domingo, 20 de setembro de 2009

ACENDE A LUZ!

ACENDE A LUZ
Ao longo do caminho em que jornadeias para diante,
encontrarás a treva a cercar-te em todos os flancos.
Trevas da ignorância em forma de incompreensão,
nevoeiros de ódio em forma de desespero,
neblinas de impaciência em forma de lágrimas
e sombras de loucura em forma de tentações sinistras.
Acende, porém, a luz da oração e caminha.
A prece é claridade que te auxiliará a ver a amargura das vítimas do mal,
as feridas dos que te ofendem sem perceber,
as mágoas dos que te perseguem
e a infelicidade dos que te caluniam.
Ora e segue, adiante.
O horizonte é sempre mais nobre
e a estrada sempre mais sublime,
desde que a oração permaneça em tua alma
em forma de confiança e de luz.
ANDRÉ LUIZ
(Do livro "Servidores no Além", Francisco Cândido Xavier)

sábado, 19 de setembro de 2009

A doença do MEDO-Vania vieira

A doença psicológica do medo não está presa a qualquer perigo imediato concreto e verdadeiro. Manifesta-se de várias formas, tais como agitação, preocupação, ansiedade, nervosismo, tensão, pavor, fobia, etc. Esse tipo de medo psicológico é sempre de alguma coisa que poderá acontecer, não de alguma coisa que está acontecendo neste momento. Você está aqui e agora, ao passo que a sua mente está no futuro. Essa situação cria um espaço de angústia. E, caso estejamos identificados com as nossas mentes e tenhamos perdido o contato com o poder e a simplicidade do Agora, essa angústia será nossa companhia constante.Podemos sempre lidar com uma situação no momento em que ela se apresenta, mas não podemos lidar com algo que é apenas uma projeção mental. Não podemos lidar com o futuro.Além do mais, enquanto estivermos identificados com a mente, o ego regerá as nossas vidas. Por conta da sua natureza ilusória e apesar dos elaborados mecanismos de defesa, o ego é muito vulnerável e inseguro e vê a si mesmo sob constante ameaça. Esse é o caso aqui, mesmo que o ego seja muito confiante, em sua forma externa. Agora, lembre-se de que uma emoção é a reação do corpo à mente. Que mensagem o corpo está recebendo permanentemente do ego, o falso eu interior construído pela mente? Perigo,vc está sob ameaça. E qual é a emoção gerada por essa mensagem permanente? Medo é claro.O medo parece ter várias causas. Tememos perder, falhar, nos machucar, mas em última análise todos os medos se resumem a um só: o medo que o ego tem da morte e da destruição. Para o ego, a morte está bem ali na esquina. No estado de identificação com a mente, o medo da morte afeta cada aspecto da nossa vida.Por exemplo, mesmo uma coisa aparentemente trivial ou "normal", como a necessidade compulsiva de estar certo em um argumento e demonstrar à outra pessoa que ela está errada, acontece por causa do medo da morte. Se estivermos identificados com uma atitude mental e descobrirmos que estamos errados, nosso sentido de eu interior baseado na mente correrá um sério risco de destruição.Portanto, assim como o ego, você não pode errar. Errar é morrer. Muitas guerras foram disputadas por causa disso, e inúmeros relacionamentos foram destruídos.Uma vez que não estejamos mais identificados com a mente, não faz a menor diferença para o nosso eu interior estarmos certos ou errados. Assim, a necessidade compulsiva e profundamente inconsciente de termos sempre razão - o que é uma forma de violência - vai desaparecer. Você poderá declarar de modo calmo e firme como se sente ou o que pensa a respeito de algum assunto, mas sem agressividade ou qualquer sentido de defesa. O sentido do eu interior passa a se originar de um lugar profundo « verdadeiro dentro de você, não mais de sua mente.TENHA CUIDADO COM qualquer tipo de defesa dentro de você. Está se defendendo de quê? De uma identidade ilusória, de uma imagem em sua mente, de uma entidade fictícia. Ao trazer esse padrão à consciência, ao testemunhá-lo, você deixa de se identificar com ele. À luz da sua consciência, o padrão de inconsciência irá se dissolver rapidamente. Esse é o fim de todos os argumentos e jogos de poder, tão prejudiciais aos relacionamentos. O poder sobre os outros é a fraqueza disfarçada de força.O verdadeiro poder