Certa vez um andarilho apareceu numa aldeia da Idade Média. Dirigiu-se à praça central da cidade, anunciou-se como alquimista e disse que ensinaria como transformar qualquer tipo de metal em ouro. Algumas pessoas pararam para ouví-lo e começaram a proferir gracejos e ridicularizá-lo.
O estranho não se abalou com as chacotas, pediu um pedaço de metal e alguém lhe entregou uma ferradura, um outro lhe ofereceu um prego. O alquimista então pegou ambas as peças, e ainda sob as risadas dos incrédulos, colocou-as numa pequena vasilha e derramou sobre elas o conteúdo de um frasco que havia retirado de sua sacola. Permaneceu alguns segundos em silêncio e o fenômeno aconteceu: a ferradura e o prego tornaram-se dourados.
Uma sensação de espanto percorreu a multidão que se avolumava cada vez mais na praça. O alquimista levantou as peças de ouro para que todos pudessem admirar a transmutação. Um ourives presente no local pediu para examinar os objetos e foi atendido.
Em pouco tempo, revelou serem as peças de ouro puríssimo como nunca tinha visto. As pessoas agitaram-se e agora queriam ouvir.
O alquimista então pegou um grosso livro de sua sacola e disse estar nele o segredo da transmutação dos metais em ouro. Em seguida, entregou o livro a uma criança próxima e partiu tranqüilo. Ninguém o viu ir embora, pois todos os olhos mantiveram-se fixos no objeto nas mãos da criança.
Poucos dias depois, a maioria das pessoas possuía uma cópia do valioso manuscrito, assim a receita para produzir ouro passou a ser conhecida por todos.Contudo, a fórmula era complexa.
Exigia água destilada mil vezes no silêncio da madrugada e ingredientes que deveriam ser colhidos em noites especiais e em praias distantes. Era muito penoso ficar mil noites em silêncio esperando a água destilar. Além disso, procurar os outros ingredientes era muito cansativo.
No início todos puseram as mãos à obra, mas com o passar do tempo, as pessoas foram desistindo do trabalho. Diziam que a fórmula era apenas uma galhofa deixada pelo alquimista para mostrar como eram tolos.
As pessoas foram desistindo. E, à medida que desistiam, tentavam convencer os outros a fazerem o mesmo. Assim, muitos e muitos outros, influenciados pelos primeiros, também desistiram.
Mas, um pequeno grupo prosseguiu com o trabalho. Apesar de ridicularizados pelo resto da aldeia, continuaram destilando a água e fizeram várias viagens juntos à procura dos ingredientes da fórmula.
O tempo correu e a quantidade de histórias divertidas, de situações que eles passaram juntos, de mudanças pessoais de cada um desde que começaram a seguir a fórmula, cresceu. E o grupo dos aprendizes de alquimia tornou-se cada vez mais unido. Converteram-se em grandes amigos.
Até que em um mesmo dia, todos tinham começado juntos, e viraram a última página das instruções do livro, e lá estava escrito:
“Se todas as instruções foram seguidas, você tem agora o líquido que, derramado sobre qualquer metal, transforma-o em ouro. Entretanto, agora você já percebeu que a maior riqueza não está no produto final obtido, mas sim no caminho percorrido. O que nos torna infinitamente ricos não é a quantidade de ouro que conseguimos produzir, mas as conquistas que obtivemos em busca do tesouro: o conhecimento das riquezas como o amor, a amizade, a paciência, o perdão, a persistência, o valor dos sacrifícios feitos nessa busca. A transformação interior obtida: esta é a verdadeira alquimia".
domingo, 30 de maio de 2010
O que é Psicologia Transpessoal-Pierre Weil.
Diferentes definições vêm sendo dadas ao longo de sua história. Podemos dizer, genericamente, que ela trata do estudo de consciência em que se dissolve a aparente fronteira entre o "eu" e o mundo exterior, em que desaparece o que chamamos de pessoa e surge uma vivência que está além. Daí vem a designação "transpessoal", já utilizada por C.G. Jung em sua obra, tendo o termo "psicologia transpessoal" sido oficialmente adotado nos Estados Unidos, em meados de 1969.
Esse estado de consciência, segundo a cultura ou fase da história da humanidade, é designado de diferentes maneiras, entre as quais experiência mística, nirvana, estado de Buda, Reino do Céu, satori, iluminação, experiência transcendental, samadhi, consciência objetiva, consciência cósmica, sétimo céu, experiência oceânica, êxtase, realização suprema...
Esse estado de consciência não é apenas atributo de grandes místicos, santos e sábios, como Krishna, Buda, Jean de la Croix, Tereza d'Ávila, Rama Krishna, Baal Schen Taw, Ramana Maharishi e tantos outros, mas também de outras pessoas, do passado e mesmo contemporâneas que por razões diversas não revelam suas experiências a ninguém. Trata-se de um estado resultante de práticas ascéticas ou religiosas, vivenciadas também por agnósticos e materialistas.
