O ser humano é um ser racional que sempre precisa de motivos e condições para amar ou se sentir feliz. Sendo assim, o grande objetivo da encarnação é vencer os processos de raciocínio que temos e que nos impedem de amar universalmente e alcançar a felicidade incondicional.
Por exemplo, quando acontece algo que vai contra a felicidade material, ou seja, quando ocorre algo que a mente julga como errado, injusto, mau, negativo, o raciocínio manda que fiquemos tristes, com raiva, contrariados e frustrados. E quando ocorre algo que satisfaz a felicidade material, ou seja, quando ocorre algo que a mente julga como certo, bom, justo, positivo, o raciocínio manda que fiquemos alegres, excitados e extasiados.
Se não estivermos atentos a isso vamos viver entre os extremos das polaridades do prazer e da dor. Quando a felicidade material for satisfeita vamos nos exaltar, enquanto que quando a felicidade material for insatisfeita vamos cair em depressão. E acredite, é assim que a maioria de nós vive, numa verdadeira montanha-russa sentimental, ora infeliz, ora de bem com a vida.
No universalismo nós falamos que os atos não importam, mas sim como nos relacionamos mentalmente e sentimentalmente diante deles. Isso é muito importante, pois estamos dizendo que é possível manter a felicidade incondicional, ou seja, vencer o prazer e dor, mesmo diante de atos individuais ou coletivos que o raciocínio julga como errados, injustos, maus e negativos, mas também diante dos atos que ele julga como certos, bons, justos e positivos.
Por exemplo, você fala algo que alguém não gosta e aparentemente fere esta pessoa. O raciocínio vai criar todas as condições para você sentir prazer ou dor diante do sofrimento gerado a outro ser humano. Se o raciocínio diz que esta pessoa não presta você vai sentir prazer ao ver que ela se sentiu ferida por você. Se o raciocínio diz que esta pessoa é querida você vai se sentir mal porque a feriu. Tudo isso criado pelo raciocínio. E se você acreditar neste processo mental, com certeza, vai se exaltar no prazer por ter conseguido ferir alguém ou vai cair em depressão por ter machucado.
Percebeu o problema de levar a sério os processos de raciocínio? Se você não quer viver numa montanha-russa sentimental, ora infeliz, ora de bem com a vida, o caminho é vencer os processos de raciocínio.
Vamos ao exemplo. Você fala algo que alguém não gosta e aparentemente fere esta pessoa. Você diz para si mesmo: ‘é, falei isso e ela não gostou… e daí? Porque eu preciso que todos gostem ou concordem comigo?’. O resultado disso pouco importa, porque sempre vai acontecer o que tiver que ocorrer. Se ela vai brigar com você, se você vai pedir desculpas, isso é irrelevante, pois o que realmente importa é você vencer o raciocínio que diz para você sentir prazer ou dor diante do ato. Se conseguir isso você atingirá a apatia, a neutralidade.
Mas o mesmo se aplica quando alguém fala algo que você não gosta e por isso você se sente ferido. Diga para si mesmo: ‘é, não gostei… e daí? Porque todos precisam concordar com o que eu penso? Se eu quero ter liberdade de ter minhas idéias, também preciso dar aos outros essa liberdade’. Também não importa a conseqüência disso. Você pode responder ou até discutir, pois vai acontecer o que tiver acontecer, mas vencendo o raciocínio que diz para você sentir prazer ou dor diante deste ato você vai estar em paz consigo mesmo, não importando o que acontecer.
Portanto, examine a sua vida. Verifique os processos mentais que criam motivos para você se exaltar no prazer e cair em depressão na dor. Perceba que a mente humana está sempre julgando tudo o que ocorre ao seu redor para ver se isso é certo, bom, justo, positivo ou errado, mau, injusto e negativo. Perceba que a mente humana está sempre criando justificativas para que você sinta prazer ou dor diante de determinado ato individual ou coletivo. Perceba que a mente humana está sempre julgando se você tem motivos para estar alegre ou triste.