é interior e está à sua disposição agora.A mente procura sempre negar e escapar do Agora. Em outras palavras, quanto mais nos identificamos com as nossas mentes, mais sofremos. Ou ainda, quanto mais respeitamos e aceitamos o Agora, mais nos libertamos da dor, do sofrimento e da mente.Se não quer gerar mais sofrimento para você e para os outros, se não quer acrescentar mais nada ao resíduo do sofrimento do passado que ainda vive em você, não crie mais tempo, ou, pelo menos, não mais do que o necessário para lidar com os aspectos práticos da sua vida. Como deixar de criar tempo?TENDO UMA PROFUNDA consciência de que o momento presente é tudo o que você tem. Faça do Agora o foco principal da sua vida.Se antes você se fixava no tempo e fazia rápidas visitas ao Agora, inverta essa lógica, fixando-se no Agora e fazendo visitas rápidas ao passado e ao futuro quando precisar lidar com os aspectos práticos da sua vida.Diga sempre "sim" ao momento atual!

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

...das mãos para o coração...

Programa Mãos que Cuidam: Das mãos para os corações
Visitar um parente ou amigo no hospital é sair com o coração partido. A dor estampada no rosto e o acúmulo de tubos e fios que a medicina moderna impõe ao doente compõem um quadro desolador. Se o sofrimento abala as visitas imagine então o que o próprio doente está passando. A necessidade de darmos conforto a ele quase sempre não passa da boa intenção. Palavras de consolo, de ânimo, promessas de que logo irá melhorar – sejam verdadeiras ou não - é o máximo que conseguimos lhe passar. A medicina se incumbe dos procedimentos e dos remédios, e os religiosos da oração. Mas haveria alguma outra maneira de confortar aquele ser desamparado, praticamente jogado (ainda que receba todos os cuidados de um hospital) naquela cama? A massoterapeuta Rosana Ades, criadora do Programa Mãos que Cuidam, achou um caminho nunca antes adotado nos hospitais do Brasil: a massoterapia de conforto (massoterapia significa massagem terapêutica)Formada em Comunicação Social, Rosana sempre se sentiu atraída pela área de Saúde e no final dos anos 90 deixou de lado a atividade de publicitária para dedicar-se ao estudo de técnicas de massagem terapêutica. Nessa época, fazendo um trabalho voluntário com crianças em hospitais públicos, já pensava no projeto que viria a realizar somente na passagem do século. O que desencadeou sua concretização foi a leitura de uma edição da revista americana “Massage Magazine”. Rosana se lembra do impacto que a capa lhe causou: “Uma mulher de cabelos muito curtos, coberta apenas com um lençol até a cintura, tinha o braço direito dobrado sobre o ombro esquerdo, enquanto o outro braço repousava tranquilamente no colo. Como somente um braço a protegia, era visível um corte em cada lado do peito, de forma diagonal, dando a entender que havia passado por uma mastectomia total. Embora chocante, a beleza da foto sobre um fundo em sépia revelava grande delicadeza. A chamada da matéria era: “Tocando pacientes com câncer.”Como qualquer aluna de massagem terapêutica, Rosana tinha aprendido que não se deve massagear pessoas com câncer, pois isto pode provocar um maior estímulo do sistema linfático e ocasionar a metástase daquele câncer. Intrigada, ela se indagou: quem estaria conseguindo quebrar o paradigma então vigente de que massagear pacientes com câncer era contra-indicado? ”A autora desta ousadia era a massoterapeuta americana Gayle MacDonald e Rosana resolveu procurá-la. Afinal, a norte-americana parecia apontar a direção para seu mais caro objetivo já citado aqui: tornar a massagem terapêutica uma técnica aceita e respeitada, e ser um complemento aos procedimentos tradicionais de saúde. Ao saber que Gayle MacDonald daria um treinamento em massagem terapêutica para pacientes com câncer em um hospital-universitário na cidade de Portland, nos Estados Unidos, Rosana se inscreveu e viajou para lá. “Voltei para o Brasil cheia de novidades, com o livro da Gayle nas mãos, certa de que havia aprendido muito e que minha missão seria muito simples: iniciar o primeiro programa brasileiro de massagem em hospitais”.