Podemos realmente falar de "consciência", "estado", "experiência" para designar um processo ou fenômeno no qual justamente o experimentador "desaparece", fundindo-se'com a experiência e seu objeto? Trata-se certamente de vivência. Sim, mas vivenciada por quem?
Reside neste ponto certamente a principal razão do silêncio daqueles que hesitam em revelar ou descrever suas experiências: a inefabilidade dessa vivência encontra-se além de conceitos. Eis a razão do emprego da metáfora, da arte e da poesia.
Esse é o terreno que a ciência moderna tenta esclarecer pela psicologia transpessoal. Qual é a natureza dessa experiência ou dessa vivência? Como atingi-la? Por que atrai os maiores físicos contemporâneos? Por que estão médicos, psicólogos e psicoterapeutas de renome participando cada vez mais desses encontros? Qual é o significado e quais são os benefícios que a humanidade usufruirá da psicologia transpessoal?
As considerações que se seguem permitem-nos uma melhor compreensão da definição do objeto da psicologia Transpessoal:
Podemos considerar a psicologia transpessoal como um ramo do conhecimento humano, mais particularmente da psicologia.
Consiste numa pesquisa experimental e experiencial da natureza da realidade vivida como um "ir além da dualidade espaço interior/espaço exterior", além dos limites do pensamento conceitual inerente à pessoa humana.
Estuda e evidencia o caráter relativo da vivência da realidade, em função dos diferentes estados de consciência, no qual tenta identificar a natureza essencial a partir da vivência do estado de consciência cósmica ou transpessoal.
Permite ao homem revelar o mistério da limitação do ser na sua manifestação humana, fazendo-o viver sua não dualidade, graças à superação da aparente oposição do pessoal ao transpessoal, do mundo relativo ao mundo absoluto.
Por meio da metanóia retira o homem dos sofrimentos da paranóia projetiva de seus fantasmas.
Dissolve as fronteiras projetadas no espaço pelo espírito limitado do ser humano.
Por sua visão holística, a psicologia transpessoal é o ponto de encontro da ciência, da arte, da filosofia e da mística. Neste último caso, ela aglutina as religiões, evidenciando a origem única, apesar das divergências teológicas, ocidentais ou orientais.
Na vida prática cotidiana, mostra ao homem os caminhos e métodos que permitem o acesso ao transpessoal dentro do "pessoal", por meio da descoberta do "mestre interior".
Oferece assim ao homem, a todos os homens e mulheres que desejam e praticam os métodos próprios a um desses caminhos, a verdadeira liberdade e alegria de viver, pelo despertar dos valores inerentes ao ser; a sabedoria indissociável do amor para todos os seres.
Podemos enfim afirmar que a psicologia transpessoal é possuidora de um enorme potencial terapêutico, pois permite transformar as formas destrutivas de energia, como o ódio, a possessividade, o orgulho competitivo, o crime e a inveja, em harmonia e paz para cada ser humano e para toda a humanidade.
Para melhor orientar os interessados no aspecto subjetivo em termos semânticos, precisaremos as diferenças existentes entre a psicologia transpessoal propriamente dita, o adjetivo transpessoal e o substantivo transpessoal.
A psicologia transpessoal é um ramo da psicologia que estuda particularmente o estado transpessoal da consciência. - Entendemos por transpessoal, tomado como adjetivo aquilo que subsiste, que é quando desaparece o fenômeno ou a aparência da pessoa. Ou seja, transpessoal é o que fica por trás das máscaras da pessoa, dos seus condicionamentos, além da cultura.
Para melhor orientar os interessados no aspecto subjetivo em termos semânticos, precisaremos as diferenças existentes entre a psicologia transpessoal propriamente dita, o adjetivo transpessoal e o substantivo transpessoal.
Tanto é que falamos hoje da educação transpessoal, da psicoterapia transpessoal e da terapia transpessoal. Por educação transpessoal compreendemos o conjunto dos métodos que permitem descobrir ou revelar o transpessoal dentro do ser humano..
Por psicoterapia transpessoal entendemos o conjunto os métodos de tratamento das neuroses pelo despertar do transpessoal, e das psicoses pela exteriorização do transpessoal semipotencializado.
Por terapia transpessoal designamos o conjunto dos métodos de restabelecimento da saúde pela progressiva redução da ilusão da existência de um "eu" separado do mundo.
Como veremos adiante, todos esses métodos são praticamente equivalentes.
O substantivo transpessoal se emprega no mesmo sentido do adjetivo, tal como definimos anteriormente. Como tema ou objeto, falamos, por exemplo, do estudo do transpessoal, do surgimento do transpessoal na vida cotidiana, da Associação transpessoal Internacional etc.
Por psicoterapia transpessoal entendemos o conjunto os métodos de tratamento das neuroses pelo despertar do transpessoal, e das psicoses pela exteriorização do transpessoal semipotencializado.
Finalmente, podemos dizer que, como a vivência transpessoal é uma vivência holística na qual o ser humano se re-des-co-bre como ser, o transpessoal é um neologismo sinônimo de ser. Como vivência holística, a dicotomia pessoal/ transpessoal é ao mesmo tempo superada e incluída no que chamamos comumente de "experiência" transpessoal.
