terça-feira, 5 de outubro de 2010

Livros , parte de minha tecitura-Vania Vieira.

Um dos muitos livros dos quais sou feita-Vania Vieira
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Não, apesar do título acima eu não sou uma mulher fragmentada...nem uma bonequinha de papel reciclado que vai se mudando as roupinhas,nem um manequim ou escultura de papier-machè. Sou de carne e osso, não tenham/tenho dúvidas.
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Mas a minha alma, meu ego, meu self, meu psiquismo, minha mônada (ou seja lá como queiram chamar a contraparte do meu eu físico, aquilo que em mim realmente importa), esta sim, foi construída ao longo da minha vida com os blocos dos ensinamentos dos meus pais e avós da educação formal, com a ferragem das experiências pessoais e a argamassa da idéias que conheci ao ler livros, muitos livros.
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Um dos que mais me tocou, na época em que o li pela primeira vez, foi “O PROFETA” de Gibran Khalil Gibran. Lá eu encontrei, expressas em palavras claras e muito bem alinhavadas, idéias profundas e belas, poeticamente apresentadas aos olhos dos leitores, quase que respostas aos meus questionamentos pessoais na época. Ler este livro me levou a muitos vôos reflexivos, me proporcionou muitas horas de meditação a respeito dos temas apresentados e inúmeros momentos de conversas agradáveis com amigos.
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E assim, por ter visto neste livro beleza, utilidade e verdade, desejo partilhar com vocês dois pequenos capítulos, onde são abordados dois temas da nossa vida cotidiana, o conhecimento de si próprio e o ensino.
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Mas não se atenham a estes trechinhos, sugiro que vocês leiam o livro todo algum dia, pois tenho certeza de que vocês irão apreciar muitíssimo cada um dos seus capítulos. Vamos lá:
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“E um homem disse: -"Fala-nos do conhecimento de si próprio."
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E ele respondeu, dizendo:
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-"Vosso coração conhece em silêncio os segredos dos dias e das noites; mas vossos ouvidos anseiam por ouvir o que vosso coração sabe, desejais conhecer em palavras aquilo que sempre conhecestes em pensamento. Quereis tocar com os dedos o corpo nu de vossos sonhos. E é bom que o desejeis.
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A nascente secreta de vossa alma precisa brotar e correr, murmurando para o mar, e o tesouro de vossas profundezas ilimitadas precisa revelar-se a vossos olhos. Mas não useis balanças para pesar vossos tesouros desconhecidos e não procureis explorar as profundidades de vosso conhecimento com uma vara ou uma sonda, porque o Eu é um mar sem limites e sem medidas.
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Não digais: 'encontrei a verdade.' Dizei de preferência 'Encontrei uma (minha) verdade.'
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Não digais: 'Encontrei o caminho da alma.' Dizei de preferência: 'Encontrei a alma andando em meu caminho.' Porque a alma anda por todos os caminhos. A alma não marcha em linha reta nem cresce como um junco. A alma desabrocha, qual um lótus de inúmeras pétalas".
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Então, um professor disse: "Fala-nos do ensino."
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E ele respondeu, dizendo:
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-"Homem algum poderá revelar-vos senão o que já está meio adormecido na aurora do vosso entendimento. O mestre que caminha à sombra do templo, rodeado de discípulos, não dá de sua sabedoria, mas sim de sua fé e de sua ternura.
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Se ele for verdadeiramente sábio, não vos convidará a entrar na mansão de seu saber, mas vos conduzirá antes ao limiar de vossa própria mente.
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O astrônomo poderá falar-vos de sua compreensão do espaço, mas não vos poderá dar a sua compreensão. O músico poderá cantar para vós o ritmo que existe em todo o universo, mas não vos poderá dar o ouvido que capta a melodia, nem a voz que a repete. E o versado na ciência dos números poderá falar-vos do mundo dos pesos e das medidas, mas não vos poderá levar até lá.
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Porque a visão de um homem não empresta suas asas a outro homem. E assim como cada um de vós se mantém isolado na consciência de Deus, assim cada um deve ter sua própria compreensão de Deus e sua própria interpretação das coisas da terra."
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E assim, termino a hoje com um pensamento do meu também amado Nietzsche (é gente, Fernando Pessoa divide seu trono de predileto no meu coração com alguns outros autores que também admiro bastante!), um filósofo que através das suas idéias também faz, e em alto grau, parte daquilo que eu sou hoje, dos meus inúmeros fragmentos.
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Esta frase abaixo,para mim é reflexiva...porque muitas vezes fui considerada “insana” pelos surdos de plantão, por aqueles que só ouvem aquilo que as grandes massas proclamam repetidamente, fechando seus ouvidos ao novo, ao ousado, ao original e necessário (tudo aquilo que me move).

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"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não conseguiam escutar a música". (Friedrich Nietzsche)

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