OS DESAFIOS
Até então, Rosana não tinha ideia dos desafios que encontraria pela frente para tornar esse programa viável. Passou várias noites em claro, imaginando como faria isso. “O primeiro passo seria adaptar projetos americanos, que estavam em pleno andamento, para a nossa cultura hospitalar. Passei o ano inteiro de 2002 trabalhando em um projeto-piloto.” As dúvidas de Rosana eram muitas: com quem falaria sobre o projeto? Qual era o público a ser atendido? Como convencer um diretor de hospital de que o trabalho poderia ser bom tanto para os funcionários quanto para os pacientes? Seria ousadia sua, com tão pouca vivência na área, fazer esse trabalho em um hospital? Como quebrar o medo e o preconceito dos profissionais da saúde tradicionais, sem ferir vulnerabilidades e egos? E enfim, onde arrumar coragem para enfrentar uma primeira entrevista com o responsável do setor de humanização de um grande hospital particular? Vencidas as barreiras internas, Rosana começou a fazer contatos com profissionais da Saúde em vários hospitais de São Paulo. Muitos que a ouviam achavam a idéia tentadora, interessante e diferenciada, mas poucos tinham coragem de levar o projeto adiante. Fazia apresentações em “Power Point” em hospitais, com uma banca examinadora assistindo. “Sempre senti receptividade positiva de todos os lugares, mas ficava só nisso. Faltava ousadia, até mesmo dos diretores que me assistiam”.Ela então começou a participar de Congressos de Humanização Hospitalar promovidos pela Associação Viva e Deixe Viver, Doutores da Alegria e Projeto Carmim. “Em uma dessas exposições, no Centro de Convenções Rebouças, aluguei um estande só para mim onde expus imagens auto-explicativas sobre meus atendimentos no hospital americano em que fiz o curso. Para cada médico, assistente social ou simples curioso que entrava no estande eu contava minha experiência e mostrava a forte crença no trabalho que realizava. Àquela altura eu já confiava muito no que estava fazendo”. SURGE UM CONVITEFoi então que um médico, diretor no Emilio Ribas na época, junto com uma assistente social, convidou Rosana para fazer uma vivência com os funcionários do Hospital. Quem sabe, depois, com mais confiança, o Hospital a chamaria para se aproximar dos pacientes. “Só o Emílio Ribas se mostrou aberto para o novo. E neste hospital, berço de tantos outros projetos de humanização, pude atender funcionários e pacientes, apoiada por uma equipe multidisciplinar”. Para chegar até os pacientes Rosana precisou antes sensibilizar os funcionários. A ideia partiu dela e da assistente social: colocaram um biombo em um canto do terceiro andar, onde ficavam as crianças, adolescentes e alguns adultos. Os funcionários, a cada 20 minutos, recebiam uma massagem nas cadeiras de “quick-massage” e saíam da curta sessão, completamente renovados. Ela ia explicando a cada um o porquê de sua presença lá. “Foi uma fase maravilhosa de descobertas, tanto para mim quanto para os que