Pierre Weil
Doutor em Psicologia pela Universidade de Paris - Reitor da Universidade Holística Internacional de Brasília)
Esse estado de consciência, segundo a cultura ou fase da história da humanidade, é designado de diferentes maneiras, entre as quais experiência mística, nirvana, estado de Buda, Reino do Céu, satori, iluminação, experiência transcendental, samadhi, consciência objetiva, consciência cósmica, sétimo céu, experiência oceânica, êxtase, realização suprema...
Esse estado de consciência não é apenas atributo de grandes místicos, santos e sábios, como Krishna, Buda, Jean de la Croix, Tereza d'Ávila, Rama Krishna, Baal Schen Taw, Ramana Maharishi e tantos outros, mas também de outras pessoas, do passado e mesmo contemporâneas que por razões diversas não revelam suas experiências a ninguém. Trata-se de um estado resultante de práticas ascéticas ou religiosas, vivenciadas também por agnósticos e materialistas.
Podemos realmente falar de "consciência", "estado", "experiência" para designar um processo ou fenômeno no qual justamente o experimentador "desaparece", fundindo-se'com a experiência e seu objeto? Trata-se certamente de vivência. Sim, mas vivenciada por quem?
Reside neste ponto certamente a principal razão do silêncio daqueles que hesitam em revelar ou descrever suas experiências: a inefabilidade dessa vivência encontra-se além de conceitos. Eis a razão do emprego da metáfora, da arte e da poesia.
Esse é o terreno que a ciência moderna tenta esclarecer pela psicologia transpessoal. Qual é a natureza dessa experiência ou dessa vivência? Como atingi-la? Por que atrai os maiores físicos contemporâneos? Por que estão médicos, psicólogos e psicoterapeutas de renome participando cada vez mais desses encontros? Qual é o significado e quais são os benefícios que a humanidade usufruirá da psicologia transpessoal?
As considerações que se seguem permitem-nos uma melhor compreensão da definição do objeto da psicologia Transpessoal:
Podemos considerar a psicologia transpessoal como um ramo do conhecimento humano, mais particularmente da psicologia.
Consiste numa pesquisa experimental e experiencial da natureza da realidade vivida como um "ir além da dualidade espaço interior/espaço exterior", além dos limites do pensamento conceitual inerente à pessoa humana.
Estuda e evidencia o caráter relativo da vivência da realidade, em função dos diferentes estados de consciência, no qual tenta identificar a natureza essencial a partir da vivência do estado de consciência cósmica ou transpessoal.
Permite ao homem revelar o mistério da limitação do ser na sua manifestação humana, fazendo-o viver sua não dualidade, graças à superação da aparente oposição do pessoal ao transpessoal, do mundo relativo ao mundo absoluto.
Por meio da metanóia retira o homem dos sofrimentos da paranóia projetiva de seus fantasmas.
Dissolve as fronteiras projetadas no espaço pelo espírito limitado do ser humano.
Por sua visão holística, a psicologia transpessoal é o ponto de encontro da ciência, da arte, da filosofia e da mística. Neste último caso, ela aglutina as religiões, evidenciando a origem única, apesar das divergências teológicas, ocidentais ou orientais.
Na vida prática cotidiana, mostra ao homem os caminhos e métodos que permitem o acesso ao transpessoal dentro do "pessoal", por meio da descoberta do "mestre interior".
Oferece assim ao homem, a todos os homens e mulheres que desejam e praticam os métodos próprios a um desses caminhos, a verdadeira liberdade e alegria de viver, pelo despertar dos valores inerentes ao ser; a sabedoria indissociável do amor para todos os seres.
Podemos enfim afirmar que a psicologia transpessoal é possuidora de um enorme potencial terapêutico, pois permite transformar as formas destrutivas de energia, como o ódio, a possessividade, o orgulho competitivo, o crime e a inveja, em harmonia e paz para cada ser humano e para toda a humanidade.
Para melhor orientar os interessados no aspecto subjetivo em termos semânticos, precisaremos as diferenças existentes entre a psicologia transpessoal propriamente dita, o adjetivo transpessoal e o substantivo transpessoal.
A psicologia transpessoal é um ramo da psicologia que estuda particularmente o estado transpessoal da consciência. - Entendemos por transpessoal, tomado como adjetivo aquilo que subsiste, que é quando desaparece o fenômeno ou a aparência da pessoa. Ou seja, transpessoal é o que fica por trás das máscaras da pessoa, dos seus condicionamentos, além da cultura.
Para melhor orientar os interessados no aspecto subjetivo em termos semânticos, precisaremos as diferenças existentes entre a psicologia transpessoal propriamente dita, o adjetivo transpessoal e o substantivo transpessoal.
Tanto é que falamos hoje da educação transpessoal, da psicoterapia transpessoal e da terapia transpessoal. Por educação transpessoal compreendemos o conjunto dos métodos que permitem descobrir ou revelar o transpessoal dentro do ser humano..