Estar atento aos processos de raciocínio é primeiro passo para vencer a mente. Enquanto não fizermos isso não vamos atingir a apatia e neutralidade, mas sim vamos continuar vivendo numa verdadeira montanha-russa sentimental, ora infeliz, ora de bem com a vida. E desta forma é praticamente impossível atingir a felicidade incondicional e o amor universal.
sábado, 30 de maio de 2009
sexta-feira, 29 de maio de 2009
A teoria das cordas-Mantenha-se equilibrado e o Universo conspirará à seu favor.
No século XX, a ciência desenvolveu duas teorias que funcionam como pilares da física. A teoria geral da relatividade, criada por Albert Einstein, explica como a gravidade opera em grandes dimensões, em estrelas e galáxias. Por sua vez, a mecânica quântica explica como as leis da física operam no extremo oposto, nas subpartículas atômicas. O sonho de Einstein foi unificar as duas e achar uma única teoria, fundamental, a explicação de tudo.
"De acordo com a teoria, todas aquelas partículas que considerávamos como elementares, como os quarks e os elétrons, são na realidade filamentos unidimensionais vibrantes, a que os físicos deram o nome de cordas. Ao vibrarem as cordas originam as partículas subatômicas juntamente com as suas propriedades. Para cada partícula subatômica do universo, existe um padrão de vibração particular das cordas e são os diferentes padrões de vibração dessas cordas que determinam a natureza de diferentes tipos de subpartículas. O universo sendo composto por um número enorme dessas cordas vibrantes, assemelha-se a uma sinfonia cósmica."
A música sempre teve um papel fundamental na evolução da humanidade, fazendo parte da vida e dos costumes de todas as gerações dos seres humanos. Os registros deixados pela História, mostram a importância da música na religião, na política e no lazer.
Imagine rituais de povos antigos, como os Astecas, sem a música. Os cultos religiosos, seja qual for a crença, sem a música. O cinema, sem a trilha sonora, que é fundamental para exacerbar os sentimentos que a tela mostra. Tudo seria como se estivesse incompleto, morto. A música é viva! Ninguém nos ensina a escutar ou a reconhecer um ritmo, uma melodia, ela faz parte da natureza, ela simplismente é.
Amor, ódio, frustração, alegria, tristeza, alívio, a música é o sentimento humano, e por isso, a analogia dos cientistas é musical, primeiro pela similaridade do Universo, explicado pela teoria das cordas, com os termos e características musicais, segundo, pela fácil compreensão de qualquer indivíduo, seja qual for o nível cultural, acadêmico ou mental da pessoa, a música é comum à todos.
Acho que ainda não damos a devida atenção e respeito do poder de cura e informação real que a música tem. Creio que se dermos ouvidos ao que ela tem a nos dizer e a nos mostrar, seremos realmente capazes de resolver os grandes enigmas que ainda atormentam a cabeça dos humanos.
Ela nos ensina a ter ritmo, harmonia, organização, disciplina, a unir as pessoas. Através dela nós chegaremos a entender e a conhecer completamente à nós mesmos, o Universo e a nossa função nele, sem preconceitos e histórias alimentadas por nossa fértil imaginação.
O caminho direto à verdade.
"De acordo com a teoria, todas aquelas partículas que considerávamos como elementares, como os quarks e os elétrons, são na realidade filamentos unidimensionais vibrantes, a que os físicos deram o nome de cordas. Ao vibrarem as cordas originam as partículas subatômicas juntamente com as suas propriedades. Para cada partícula subatômica do universo, existe um padrão de vibração particular das cordas e são os diferentes padrões de vibração dessas cordas que determinam a natureza de diferentes tipos de subpartículas. O universo sendo composto por um número enorme dessas cordas vibrantes, assemelha-se a uma sinfonia cósmica."
A música sempre teve um papel fundamental na evolução da humanidade, fazendo parte da vida e dos costumes de todas as gerações dos seres humanos. Os registros deixados pela História, mostram a importância da música na religião, na política e no lazer.
Imagine rituais de povos antigos, como os Astecas, sem a música. Os cultos religiosos, seja qual for a crença, sem a música. O cinema, sem a trilha sonora, que é fundamental para exacerbar os sentimentos que a tela mostra. Tudo seria como se estivesse incompleto, morto. A música é viva! Ninguém nos ensina a escutar ou a reconhecer um ritmo, uma melodia, ela faz parte da natureza, ela simplismente é.