participaram. Muitos funcionários nunca tinham recebido uma massagem antes!” Rosana aprendeu muito nesse atendimento pois percebeu que a necessidade dos funcionários era tão grande quanto à dos pacientes acamados. “Estavam debilitados fisicamente, cansados, estressados, muitos com problemas de obesidade e infelizes. A massagem ajudava-os a relaxar, a respirar melhor. Também se sentiam valorizados pelo hospital onde atuavam, pensando que finalmente alguém se preocupava com eles”. Da fase de sensibilização para o toque dos pacientes foi um passo muito natural, pois os funcionários logo perceberam que os pacientes se sentiriam bem e ficariam mais tranquilos depois da massagem. Durante um ano, uma vez por semana, Rosana dedicou manhãs e tardes a funcionários e pacientes acamados, com o apoio e orientação da médica Dra. Glória Brunetti, hoje a presidente do Voluntariado Emílio Ribas (VER). O programa, enfim, foi implantado em março de 2004
O TOQUE
A trajetória, árdua e longa, contrasta com a simplicidade da proposta: a prática de massagem leve e reconfortante nos pacientes internados, exercida por profissionais capacitados em massoterapia. Em um atendimento que dura aproximadamente meia hora, os massoterapeutas aplicam a terapia do toque. Rosana explica: “Há um protocolo de atendimento, os massagistas são orientados em todos os passos desse protocolo: como proceder antes de entrar no quarto; como se comportar ao encontrar-se com o paciente e a família que o acompanha; que regiões do corpo podem e devem ser tocadas e quais não podem ser tocadas; como manusear o corpo do paciente; quando pedir ajuda ao auxiliar de enfermagem; precauções universais de higiene; confidencialidade de tudo o que o paciente falar durante a sessão, entre outros cuidados. Tocamos basicamente nos pés, pernas, mãos, braços, ombros e se possível a cabeça. Mas cada paciente tem uma necessidade específica, e dosamos o toque para não atrapalhar ou prejudicar a pessoa acamada. Tomamos cuidado, também, para não tirar cateteres do lugar, o que poderia causar uma infecção”. Nem todos os pacientes sentem-se aptos para a massagem, alguns pensam que irá doer. “Só atendemos quem realmente deseja o toque. Primeiro explicamos o que iremos fazer, pedimos autorização do médico responsável, que assina um termo de responsabilidade. E o paciente, se puder, também terá que autorizar por escrito.” Mas, segundo a massoterapeuta, depois que conhecem o trabalho os paciente costumam virar “fregueses”. “O relaxamento é tão grande que a maioria adormece igual a um bebê. Muitas vezes, tive uma sensação materna, cobrindo os pacientes como uma mãe faz com seus filhos, apagando a luz e saindo do quarto, avisando para a enfermagem deixá-los descansar um pouco”. A “fama” da massagem de Rosana correu pelo hospital e muitos médicos e residentes, curiosos, pediam para ver como era o trabalho. “Assim, foi-se criando uma relação de muita confiança entro as equipes de saúde e o meu programa”.