Por psicoterapia transpessoal entendemos o conjunto os métodos de tratamento das neuroses pelo despertar do transpessoal, e das psicoses pela exteriorização do transpessoal semipotencializado.
Por terapia transpessoal designamos o conjunto dos métodos de restabelecimento da saúde pela progressiva redução da ilusão da existência de um "eu" separado do mundo.
Como veremos adiante, todos esses métodos são praticamente equivalentes.
O substantivo transpessoal se emprega no mesmo sentido do adjetivo, tal como definimos anteriormente. Como tema ou objeto, falamos, por exemplo, do estudo do transpessoal, do surgimento do transpessoal na vida cotidiana, da Associação transpessoal Internacional etc.
Por psicoterapia transpessoal entendemos o conjunto os métodos de tratamento das neuroses pelo despertar do transpessoal, e das psicoses pela exteriorização do transpessoal semipotencializado.
Finalmente, podemos dizer que, como a vivência transpessoal é uma vivência holística na qual o ser humano se re-des-co-bre como ser, o transpessoal é um neologismo sinônimo de ser. Como vivência holística, a dicotomia pessoal/ transpessoal é ao mesmo tempo superada e incluída no que chamamos comumente de "experiência" transpessoal.
Pierre Weil
Doutor em Psicologia pela Universidade de Paris - Reitor da Universidade Holística Internacional de Brasília)
Os perfumes nos signos e sua cura-Vania Vieira.
Todos os templos esotéricos e curativos do passado e mesmo os atuais sempre deram ênfase especial aos perfumes. Tanto no sistema de defumação quanto nos banhos com óleos ou uso de objetos odoríferos nesses santuários, os perfumes eram importantes para o restabelecimento da saúde do usuário ou do paciente, devido à sua influência sobre o cérebro e o sistema nervoso em geral; do ponto de vista oculto, a vibração dos produtos aromáticos excita os chacras e fortalece os corpos internos, iniciando uma harmonização "de dentro para fora".
Os árabes eram especializados em produzir perfumes e óleos essenciais e por isso eram reconhecidos mundialmente por seus livros e tratados de Osmoterapia (ou Aromaterapia) que versavam acerca da confecção desses perfumes e óleos. As maiores bibliotecas espanholas, portuguesas e francesas ainda guardam valiosíssimos volumes e farta documentação sobre esse conhecimento fantástico.
Os indianos e tibetanos eram exímios manipuladores da Aromaterapia e a aplicavam em suas medicinas, as quais classificavam os perfumes em cinco categorias: repugnantes, picantes, aromáticos, rançosos e embolorados. A medicina tibetana afirmava que os perfumes têm um efeito especial no subconsciente, puxando todas as informações ligadas ao processo natural de autocura do indivíduo.
Os grandes templos budistas, a maioria deles na China e no Tibet (infelizmente, grande parte destruída) utilizavam-se de madeiras odoríficas para a confecção das estátuas sagradas de Buda e da Mãe Cósmica (Tara). Ainda se vêem nos conventos diversas bandeirolas coloridas e estátuas sagradas feitas de Sândalo, aromatizadas com deliciosos e sutis perfumes. Afirma-se que as orações mântricas feitas diante dessas estátuas podiam realizar verdadeiras e radicais curas, mesmo à distância.
Entre os índios da América do Norte era comum se cobrir os enfermos e desequilibrados com a fumaça de certas plantas, como o zimbro e o tabaco. Diziam que com esse procedimento expulsavam os maus espíritos que se alimentavam de doenças e desentendimentos, além de atraírem a presença do deus supremo da cura, Wakan Tanka, o deus-búfalo(é o próprio Espírito Santo).
Por isso se realizavam rituais com "cachimbos da paz" para se realizar acordos amistosos.
Podem-se ver também, em muitos santuários curativos, pequenas bolas feitas de panos embebidos em óleos especiais e enrolados sobre folhas e raízes de plantas especiais. É doze o número mínimo dessas bolas e se as penduravam nos tetos e portas desses templos ou nos braços das estátuas. Essas bolas, chamadas pelos tibetanos de Tchim-Purma, contêm ervas e perfumes ligados aos princípios harmonizadores dos doze signos. Sabe-se pela astrologia que cada constelação zodiacal vibra intensamente em determinada parte do corpo e o aspecto vital (ou etérico) de cada uma dessa partes da anatomia humana pode ser trabalhado, excitado e curado pelos Perfumes Zodiacais. Por exemplo: se alguém estiver com dor de cabeça ou esgotamento mental, esfregar suavemente a seiva ou o óleo das plantas arianas( que regem a cabeça); para curar os pulmões, cheirar ou tomar óleo ou chá de eucalipto, e assim por diante, sempre se respeitando certos cuidados, é óbvio.