Amor, ódio, frustração, alegria, tristeza, alívio, a música é o sentimento humano, e por isso, a analogia dos cientistas é musical, primeiro pela similaridade do Universo, explicado pela teoria das cordas, com os termos e características musicais, segundo, pela fácil compreensão de qualquer indivíduo, seja qual for o nível cultural, acadêmico ou mental da pessoa, a música é comum à todos.
Acho que ainda não damos a devida atenção e respeito do poder de cura e informação real que a música tem. Creio que se dermos ouvidos ao que ela tem a nos dizer e a nos mostrar, seremos realmente capazes de resolver os grandes enigmas que ainda atormentam a cabeça dos humanos.
Ela nos ensina a ter ritmo, harmonia, organização, disciplina, a unir as pessoas. Através dela nós chegaremos a entender e a conhecer completamente à nós mesmos, o Universo e a nossa função nele, sem preconceitos e histórias alimentadas por nossa fértil imaginação.
O caminho direto à verdade.
quarta-feira, 20 de maio de 2009
Para os nossos filhos...
Para os nossos filhos contarem para os nossos netos:: Izabel Telles
O menino que não tinha televisão.
A primeira coisa que o menino via quando saía da escola era o chapéu do avô. Depois a grande mão de dedos finos abanando para ele.Chegando em casa, o almoço estava pronto. O menino lavava o rosto e todo o braço, desde os cotovelos. E sentava-se à mesa ao lado do avô.O avô fazia-lhe o prato perguntando com uma voz bem baixinha:- Está bom assim? Olhando para uma colher meio cheia de arroz. É o menino que sabe o tamanho da sua fome...E o menino fazia que sim com a cabeça, olhando para a travessa de batatas fritas. E gostava de ver seu reflexo na porta espelhada da cristaleira da sala de jantar. Era como se ele pudesse se ver dizendo sim a si próprio. Aprovando-se.O avô falava no intervalo das garfadas e da sua boca saíam rios caudalosos cortando matas selvagens, índios caçando onças pintadas, cachoeiras escorrendo pelas costas das montanhas.E o avô imitava, vez por outra, o pio da coruja.E o menino sorria confiante ao ver o bico que o avô fazia refletido no vidro espelhado da porta da cristaleira da sala de jantar. Aprovando-o.Na sobremesa, o avô caprichava na conversa e mostrava ao menino como os macacos comiam bananas. Direitinho. Pareciam humanos!E o menino se divertia ao ver o avô comendo banana como os macacos. E via os dois refletidos na porta espelhada. Unidos.Depois do almoço o avô deitava um pouco no sofá da sala. Punha o chapéu sobre o rosto para fazer de conta que era noite.E o menino corria para o quintal a plantar bananeira. E gostava de ver o mundo ao contrário. De pernas para o ar.Um dia, o avô não apareceu na escola. E não tinha almoço pronto na mesa.E o menino viu uma lágrima escorrer pelo seu rosto no vidro espelhado da porta da cristaleira.Só à noite ele saiu da mesa e foi para o quintal. Viu no céu uma estrela e deu a ela o nome do avô. E ela piscou prateada na escuridão do infinito.Depois que o sol foi e voltou muitas vezes, o menino deixou de se sentir tão só. E foi aí que reparou que o chapéu do avô estava em cima da cristaleira da sala de jantar.Foi só neste dia que o pai do menino disse que ele agora poderia ficar com o chapéu do avô.Mas só até o dia em que ele tivesse seu primeiro filho.Ai ele teria que ir buscá-lo na escola... muitas e muitas vezes!
O menino que não tinha televisão.