HISTÓRIAS
Sobre os pacientes, Rosana poderia escrever um livro inteiro de experiências inesquecíveis - e gratificantes. “Não há histórias ruins, porque mesmo os pacientes que acabaram por falecer tiveram a possibilidade de viver momentos de troca profunda, de relaxamento, de sensação de bem estar no corpo, de poder dormir, de não se sentir sozinhos. Gratos pelo toque que recebiam, tocavam o coração dos massoterapeutas. São histórias lindas de gratidão e encontro”. Uma das lembranças mais marcantes para ela é a do paciente que havia acabado de chegar de um exame de punção para verificar se tinha meningite. A pedido da enfermeira, iria fazer a massagem. “O paciente voltou para o quarto tão traumatizado pelo exame que não conseguia se mexer por medo de doer. Quando falei da massagem, ele murmurou que não sabia como poderia ser tocado, já que tudo doía. Fui me aproximando com calma e delicadeza, começando por um “cafuné” nos cabelos. Depois, fui para os pés, muito suavemente. Fiquei por um tempo simplesmente segurando seus pés. Coloquei então uma das minhas mãos, com muito cuidado, sob o osso sacro dele, e repousei a outra mão sobre a barriga, formando um “sanduíche de toque”, aquecendo essa região. Depois disso, ele começou a se mexer e se espreguiçou como um gato. Surpresa, perguntei: como conseguiu se espreguiçar ? Não disse que tudo doía ? Ele respondeu: você é mágica, não sinto mais nada. Depois levantou-se e foi andar pelo corredor. Nunca vou me esquecer desse atendimento. Não fiz grande coisa, nenhuma manobra tão especial, apenas o toquei com respeito, cautela e bom senso.”E assim, de paciente em paciente, Rosana foi constatando que ao final de cada sessão a atmosfera do quarto se transformava: com músculos e mentes relaxados, ele adquire outra energia para enfrentar o seu tratamento. O VOLUNTARIADOUma parte delicada do projeto foi conseguir profissionais para o trabalho, pois somente massoterapeutas e fisioterapeutas com treinamento em massagem podem atuar. Esse treinamento, feito pelo próprio Hospital Emilio Ribas, dura um ano, quando são oferecidas palestras e dinâmicas de grupo para que os participantes se certifiquem de que realmente desejam fazer um trabalho voluntário. Todos passam também por um treinamento em biosegurança, já que é um hospital de doenças infecciosas. Há o treinamento específico para massoterapeutas – eles precisam adaptar o toque de massagem para pacientes acamados, transformando-o em um toque de conforto. Aprendem também como atuar em um ambiente hospitalar, algo que não se ensina nas escolas tradicionais de massagem. “Estamos preparando agora o conteúdo programático para o primeiro curso de massagem hospitalar com certificação científica no Brasil, que deve ter início ainda em 2009,” diz Rosana. Orgulhosa, acrescenta: “Pelo pioneirismo, profissionalismo e dedicação, somos referência nacional em Massoterapia Hospitalar.”
RESULTADOS
Desde o início do programa até hoje, mais de duas mil pessoas, entre funcionários e pacientes, foram atendidas por diversos profissionais de massagem terapêutica e fisioterapia voltada para o toque terapêutico. “Vamos ao hospital quase todos os dias, dependendo do número de voluntários que temos naquela semana. Se só temos dois, cada um irá atender, em média, três pacientes. Às vezes, pacientes que já estiveram no Emilio Ribas retornam com outros problemas de saúde e sabendo que estamos lá, solicitam nossa visita,” explica Rosana
PARCERIAS
O Programa Mãos que Cuidam não seria possível sem as parcerias iniciais que conseguiu. As empresas Legno e Mex doaram macas de massagem e cadeiras de “quick-massage”. As empresas Bioservice e Saniplan doaram luvas e óleos especiais. Hoje, o VER, a ONG que o hospital criou, consegue doações em espécie e em dinheiro para que o programa se mantenha. A empresa By Samia também doou óleos vegetais e a empresa Muriel também é uma importante parceira na doação de óleos de massagem. “Quando não compramos as luvas de nitrile brasileiras, aproveitamos amigos que viajam aos Estados Unidos, e quando eles retornam, sempre trazem umas duas caixas de luvas roxas de nitrile, que são mais agradáveis ao toque do que as luvas de látex, além de serem mais bonitas e as crianças adorarem.