SIGNO PERFUME
ÁRIES: MIRRA, CARVALHO ou ZIMBRO (óleos)
TOURO: MARGARIDA, COSTO (erva aromática)
GÊMEOS: ALMÉCEGA e ESPECIARIAS
CÂNCER : EUCALIPTO ou CÂNFORA
LEÃO: BENJOIM ou OLÍBANO
VIRGEM: CANELA ou SÂNDALO BRANCO
LIBRA : GÁLBANO, ROSA ou MURTA
ESCORPIÃO: HORTÊNSIA ou CORAL
SAGITÁRIO: ALOÉS ou HELIOTROPO
CAPRICÓRNIO: PINHO (extrato)
AQUÁRIO: NARDO
PEIXES: TOMILHO ou DAMA-DA-NOITE
AS DEFUMAÇÕES
Para os gnósticos, a queima num braseiro, ou turíbulo, de perfumes, óleos essenciais, raízes e folhas secas, cascas e resinas cristalizadas, vai além da sensação prazerosa de nosso sentido olfativo. Há uma influência direta e profunda em nossos ritmos nervoso, respiratório e cardíaco, provocando então uma incrementação no processo curativo. Porém, vai-se mais além ainda: O Mago sabe que o poder energético da fumaça que se desprende das ervas e produtos queimados possui a capacidade de influenciar nossos corpos internos. Na verdade, é a própria presença e poder do Elemental que se verifica naquela fumaça que envolve o paciente ou o ambiente. O elemental ligado ao produto queimado pode provocar uma série de fenômenos: acelerar o movimento dos chacras, redirecionar as forças vitais do organismo(equilibrando as energias que estão em excesso e as que estão em falta), dissolver formas-pensamento (chamadas pela psicologia de Fixações Mentais), anular fluidos magnéticos, denominados popularmente de mau-olhado...encosto...trabalhos de magia e etc...
Os árabes eram especializados em produzir perfumes e óleos essenciais e por isso eram reconhecidos mundialmente por seus livros e tratados de Osmoterapia (ou Aromaterapia) que versavam acerca da confecção desses perfumes e óleos. As maiores bibliotecas espanholas, portuguesas e francesas ainda guardam valiosíssimos volumes e farta documentação sobre esse conhecimento fantástico.
Os indianos e tibetanos eram exímios manipuladores da Aromaterapia e a aplicavam em suas medicinas, as quais classificavam os perfumes em cinco categorias: repugnantes, picantes, aromáticos, rançosos e embolorados. A medicina tibetana afirmava que os perfumes têm um efeito especial no subconsciente, puxando todas as informações ligadas ao processo natural de autocura do indivíduo.
Os grandes templos budistas, a maioria deles na China e no Tibet (infelizmente, grande parte destruída) utilizavam-se de madeiras odoríficas para a confecção das estátuas sagradas de Buda e da Mãe Cósmica (Tara). Ainda se vêem nos conventos diversas bandeirolas coloridas e estátuas sagradas feitas de Sândalo, aromatizadas com deliciosos e sutis perfumes. Afirma-se que as orações mântricas feitas diante dessas estátuas podiam realizar verdadeiras e radicais curas, mesmo à distância.
Entre os índios da América do Norte era comum se cobrir os enfermos e desequilibrados com a fumaça de certas plantas, como o zimbro e o tabaco. Diziam que com esse procedimento expulsavam os maus espíritos que se alimentavam de doenças e desentendimentos, além de atraírem a presença do deus supremo da cura, Wakan Tanka, o deus-búfalo(é o próprio Espírito Santo).
Por isso se realizavam rituais com "cachimbos da paz" para se realizar acordos amistosos.
Podem-se ver também, em muitos santuários curativos, pequenas bolas feitas de panos embebidos em óleos especiais e enrolados sobre folhas e raízes de plantas especiais. É doze o número mínimo dessas bolas e se as penduravam nos tetos e portas desses templos ou nos braços das estátuas. Essas bolas, chamadas pelos tibetanos de Tchim-Purma, contêm ervas e perfumes ligados aos princípios harmonizadores dos doze signos. Sabe-se pela astrologia que cada constelação zodiacal vibra intensamente em determinada parte do corpo e o aspecto vital (ou etérico) de cada uma dessa partes da anatomia humana pode ser trabalhado, excitado e curado pelos Perfumes Zodiacais. Por exemplo: se alguém estiver com dor de cabeça ou esgotamento mental, esfregar suavemente a seiva ou o óleo das plantas arianas( que regem a cabeça); para curar os pulmões, cheirar ou tomar óleo ou chá de eucalipto, e assim por diante, sempre se respeitando certos cuidados, é óbvio.
