, “egoísta”, melindroso, possessivo, fútil, consumista, imediatista, superficial... Podemos “vê-lo” e assim conduzi-lo suavemente para estar a nosso serviço, para nos libertarmos de seu julgo e nos fazermos senhores dele, senhores de nossos hábitos, condicionamentos, percepções, senhores de nosso pensar e sentir, aquele que está plenamente presente em suas ações, portanto aquele ser proativo, criativo, aquele que enxerga o mundo de olhos bem abertos. Com seus olhos físicos, mas mais do que isto: com os olhos de seu coração, seus olhos mentais, os olhos



de sua alma, os olhos de seu espírito imortal. Ao começarmos a meditar começamos a conduzir mais e mais conscientemente as rédeas de nosso destino. E começamos assim a evoluir de forma consciente. Intensa, serena, perceptivelmente consciente. Em outras palavras, Presentes!



E apenas e só apenas, quando detivermos o domínio de nossa mente, o controle de nossos pensamentos, desejos e emoções, sentimentos e ações, que poderemos enxergar a nossa verdadeira Presença.



O estado de Presença significa ver e conceber o mundo, a nossa realidade, a nós mesmos sem a “intromissão” de pensamentos invasivos ou só de “lugar comum”, sem os devaneios da mente não policiada que, como um macaco, pula de galho em galho. E estar presente é a verdadeira face de nossa consciência que natural e gradativamente vai se expandindo, permitindo-nos sentir a nossa presença em tudo e em todos.



É nossa Presença que nos traz a consciência planetária. Nossa presença do mundo e fora dele. Nossa presença no conhecido e no desconhecido. Nossa presença no cosmos. Nossa presença nos átomos e nas galáxias. Nossa presença nesta e em outras dimensões do espaço-tempo. Nossa Presença no nosso Eu Verdadeiro, onisciente, onipresente e onipotente, criado por Deus à Sua Imagem e não o deus que criamos a nossa própria imagem... Antropomórfica, limitada... Quando estamos total e plenamente Presentes em nossa Essência. Quando estamos centrados em nosso Eu real estamos centrados no Universo, estamos centrados na Vida, estamos centrados em tudo e em todos, estamos pois centrados em Deus, nEle estamos Presentes, nEle temos nossa existência, nEle nos movemos e em Sua Luz encontramos a nossa eterna Luz, que permeia todo o universo...que está em Presença com o todo.



E, passo a passo, dia a dia, quando nos exercitamos na meditação e na nossa presentificação, momento chegará que habitaremos as esferas do Real, que atingiremos a consciência de que todos somos UM e que viveremos verdadeiramente em unicidade com todos os seres. Quando tivermos o amor e a coragem de encarar a nós mesmos, a expandir nossa consciência ate o ponto de sermos UM com o todo, como nos disse Mestre Jesus, quando “Eu e Pai somos Um”...



Aí então seremos verdadeiramente livres, teremos alcançado finalmente a salvação, ou a iluminação, ou o Samadhi... Teremos trazido a Presença dos Céus para a Terra, ou seja, a presença de nosso Espírito Imortal para a consciência em nosso corpo físico, emocional, mental... Ampliando a nossa Presença no devir incessante do rio da vida que se encaminha para o oceano cósmico de Deus, para o Vazio... Que a tudo preenche e que está em oniPresença em todos os reinos e dimensões. Portanto, você É em tudo. Você é Espírito, portanto você está em todo lugar. Você está Presente em toda a Natureza, em todo o Universo.



“Viajamos na maionese”? Estamos “no mundo da lua”? Estamos sonhando alto? Ou estamos simplesmente tendo um pequeno vislumbre de nossas possibilidades humanas e divinas? Veja... As possibilidades quânticas da mente humana atinge as raias do infinito!



Tu és muito, muito mais do que pensas ou imaginas! Tens em ti o poder do Criador em tuas mãos! “Vós sois deuses”! E você pode estar minimamente presente, como maximamente presente em tua vida e no cosmos, colhendo para ti a Felicidade imorredoura dos autênticos Filhos da Luz na tua Presença em tudo e em todos quando ampliar, pari passu, a tua ação e percepção dentro da Lei do Amor e Sabedoria, presentes em todas as manifestações do Universo e de DEUS!

PRESENÇA-Vania Vieira

PRESENÇA


O que é Presença? O que é Estado de Presença? O que é Presentificar-se?

Podemos dizer que “presenciamos” algo. Ou que lá estávamos quando o fato aconteceu. Presenciamos o desabrochar da rosa, presenciamos o pôr-do-sol, presenciamos a festa de formatura do João.

“Estive presente” por ocasião do milagre. Do nascimento de meu filho. Antonio sempre foi um pai e Dora, uma mãe “presente.”, atuante.

Presença quer dizer: Consciência da percepção do Aqui e do Agora. Estar totalmente “inteiro” em tudo o que se faça.



Muitas, muitas vezes mesmo, quando não estamos prestando atenção ao momento, sem que percebamos de imediato, nossa mente entra em estado de devaneio. Antonio “viajou na maionese”, dizem alguns. Ou: Geraldo vive “no mundo da lua” ou ainda: “não sei onde estava a minha cabeça quando fiz aquilo”. E ainda: “Você está dando nó nas idéias!” – em raciocínios circulares, inconclusivos.