A REALIZAÇÃO DE UM SONHO
Um sonho de Rosana e do Voluntariado do Emilio Ribas motivou-a a participar do Projeto Generosidade: a possibilidade de criar, com o valor do prêmio, o primeiro “hospice” brasileiro. Hospice é o nome utilizado fora do Brasil às casas que acolhem pessoas que estejam fora de condições de recuperação terapêutica, recebendo cuidados especiais de uma equipe multidisciplinar, até o seu momento final. Rosana almeja também dirigir uma parte do valor do prêmio às ações do VER, o Voluntariado Emílio Ribas, e ao curso de massoterapia hospitalar.“Depois dessa trajetória de cinco anos em um hospital público, de muito aprendizado para todos os que contribuíram e participaram da efetivação do Programa Mãos que Cuidam no Brasil, seria maravilhoso que mais hospitais, casas de apoio e cuidadores se beneficiassem desse instrumento de humanização. Sou grata a todos que colaboraram e abriram portas para que o projeto se tornasse realidade: Valdir Cimino, do Programa Viva e Deixe Viver; Dr. Alexandre Campéas, médico pediatra do I.I. Emilio Ribas que a convidou; Adna, a assistente social que ajudou na sensibilização dos funcionários; e Dra. Glória Brunetti, médica infectologista e Presidente do VER, além de todos os funcionários e diretoria do I. I. Emílio Ribas,” termina Rosana Ades. Para saber mais: www.rosanaades.net
Texto preparado por Maria José Reis (jornalista)

terça-feira, 1 de setembro de 2009

ah..os médicos!...

"Os médicos estão entre as três maiores causas de morte atualmente"
Vernon Coleman
. Tem 57 anos
. Gosta de escrever livros de ficção e já publicou 12 romances
. Divide seu tempo entre o interior da Inglaterra e uma cobertura no
centro de Paris
. Sofre de "cotovelo de tenista" nos dois braços por causa da má-postura
ao digitar
Medicina faz mal à saúde
O médico Vernon Coleman diz que os hospitais mais matam do que
curam e que é preciso ser muito saudável para sobreviver a um deles
Por Sérgio Gwercman
Um selo colado na testa advertindo sobre os perigos que podem causar
à saúde. Se dependesse do inglês Vernon Coleman, esse seria o
uniforme ideal dos médicos. Dono de um diploma em medicina e um
doutorado em ciências, Coleman abandonou a carreira após dez anos de
trabalho para ganhar a vida escrevendo livros com títulos sugestivos do
tipo Como Impedir o seu Médico de o Matar.
Autor de 95 livros, o inglês é um auto-intitulado defensor dos direitos dos
pacientes. Em seus textos, publicados nos principais jornais do Reino
Unido, costuma atacar a indústria farmacêutica - para ele, a grande
financiadora da decadência - e, principalmente, os médicos que
recusam tratamentos que excluam a utilização de remédios e cirurgias.
Dono de opiniões polêmicas, Coleman ainda afirma que 90% das
doenças poderiam ser curadas sem a ajuda de qualquer droga e que
quanto mais a tecnologia se desenvolve, pior fica a qualidade dos
diagnósticos.
Como um médico deve se comportar para oferecer o melhor tratamento
possível a seu paciente?
Os médicos deveriam ver seus pacientes como membros da família.
Infelizmente, isso não acontece. Eles olham os pacientes e pensam o
quão rápido podem se livrar deles, ou como fazer mais dinheiro com
aquele caso. Prescrevem remédios desnecessários e fazem cirurgias
dispensáveis. Ao lado do câncer e dos problemas de coração, os
médicos estão entre os três maiores causadores de mortes atualmente.
Os pacientes deveriam aprender a ser céticos com essa profissão. E os
governos, obrigá-los a usar um selo na testa dizendo "Atenção: este
médico pode fazer mal para sua saúde".
Qual a instrução que pacientes recebem sobre os riscos dos
tratamentos?
A maior parte das pessoas desconhece a existência de efeitos
colaterais. E grande parte dos médicos não conhece os problemas que
os remédios podem causar. Desde os anos 70 eu venho defendendo a
introdução de um sistema internacional de monitoramento de
medicamentos, para que os médicos sejam informados quando seus
companheiros de outros países detectarem problemas.
Espantosamente, esse sistema não existe. Se você imagina que, quando
uma droga é retirada do mercado em um país, outros tomam ações
parecidas, está errado. Um remédio que foi proibido nos Estados Unidos
e na França demorou mais de cinco anos para sair de circulação no
Reino Unido. Somente quando os pacientes souberem do lado ruim dos
remédios é que poderão tomar decisões racionais sobre utilizá-los ou
não em seus tratamentos.