SIGNO PERFUME
ÁRIES: MIRRA, CARVALHO ou ZIMBRO (óleos)
TOURO: MARGARIDA, COSTO (erva aromática)
GÊMEOS: ALMÉCEGA e ESPECIARIAS
CÂNCER : EUCALIPTO ou CÂNFORA
LEÃO: BENJOIM ou OLÍBANO
VIRGEM: CANELA ou SÂNDALO BRANCO
LIBRA : GÁLBANO, ROSA ou MURTA
ESCORPIÃO: HORTÊNSIA ou CORAL
SAGITÁRIO: ALOÉS ou HELIOTROPO
CAPRICÓRNIO: PINHO (extrato)
AQUÁRIO: NARDO
PEIXES: TOMILHO ou DAMA-DA-NOITE
AS DEFUMAÇÕES
Para os gnósticos, a queima num braseiro, ou turíbulo, de perfumes, óleos essenciais, raízes e folhas secas, cascas e resinas cristalizadas, vai além da sensação prazerosa de nosso sentido olfativo. Há uma influência direta e profunda em nossos ritmos nervoso, respiratório e cardíaco, provocando então uma incrementação no processo curativo. Porém, vai-se mais além ainda: O Mago sabe que o poder energético da fumaça que se desprende das ervas e produtos queimados possui a capacidade de influenciar nossos corpos internos. Na verdade, é a própria presença e poder do Elemental que se verifica naquela fumaça que envolve o paciente ou o ambiente. O elemental ligado ao produto queimado pode provocar uma série de fenômenos: acelerar o movimento dos chacras, redirecionar as forças vitais do organismo(equilibrando as energias que estão em excesso e as que estão em falta), dissolver formas-pensamento (chamadas pela psicologia de Fixações Mentais), anular fluidos magnéticos, denominados popularmente de mau-olhado...encosto...trabalhos de magia e etc...
quarta-feira, 12 de maio de 2010
Sejamos como a flor de Lótus e tudo que ela expressa-Vania Vieira
A flor-de-lótus (Nelumbo nucifera), também conhecida como lótus-egípcio, lótus-sagrado e lótus-da-índia, é uma planta da família das ninfáceas (mesma família da vitória-régia) nativa do sudeste da Ásia (Japão, Filipinas e Índia, principalmente).
Olhada com respeito e veneração pelos povos orientais, ela é freqüentemente associada a Buda, por representar a pureza emergindo imaculada de águas lodosas. No Japão, por exemplo, esta flor é tão admirada que, quando chega a primavera, o povo costuma ir aos lagos para ver o botão se transformando em flor.
Lótus é o símbolo da expansão espiritual, do sagrado, do puro.
A lenda budista nos relata que quando Siddhartha, que mais tarde se tornaria o Buda, tocou o solo e fez seus primeiros sete passos, sete flores de lótus cresceram. Assim, cada passo do Bodhisattva é um ato de expansão espiritual. Os Budas em meditação são representados sentados sobre flores de lótus, e a expansão da visão espiritual na meditação (dhyana) está simbolizada pelas flores de lótus completamente abertas, cujos centros e pétalas suportam imagens, atributos ou mantras de vários Budas e Boddhisattvas, de acordo com sua posição relativa e relação mútua.
Do mesmo modo, os centros da consciência no corpo humano (chacras) estão representados como flores de lótus, cujas cores correspondem ao seu caráter individual, enquanto o número de suas pétalas corresponde às suas funções.
O significado original deste simbolismo pode ser visto pela semelhança seguinte: Tal como a flor do lótus cresce da escuridão do lodo para a superfície da água, abrindo sua flores somente após ter-se erguido além da superfície, ficando imaculada de ambos, terra e água, que a nutriram - do mesmo modo a mente, nascida no corpo humano, expande suas verdadeiras qualidades (pétalas) após ter-se erguido dos fluidos turvos da paixão e da ignorância, e transforma o poder tenebroso da profundidade no puro néctar radiante da consciência Iluminada (bidhicitta), a incomparável jóia (mani) na flor de lótus (padma). Assim, o arahant (santo) cresce além deste mundo e o ultrapassa. Apesar de suas raízes estarem na profundidade sombria deste mundo, sua cabeça está erguida na totalidade da luz. Ele é a síntese viva do mais profundo e do mais elevado, da escuridão e da luz, do material e do imaterial, das limitações da individualidade e da universalidade ilimitada, do formado e do sem forma, do Samsara e do Nirvana.
Se o impulso para a luz não estivesse adormecido na semente profundamente escondida na escuridão da terra, o lótus não poderia se voltar em direção à luz. Se o impulso para uma maior consciência e conhecimento não estivesse adormecido mesmo no estado da mais profunda ignorância, nem mesmo num estado de completa inconsciência um Iluminado nunca poderia se erguer da escuridão do Samsara.
A semente da Iluminação está sempre presente no mundo, e do mesmo modo como os Budas surgiram nos ciclos passados do mundo, também os Iluminados surgem no presente ciclo e poderão surgir em futuros ciclos, enquanto houver condições adequadas para vida orgânica e consciente.
Olhada com respeito e veneração pelos povos orientais, ela é freqüentemente associada a Buda, por representar a pureza emergindo imaculada de águas lodosas. No Japão, por exemplo, esta flor é tão admirada que, quando chega a primavera, o povo costuma ir aos lagos para ver o botão se transformando em flor.
Lótus é o símbolo da expansão espiritual, do sagrado, do puro.
A lenda budista nos relata que quando Siddhartha, que mais tarde se tornaria o Buda, tocou o solo e fez seus primeiros sete passos, sete flores de lótus cresceram. Assim, cada passo do Bodhisattva é um ato de expansão espiritual. Os Budas em meditação são representados sentados sobre flores de lótus, e a expansão da visão espiritual na meditação (dhyana) está simbolizada pelas flores de lótus completamente abertas, cujos centros e pétalas suportam imagens, atributos ou mantras de vários Budas e Boddhisattvas, de acordo com sua posição relativa e relação mútua.