A primeira coisa que o menino via quando saía da escola era o chapéu do avô. Depois a grande mão de dedos finos abanando para ele.Chegando em casa, o almoço estava pronto. O menino lavava o rosto e todo o braço, desde os cotovelos. E sentava-se à mesa ao lado do avô.O avô fazia-lhe o prato perguntando com uma voz bem baixinha:- Está bom assim? Olhando para uma colher meio cheia de arroz. É o menino que sabe o tamanho da sua fome...E o menino fazia que sim com a cabeça, olhando para a travessa de batatas fritas. E gostava de ver seu reflexo na porta espelhada da cristaleira da sala de jantar. Era como se ele pudesse se ver dizendo sim a si próprio. Aprovando-se.O avô falava no intervalo das garfadas e da sua boca saíam rios caudalosos cortando matas selvagens, índios caçando onças pintadas, cachoeiras escorrendo pelas costas das montanhas.E o avô imitava, vez por outra, o pio da coruja.E o menino sorria confiante ao ver o bico que o avô fazia refletido no vidro espelhado da porta da cristaleira da sala de jantar. Aprovando-o.Na sobremesa, o avô caprichava na conversa e mostrava ao menino como os macacos comiam bananas. Direitinho. Pareciam humanos!E o menino se divertia ao ver o avô comendo banana como os macacos. E via os dois refletidos na porta espelhada. Unidos.Depois do almoço o avô deitava um pouco no sofá da sala. Punha o chapéu sobre o rosto para fazer de conta que era noite.E o menino corria para o quintal a plantar bananeira. E gostava de ver o mundo ao contrário. De pernas para o ar.Um dia, o avô não apareceu na escola. E não tinha almoço pronto na mesa.E o menino viu uma lágrima escorrer pelo seu rosto no vidro espelhado da porta da cristaleira.Só à noite ele saiu da mesa e foi para o quintal. Viu no céu uma estrela e deu a ela o nome do avô. E ela piscou prateada na escuridão do infinito.Depois que o sol foi e voltou muitas vezes, o menino deixou de se sentir tão só. E foi aí que reparou que o chapéu do avô estava em cima da cristaleira da sala de jantar.Foi só neste dia que o pai do menino disse que ele agora poderia ficar com o chapéu do avô.Mas só até o dia em que ele tivesse seu primeiro filho.Ai ele teria que ir buscá-lo na escola... muitas e muitas vezes!
sábado, 16 de maio de 2009
A GFB...mais uma visão.
Muito se tem falado sobre a Grande Fraternidade Branca, principalmente na cultura esotérica. Se digitarmos num site de busca, as palavras "fraternidade branca", abrem-se dezenas, se não centenas de sites que abordam assunto sobre fraternidade branca. Em alguns desses sites existe alguma verdade, em outros nenhuma. O que falam, o que dizem, são assuntos totalmente distorcidos que não se baseiam e nem coadunam com a verdade sobre a Grande Fraternidade Branca. Que se faça entender na luz da verdade:A Grande Fraternidade Branca, da qual faz parte a Grande Loja Branca, é uma fraternidade de inúmeros membros, de todos os paises do planeta. A Grande Fraternidade Branca sempre existiu e sempre existirá, para o bem da humanidade, embora jamais interfira e jamais interferirá na ordem da natureza, principalmente quando esta devolve uma resposta justa para o erro praticado pelo homem.Para um ser humano ingressar na Grande Fraternidade Branca, é necessário antes de qualquer pretensão, galgar por estudo e merecimento, através de diversos graus, cada um com sua denominação e seus sinais de reconhecimento, além de palavras secretas, de algumas ordens discretas, cujas palavras de passe, senhas e sinais, são apenas para se ter a certeza de que aquele membro está realmente naquele grau de estudo e evolução de conhecimento físico e espiritual. A grande Fraternidade Branca é composta de inúmeros irmãos, denominados "Irmãos de Branco".A Grande loja Branca, da Grande Fraternidade Branca, é composta de 44 membros, ou irmãos de branco, com residência em diversos paises. Esses membros são de diversas idades, estabelecidas pelo seu nascimento, não pela sua idade evolutiva cósmica espiritual. Um membro da Grande Fraternidade Branca é um ser humano comum. Pode ser um industrial, um funcionário público, um motorista caminhoneiro, um gari, um estudante, um intelectual etc. A idade cronológica perde sua importância nesse porém, por que o que vale é a idade espiritual do irmão. Hoje existem irmãos trabalhando na grande fraternidade branca, com idade cronológica de 18 anos, alguns