Você considera que os médicos são bem informados a respeito dos
remédios que receitam a seus pacientes?
Acompanhando didaticamente alunos do 6º ano (prestes a entrar na vida
profissional) constatei que apenas 5% conhecia a farmacocinética dos
produtos que propunham aos pacientes. Entre profissionais experientes
não consigo estimar, no entanto suponho ser porcentagem menor, pois a
prática usual em vários empregos com períodos extensos e irregulares
diminuem a possibilidade de aprender, especialmente bioquímica e
farmacologia. Para aumentar este problema, temos alterações
periódicas na composição dos produtos comerciais com vistas a
aumentarem o preço, por serem considerados medicamentos novos. O
que dificulta mais ainda o escasso tempo médico dedicado a
atualização.
A maior parte das informações que eles recebem vem da companhia que
vende o produto, que obviamente está interessada em promover
virtudes e esconder defeitos. Como resultado dessa ignorância, quatro
de cada dez pacientes que recebem uma receita sofrem efeitos
colaterais sensíveis, severos ou até letais. Creio que uma das principais
razões para a epidemia internacional de doenças induzidas por
remédios é a ganância das grandes empresas farmacêuticas. Elas fazem
fortunas fabricando e vendendo remédios, com margens de lucro que
deixam a indústria bélica internacional parecendo caridade de igreja.
E o que os pacientes deveriam fazer? Enfrentar doenças sem tomar
remédios?
É perfeitamente possível vencer problemas de saúde sem utilizar
remédios. Cerca de 90% das doenças melhoram sem tratamento, apenas
por meio do processo natural de autocura do corpo. Problemas no
coração podem ser tratados (não apenas prevenidos) com uma
combinação de dieta, exercícios e controle do estresse. São técnicas
que precisam do acompanhamento de um médico. Mas não de remédios.
Receber remédios não é o que os pacientes querem quando vão ao
médico?
É verdade que muitos pacientes esperam receber medicamentos. Isso
acontece porque eles têm falsas idéias sobre a eficiência e a segurança
das drogas. É muito mais fácil terminar uma consulta entregando uma
receita, mas isso não quer dizer que é a coisa certa a ser feita. Os
médicos deveriam educar os pacientes e prescrever medicamentos
apenas quando eles são essenciais, úteis e capazes de fazer mais bem
do que mal.
Que problemas os remédios causam?
Sonolência, enjôos, dores de cabeça, problemas de pele, indigestão,
confusão, alucinações, tremores, desmaios, depressão, chiados no
ouvido e disfunções sexuais como frigidez e impotência.
Em um artigo, você cita três greves de médicos (em Israel, em 1973, e na
Colômbia e em Los Angeles, em 1976) e diz que elas causaram redução
na taxa de mortalidade. Como a ausência de médicos pode diminuir o
risco à vida?
Aqui no Brasil pudemos constatar o mesmo durante greve prolongada
de médicos no Rio de Janeiro
Hospitais não são bons lugares para os pacientes. É preciso estar muito
saudável para sobreviver a um deles. Se os médicos não matarem o
doente com remédios e cirurgias desnecessárias, uma infecção o fará.
Sempre que os médicos entram em greve as taxas de mortalidade caem.
Isso diz tudo.
Muitas pessoas optam por terapias alternativas. Esse é um bom
caminho?
Em diversas partes do mundo, cada vez mais gente procura práticas
alternativas em vez de médicos ortodoxos. De certa maneira, isso quer
dizer que a medicina alternativa está se tornando a nova ortodoxia. O
problema é que, por causa da recusa das autoridades em cooperar com
essas técnicas, muitas vezes é possível trabalhar como terapeuta
complementar sem ter o treinamento adequado. Medicina alternativa
não é necessariamente melhor ou pior que a medicina ortodoxa. O
melhor remédio é aquele que funciona para o paciente.