Do mesmo modo, os centros da consciência no corpo humano (chacras) estão representados como flores de lótus, cujas cores correspondem ao seu caráter individual, enquanto o número de suas pétalas corresponde às suas funções.
O significado original deste simbolismo pode ser visto pela semelhança seguinte: Tal como a flor do lótus cresce da escuridão do lodo para a superfície da água, abrindo sua flores somente após ter-se erguido além da superfície, ficando imaculada de ambos, terra e água, que a nutriram - do mesmo modo a mente, nascida no corpo humano, expande suas verdadeiras qualidades (pétalas) após ter-se erguido dos fluidos turvos da paixão e da ignorância, e transforma o poder tenebroso da profundidade no puro néctar radiante da consciência Iluminada (bidhicitta), a incomparável jóia (mani) na flor de lótus (padma). Assim, o arahant (santo) cresce além deste mundo e o ultrapassa. Apesar de suas raízes estarem na profundidade sombria deste mundo, sua cabeça está erguida na totalidade da luz. Ele é a síntese viva do mais profundo e do mais elevado, da escuridão e da luz, do material e do imaterial, das limitações da individualidade e da universalidade ilimitada, do formado e do sem forma, do Samsara e do Nirvana.
Se o impulso para a luz não estivesse adormecido na semente profundamente escondida na escuridão da terra, o lótus não poderia se voltar em direção à luz. Se o impulso para uma maior consciência e conhecimento não estivesse adormecido mesmo no estado da mais profunda ignorância, nem mesmo num estado de completa inconsciência um Iluminado nunca poderia se erguer da escuridão do Samsara.
A semente da Iluminação está sempre presente no mundo, e do mesmo modo como os Budas surgiram nos ciclos passados do mundo, também os Iluminados surgem no presente ciclo e poderão surgir em futuros ciclos, enquanto houver condições adequadas para vida orgânica e consciente.
terça-feira, 11 de maio de 2010
Do mundo virtual ao espiritual -Frei Betto
Do mundo virtual ao espiritual
(Os psicanalistas tentam descobrir o que fazer com o desejo dos seus pacientes. Colocá-los onde?)
Frei Betto
Ao viajar pelo Oriente, mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos em paz em seus mantos cor de açafrão.
Outro dia, observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares, preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam. Com certeza, já haviam tomado café-da-manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, todos comiam vorazmente. Aquilo me fez refletir: 'Qual dos dois modelos produz felicidade?'
Encontrei Daniela, de 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: 'Não foi à aula?' Ela respondeu: 'Não, tenho aula à tarde'.
Comemorei:
'Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir até mais tarde'. 'Não', retrucou ela, 'tenho tanta coisa de manhã...'
'Que tanta coisa?', perguntei. 'Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina', e começou a elencar seu programa de garota robotizada.
Fiquei pensando: 'Que pena, a Daniela não disse: 'Tenho aula de meditação!''
Estamos construindo super-homens e supermulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados.
Por isso as empresas consideram agora que, mais importante que o QI, é a IE, a inteligência emocional.
Não adianta ser um superexecutivo se não se consegue se relacionar com as pessoas. Ora, como seria importante os currículos escolares incluírem aulas de meditação!
Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem 60 academias de ginástica e três livrarias! Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito.
Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: 'Como estava o defunto?'. 'Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!' Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?
Outrora, falava-se em realidade: análise da realidade, inserir-se na realidade, conhecer a realidade.
Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é virtual.
Pode-se fazer sexo virtual pela internet: não se pega Aids, não há envolvimento emocional, controla-se no mouse.
Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizinho de prédio ou de quadra!
Tudo é virtual, entramos na virtualidade de todos os valores, não há compromisso com o real!
É muito grave esse processo de abstração da linguagem, de sentimentos: somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais.
Enquanto isso, a realidade vai por outro lado, pois somos também eticamente virtuais…
A cultura começa onde a natureza termina. Cultura é o refinamento do espírito.
Televisão, no Brasil – com raras e honrosas exceções –, é um problema: a cada semana que passa, temos a sensação de que ficamos um pouco menos cultos.
A palavra hoje é entretenimento; domingo, então, é o dia nacional da imbecilização coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem
vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela.
Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres:
'Se tomar este refrigerante, calçar este tênis, usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!'
O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste aumenta a neurose.
Os psicanalistas tentam descobrir o que fazer com o desejo dos seus pacientes. Colocá-los onde? Eu, que não sou da área, posso me dar o direito de apresentar uma sugestão. Acho que só há uma saída: virar o desejo para dentro. Porque, para fora, ele não tem aonde ir!
O grande desafio é virar o desejo para dentro, gostar de si mesmo, começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista.