inclusive são mestres atuando em lojas Rosacruz e outras mais específicas.Algumas perguntas básicas que são feitas, são: Os membros da Grande Fraternidade Branca se reconhecem entre si? Sim, desde que se lhe apresente o sinal secreto, que pode ser num simples aperto de mão, no olhar, no andar etc., e uma vez reconhecido esse membro, ainda carece de uma prova confirmatória de palavras e respostas. As reuniões da Grande Loja Branca se dão num plano invisível, de membros visíveis, nunca no mesmo lugar e em horário não pré estabelecido. Quando falece um irmão de branco, da Grande Loja branca, ou passa pela Grande Iniciação, logo um membro da Grande Fraternidade Branca é convocado para a cerimônia de iniciação à Grande Loja Branca, para que, sempre se componha o número de 44 irmãos.Se alguém disser que em tal lugar existe uma loja da Grande Fraternidade Branca, com certeza não estará falando a verdade, pois a Grande Loja Branca não está situada no plano terreno e nem num pré estabelecido plano cósmico.Como já disse anteriormente, as reuniões da Grande loja Branca são realizadas por Irmãos visíveis em uma Loja invisível, nunca no mesmo lugar cósmico e jamais no mesmo horário. Seu Mestre adjunto é o Venerável Mestre Kut Hu Mi, O Ilustre, de onde parte a convocação para as reuniões, nunca se sabendo antecipadamente o assunto nem o motivo da convocação. Após o termino da reunião, é feito o juramento de segredo. Jamais se soube do que se tratou um assunto de uma reunião da Grande Loja Branca.
terça-feira, 12 de maio de 2009
A Humildade.
A Humildade
A perspectiva para se abordar a questão da Humildade seja a de se ter como guia básico da ação perante a vida e aos outros uma atitude de igualdade (justiça=tsedaká ), principalmente não se julgando superior.
Em essência, não somos superiores aos outros.
Descendemos diretamente de uma única matriz, seja qual for o nome que se dê à mesma.
Alguns de nós chamamos esta matriz de Adam (que significa humanidade).
Somos todos Ben Adam (filhos do homem). Quero dizer, de modo mais amplo, somos todos da mesma fonte, então, a princípio, deveríamos nos comportar com humildade perante a todos.
Como saber quando não estamos sendo humildes? É simples, o mundo vai reagir.
Quando, nas circunstâncias da vida diária, certas situações nos levam a crer ou nos induzem a ter um comportamento que se distancia da humildade, ocorrem certos choques entre as pessoas, choques estes nada salutares para eles e para o mundo
Perguntaram ao Mestre Hillel como ele poderia resumir o que de fundamental havia nos escritos, mas no tempo suficiente em que o interlocutor pudesse ficar apoiado em uma perna.
O Sábio apenas disse:
- Não faças aos outros o que não quiseres que te façam, o restante é apenas comentário. Vá e siga teu caminho.
Com base nisso, derivamos que quando se age com soberba, sem ética, sem educação, com excessiva autoridade ou superioridade desmedida, está se infringindo um conceito muito peculiar. Nesta situação, o interlocutor se sentirá ofendido, mesmo sem demonstrar. Num segundo momento tentará provar para o agressor que este agiu de modo desproporcional, não tendo sabido usar a faculdade da humildade de forma apropriada.
Estas experiências surgem no caminho do buscador, naturalmente, e creio que quanto mais a pessoa se opõe a ter uma visão de mundo mais humanista, mais piedosa e mais justa, a própria vida se encarrega de trazer mais lições (cada vez mais amargas) para que a pessoa possa superar o desvio de conduta e se tornar mais humilde com os outros seres humanos.
Sem a humildade, o mundo não poderia sobreviver.
Se analisarmos as 10 sephirot ou manifestações do poder divino, veremos que chessed (bondade) equilibra guevurá (justiça); não há como o mundo sobreviver sem este equilíbrio, pois as conseqüências seriam catastróficas.
Agora analisando a questão de outro ponto de vista:
A humildade implica que a pessoa deveria estar em uma posição de constante aprendizado, ou seja, o verdadeiro buscador tem que se colocar numa posição humilde, como um receptáculo. Ainda trazendo uma analogia da cabalá, o recipiente cheio não consegue receber (lecabel) mais, tem que compartilhar a luz divina (Ein Sof) com os outros. Isto é, compartilhar para receber. Portanto, a analogia com o receptáculo nos leva a pensar nos conceitos de egoísmo versus humildade.