Em um de seus livros, você afirma que a tecnologia piorou a qualidade
dos diagnósticos. A lógica não diz que deveria ter acontecido o
contrário?
Testes são freqüentemente incorretos, mas os médicos aprenderam a
acreditar nas máquinas. Quando eu era um jovem doutor, na década de
70, os médicos mais velhos apostavam na própria intuição. Conheci
alguns que não sabiam nada sobre exames laboratoriais ou aparelhos de
raio X e mesmo assim faziam diagnósticos perfeitos. Hoje, os médicos se
baseiam em máquinas e testes sofisticados e cometem muito mais erros
que antigamente.
Infelizmente tenho constatado mais agravantes neste aspecto de
exames:
1- 70% dos resultados de exames onde os pacientes referem que estão
normais (ditos pelos médicos que solicitaram) tenho encontrado
alterações documentadas no próprio exame (constado nos valores de
referência). Isto reflete dupla negligência; do médico que não valorizou a
alteração e do paciente que não se dignou a comparar seus resultados
com os valores de referência fornecidos.
2- alguns exames esclarecedores muitas vezes não são solicitados ou
valorizados, entre eles cito dois que são pungentes: marcadores
tumorais e pesquisa de sangue oculto nas fezes.
3- Realizam exames que já não têm nexo em nosso contexto, como por
exemplo a mamografia (o ultrassom de mamas é muito mais sensível nos
processos iniciais, como tem noticiado fartamente nossa imprensa
popular há 3 anos e as publicações técnicas há 7 anos).
4- Solicitam exames caros e arriscados sem indicação clínica adequada
(o exemplo aqui é do cateterismo cardíaco - embora eu sempre insista
neste assunto, aconteceu com minha família dois acidentes com o
contraste durante cateterismo, um por indicação monetária e não clínica
e o outro com indicação clínica que resultou em óbito durante o exame)
5- Aonde é importante os exames laboratoriais ao invés de exame físico,
a maioria insiste no exame físico. Aqui o exemplo mais pungente é o
toque retal para avaliar próstata, pois o ultrassom pode mostrar dezenas
de vezes melhor do que a palpação, indicando nodulações (ou outras
alterações) internas ou na face anterior onde não é possível palpar.
Semelhante perspectiva podemos assumir perante o toque vaginal para
avaliar útero e ovários.
6- Solicitam exames complexos e/ou arriscados sem terem realizados os
exames mais simples e inócuos previamente. Aqui podemos utilizar o
exemplo do ecocardiograma (ultrassom cardíaco) sem
Eletrocardiograma ou Rx de tórax prévios.
Aqueles que quiserem entender melhor sobre exames, sugiro o link
indicado nos meus link favoritos: Guide to Clinical Preventive Services,
of Columbia University Medical Center
Você faz ferrenha oposição aos testes médicos realizados com animais
em laboratórios. De que outra maneira novas drogas poderiam ser
desenvolvidas?
Faz muito mais sentido testar novas drogas em pedaços de tecidos
humanos que num rato. Os resultados são mais confiáveis. Mas a
indústria não gosta desses testes porque muitos medicamentos
potencialmente perigosos para o homem seriam jogados fora e nunca
poderiam ser comercializados. Qual o sentido de testar em animais?
Existe uma lista de produtos que causam câncer nos bichos, mas são
vendidos normalmente para o uso humano. Só as empresas
farmacêuticas ganham com um sistema como esse.
O que você faz para cuidar da saúde?
Eu raramente tomo remédios. Para me manter saudável, evito comer
carne, não fumo, tento não ficar acima do peso e faço exercícios físicos
leves. Para proteger minha pressão, desligo a televisão quando médicos
aparecem na tela apresentando uma nova e maravilhosa droga contra
depressão, câncer ou artrite que tem cura garantida, é absolutamente
segura e não tem efeitos colaterais.