terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Nossa obesidade mental...

Obesidade Mental

O prof. Andrew Oitke publicou o seu polémico livro «Mental Obesity»,
que revolucionou os campos da educação, jornalismo e relações sociais
em geral.

Nessa obra, o catedrático de Antropologia em Harvard introduziu o
conceito em epígrafe para descrever o que considerava o pior problema
da sociedade moderna.

- «Há apenas algumas décadas, a Humanidade tomou consciência dos
perigos do excesso de gordura física por uma alimentação desregrada.

Está na altura de se notar que os nossos abusos no campo da
informação e conhecimento estão a criar problemas tão ou mais sérios
que esses.»



- Segundo o autor, «a nossa sociedade está mais atafulhada de
preconceitos que de proteínas, mais intoxicada de lugares-comuns que
de hidratos de carbono.

As pessoas viciaram-se em estereótipos, juízos apressados, pensamentos
tacanhos, condenações precipitadas.

Todos têm opinião sobre tudo, mas não conhecem nada.

Os cozinheiros desta magna "fast food" intelectual são os jornalistas
e comentadores, os editores da informação e filósofos, os romancistas
e realizadores de cinema.

Os telejornais e telenovelas são os hamburgers do espírito, as
revistas e romances são os donuts da imaginação.»



O problema central está na família e na escola.

- «Qualquer pai responsável sabe que os seus filhos ficarão doentes
se comerem apenas doces e chocolate.

Não se entende, então, como é que tantos educadores aceitam que a
dieta mental das crianças seja composta por desenhos animados,
videojogos e telenovelas.

Com uma «alimentação intelectual» tão carregada de adrenalina,
romance, violência e emoção,

é normal que esses jovens nunca consigam depois uma vida saudável e
equilibrada.»



Um dos capítulos mais polémicos e contundentes da obra, intitulado "Os
Abutres", afirma:

- «O jornalista alimenta-se hoje quase exclusivamente de cadáveres de
reputações, de detritos de escândalos, de restos mortais das
realizações humanas.

A imprensa deixou há muito de informar, para apenas seduzir,
agredir e manipular.»

O texto descreve como os repórteres se desinteressam da realidade
fervilhante, para se centrarem apenas no lado polémico e chocante.

«Só a parte morta e apodrecida da realidade é que chega aos jornais.»



Outros casos referidos criaram uma celeuma que perdura.

- «O conhecimento das pessoas aumentou, mas é feito de banalidades.

Todos sabem que Kennedy foi assassinado, mas não sabem quem foi Kennedy.

Todos dizem que a Capela Sistina tem teto, mas ninguém suspeita para
que é que ela serve.

Todos acham que Saddam é mau e Mandella é bom, mas nem desconfiam porquê.

Todos conhecem que Pitágoras tem um teorema, mas ignoram o que é um cateto».



As conclusões do tratado, já clássico, são arrasadoras.

- «Não admira que, no meio da prosperidade e abundância, as grandes
realizações do espírito humano estejam em decadência.

A família é contestada, a tradição esquecida, a religião abandonada, a
cultura banalizou-se, o folclore entrou em queda, a arte é fútil,
paradoxal ou doentia.

Floresce a pornografia, o cabotinismo, a imitação, a sensaboria, o egoísmo.

Não se trata de uma decadência, uma «idade das trevas» ou o fim da
civilização, como tantos apregoam.

É só uma questão de obesidade.

O homem moderno está adiposo no raciocínio, gostos e sentimentos.

O mundo não precisa de reformas, desenvolvimento, progressos.

Precisa sobretudo de dieta mental.»

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