Assim, pode-se viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental, alguns requisitos são indispensáveis: amizades, auto-estima, falta de estresse, parar de julgar as pessoas, ter a conciência que o problema não está nos outros, está em você, e, para mudá-los, é você quem tem que mudar. Colocar a culpa em outra pessoa é muito mais fácil que assumir a total responsabilidade. Se você deseja curar alguém, mesmo um criminoso mentalmente doente, você o faz curando a si mesmo. Como disse o Dr. Ihaleakala Hew Len...'Quando você queira ou deseje melhorar qualquer coisa na sua vida, existe somente um lugar onde procurar: dentro de você mesmo. E, quando olhar, faça-o com amor'. Amar-se a si mesmo é a melhor forma de melhorar a si mesmo e, à medida que você melhora a si mesmo, melhora o seu mundo'.
Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno.
Se alguém vai à Europa e visita uma pequena cidade onde há uma catedral, deve procurar saber a história daquela cidade – a catedral é o sinal de que ela tem história.
Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dos shopping centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingo.
E ali dentro se sente uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas...
Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas.
Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório.
Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno... Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do McDonald's…
Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas:
'Estou apenas fazendo um passeio socrático.'
Diante de seus olhares espantados, explico: 'Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia: 'Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz.''
(Os psicanalistas tentam descobrir o que fazer com o desejo dos seus pacientes. Colocá-los onde?)
Frei Betto
Ao viajar pelo Oriente, mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos em paz em seus mantos cor de açafrão.
Outro dia, observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares, preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam. Com certeza, já haviam tomado café-da-manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, todos comiam vorazmente. Aquilo me fez refletir: 'Qual dos dois modelos produz felicidade?'
Encontrei Daniela, de 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: 'Não foi à aula?' Ela respondeu: 'Não, tenho aula à tarde'.
Comemorei:
'Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir até mais tarde'. 'Não', retrucou ela, 'tenho tanta coisa de manhã...'
'Que tanta coisa?', perguntei. 'Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina', e começou a elencar seu programa de garota robotizada.
Fiquei pensando: 'Que pena, a Daniela não disse: 'Tenho aula de meditação!''
Estamos construindo super-homens e supermulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados.
Por isso as empresas consideram agora que, mais importante que o QI, é a IE, a inteligência emocional.
Não adianta ser um superexecutivo se não se consegue se relacionar com as pessoas. Ora, como seria importante os currículos escolares incluírem aulas de meditação!
Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem 60 academias de ginástica e três livrarias! Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito.
Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: 'Como estava o defunto?'. 'Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!' Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?
Outrora, falava-se em realidade: análise da realidade, inserir-se na realidade, conhecer a realidade.
Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é virtual.
Pode-se fazer sexo virtual pela internet: não se pega Aids, não há envolvimento emocional, controla-se no mouse.
Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizinho de prédio ou de quadra!
Tudo é virtual, entramos na virtualidade de todos os valores, não há compromisso com o real!
É muito grave esse processo de abstração da linguagem, de sentimentos: somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais.
Enquanto isso, a realidade vai por outro lado, pois somos também eticamente virtuais…
A cultura começa onde a natureza termina. Cultura é o refinamento do espírito.
Televisão, no Brasil – com raras e honrosas exceções –, é um problema: a cada semana que passa, temos a sensação de que ficamos um pouco menos cultos.
A palavra hoje é entretenimento; domingo, então, é o dia nacional da imbecilização coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem
vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela.
Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres:
'Se tomar este refrigerante, calçar este tênis, usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!'
O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste aumenta a neurose.
Os psicanalistas tentam descobrir o que fazer com o desejo dos seus pacientes. Colocá-los onde? Eu, que não sou da área, posso me dar o direito de apresentar uma sugestão. Acho que só há uma saída: virar o desejo para dentro. Porque, para fora, ele não tem aonde ir!
O grande desafio é virar o desejo para dentro, gostar de si mesmo, começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista.
Assim, pode-se viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental, alguns requisitos são indispensáveis: amizades, auto-estima, falta de estresse, parar de julgar as pessoas, ter a conciência que o problema não está nos outros, está em você, e, para mudá-los, é você quem tem que mudar. Colocar a culpa em outra pessoa é muito mais fácil que assumir a total responsabilidade. Se você deseja curar alguém, mesmo um criminoso mentalmente doente, você o faz curando a si mesmo. Como disse o Dr. Ihaleakala Hew Len...'Quando você queira ou deseje melhorar qualquer coisa na sua vida, existe somente um lugar onde procurar: dentro de você mesmo. E, quando olhar, faça-o com amor'. Amar-se a si mesmo é a melhor forma de melhorar a si mesmo e, à medida que você melhora a si mesmo, melhora o seu mundo'.
Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno.
Se alguém vai à Europa e visita uma pequena cidade onde há uma catedral, deve procurar saber a história daquela cidade – a catedral é o sinal de que ela tem história.
Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dos shopping centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingo.
E ali dentro se sente uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas...
Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas.
Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório.
Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno... Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do McDonald's…
Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas:
'Estou apenas fazendo um passeio socrático.'
Diante de seus olhares espantados, explico: 'Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia: 'Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz.''
Assinar:
Postagens (Atom)