Veja, o pensamento associativo ou o pensamento avaliativo pode, por frações de segundo ou mesmo por longo tempo, bloquear a sua percepção da chamada “realidade objetiva”. É quando entramos em introspecção. Ou quando estamos “ensimesmados”. É quando sentimos uma forte emoção e esta lhe dita pensamentos provenientes do sentimento ali decorrente. O que por vezes nos deixa cegos, surdos e mudos perante a nossa realidade circunstancial e mesmo factual do acontecimento. Uma pessoa com um forte acesso de raiva, portanto albergando pensamentos negativos, rancorosos, retaliativos, pensamentos fixos ou obsessivos, simplesmente perde por algum tempo – e às vezes por anos e anos – a visão lúcida do que compõe a sua realidade. Uma pessoa com muita raiva simplesmente não enxerga um palmo na sua frente. Seu campo perceptual se limita a uma faixa muito estreita de alcance dos seus sentidos ordinários. Igualmente, uma pessoa muito apaixonada só enxerga o objeto (e sujeito) de sua paixão.



Por tantas vezes, falamos e não dizemos, escutamos e não ouvimos, olhamos mais não vemos, tocamos e não sentimos nada! No mais das vezes, em especial no mundo atual corrido, complexo, competitivo, tumultuado, sem tempo para nada... Quando não desenvolvemos o hábito de parar, sentir, refletir, meditar, acalmar nossas emoções e pensamentos, simplesmente nos alienamos de nossa própria Essência, nos deixamos distrair pela complexidade ou superficialidade da crônica diária e nos deixamos inconscientemente ser levados no e pelo roldão dos acontecimentos. Assim, vamos “no embalo”, ligamos e esquecemos de desligar nossa atuação cotidiana no “piloto automático”, quando assim efetivamente não vemos, não sentimos, não escutamos, não tocamos a realidade que nos cerca, apenas reagimos como pessoas somente reativas. Que não empregaram tempo para pensar, avaliar, e com responsabilidade agir.



“Responsabilidade” vem de “responder”: simplesmente respondem, simplesmente reagem. É o que se diz de pessoas com “mentalidade de rebanho” ou “mente cristalizada”: apenas seguem, sentem, pensam e agem como todos seguem, sentem, pensam e agem. Quase que absolutamente sem um pensar mais crítico, mais autêntico, mais profundo, mais questionador, um pouco mais sadiamente rebelde. Simplesmente “vão na onda de...”, como dissemos, vão no “piloto automático”, no robotismo gerado pela escravidão em seus hábitos e comodismos, em milhares de condicionamentos e formas de pensar absurdamente padronizadas. E somente uma minoria mais conscientizada são “proativos”, ou seja, criam, engendram uma ação própria, direcionada, original, criativa e que assim fazem a diferença e influenciam sabendo o que estão fazendo, positiva ou negativamente, à sociedade, bem como àqueles que lhes são mais próximos, influenciando também os reinos da natureza: os minerais, os vegetais, os animais.



Dizemos que Presença ou Estado de Presença é a consciência da percepção do Aqui e do Agora. E como é importante reconhecermos nosso próprio estado alienativo, saber que mal estamos realmente vivendo, estamos mais em vegetativa atuação na vida como expectadores, no máximo como atores coadjuvantes... Apenas como observadores (quando realmente observamos!) da vida que passa... Que vai passando... Que deixamos passar! Porque, para começarmos mesmo a viver nossa própria vida, primeiro é preciso olhar para dentro de nós mesmos e ver o quão pouco estamos mesmo vivendo. Porque a vida, a percepção e o estado de Presença significam a vivencia (não conceitos) plena, intensiva, do momento do Agora, exatamente no Aqui que nos encontramos.



Conta-se que o prof. Albert Einstein, saindo de uma aula, vinha descendo a ladeira do campus universitário acompanhado de seus alunos ávidos por conhecimentos e por poder desfrutar pessoalmente das explicações e convicções científicas do mestre, o qual lhes discorria sobre fundamentos e especulações de sua famosa teoria da relatividade. A certa altura do caminho, em sentido oposto, vinha subindo um grupo de alunos. Einstein então parou e perguntou a um deles: Quando vocês me encontraram, eu vinha de lá ou de cá? – Professor, o senhor vinha descendo a ladeira do lado de lá. Mas por que pergunta, prof. Einstein? – E ele respondeu: Bom que eu vinha de lá. Isto quer dizer que já almocei.



Einstein não estava distraído, “viajando na maionese” ou “no mundo da lua”. Ocorre que o elevado nível de abstração e considerações matemáticas, físicas e metafísicas de alto grau de subjetividade que de momento impregnava e trabalhava seu intelecto, simplesmente o tinha feito perder momentaneamente o sentido perceptivo de sua realidade objetiva, circunstancial. Ou seja, o pensamento e sua grande faculdade de pensar o tinha bloqueado a visão e conseqüentemente a percepção de seu próprio caminhar.



Isto acontece todos os dias com cada um de nós. É natural. O que aqui queremos consignar é que, treinando-nos em ampliar a nossa percepção do momento, podemos alcançar uma conscientização mais plena de nós mesmos, expandindo os nossos horizontes perceptivos para a vivencia plena e integral de cada instante de nossa vida. Você já observou que, quando se está com a mente concentrada, quando nos esforçamos em executar um trabalho minucioso, ou quando nos entretemos com a televisão ou algum jogo, quando estamos em meio a uma discussão ou assistindo atentamente alguma palestra, tudo o mais desaparece de nossa percepção? Mas o que é melhor: Trazer nossa mente em nossas rédeas e fazê-la trabalhar objetivamente na ação ou no trabalho intelectual e criativo ou deixá-la andar por aí em cegos devaneios?