Creio que este é justamente o motivo de estarmos aqui, embora a verdade total nos seja velada neste mundo, mas temos coisas que estão bem ao nosso alcance, estas coisas que a vida claramente nos coloca de frente são as quais devemos trabalhar, como um ourives que não sabe por onde começar: começa a aperfeiçoar-se a sí próprio, depois ao mundo a seu redor.
A isto alguns chamam de Tikun Olam (aperfeiçoamento do mundo).
A perspectiva para se abordar a questão da Humildade seja a de se ter como guia básico da ação perante a vida e aos outros uma atitude de igualdade (justiça=tsedaká ), principalmente não se julgando superior.
Em essência, não somos superiores aos outros.
Descendemos diretamente de uma única matriz, seja qual for o nome que se dê à mesma.
Alguns de nós chamamos esta matriz de Adam (que significa humanidade).
Somos todos Ben Adam (filhos do homem). Quero dizer, de modo mais amplo, somos todos da mesma fonte, então, a princípio, deveríamos nos comportar com humildade perante a todos.
Como saber quando não estamos sendo humildes? É simples, o mundo vai reagir.
Quando, nas circunstâncias da vida diária, certas situações nos levam a crer ou nos induzem a ter um comportamento que se distancia da humildade, ocorrem certos choques entre as pessoas, choques estes nada salutares para eles e para o mundo
Perguntaram ao Mestre Hillel como ele poderia resumir o que de fundamental havia nos escritos, mas no tempo suficiente em que o interlocutor pudesse ficar apoiado em uma perna.
O Sábio apenas disse:
- Não faças aos outros o que não quiseres que te façam, o restante é apenas comentário. Vá e siga teu caminho.
Com base nisso, derivamos que quando se age com soberba, sem ética, sem educação, com excessiva autoridade ou superioridade desmedida, está se infringindo um conceito muito peculiar. Nesta situação, o interlocutor se sentirá ofendido, mesmo sem demonstrar. Num segundo momento tentará provar para o agressor que este agiu de modo desproporcional, não tendo sabido usar a faculdade da humildade de forma apropriada.
Estas experiências surgem no caminho do buscador, naturalmente, e creio que quanto mais a pessoa se opõe a ter uma visão de mundo mais humanista, mais piedosa e mais justa, a própria vida se encarrega de trazer mais lições (cada vez mais amargas) para que a pessoa possa superar o desvio de conduta e se tornar mais humilde com os outros seres humanos.
Sem a humildade, o mundo não poderia sobreviver.
Se analisarmos as 10 sephirot ou manifestações do poder divino, veremos que chessed (bondade) equilibra guevurá (justiça); não há como o mundo sobreviver sem este equilíbrio, pois as conseqüências seriam catastróficas.
Agora analisando a questão de outro ponto de vista:
A humildade implica que a pessoa deveria estar em uma posição de constante aprendizado, ou seja, o verdadeiro buscador tem que se colocar numa posição humilde, como um receptáculo. Ainda trazendo uma analogia da cabalá, o recipiente cheio não consegue receber (lecabel) mais, tem que compartilhar a luz divina (Ein Sof) com os outros. Isto é, compartilhar para receber. Portanto, a analogia com o receptáculo nos leva a pensar nos conceitos de egoísmo versus humildade.
Creio que este é justamente o motivo de estarmos aqui, embora a verdade total nos seja velada neste mundo, mas temos coisas que estão bem ao nosso alcance, estas coisas que a vida claramente nos coloca de frente são as quais devemos trabalhar, como um ourives que não sabe por onde começar: começa a aperfeiçoar-se a sí próprio, depois ao mundo a seu redor.
A isto alguns chamam de Tikun Olam (aperfeiçoamento do mundo).
segunda-feira, 11 de maio de 2009
O Zohar conforme minha visão-Vania Vieira.
O Zohar
O Sefer ha-Zohar - o Livro do Esplendor - É, sem sombra de dúvida, a obra principal e mais sagrada da Cabalá, a dimensão mística do judaísmo. Fonte inesgotável de sabedoria e conhecimento, seus ensinamentos e revelações se equiparam, em importância, aos da Torá e do Talmud.
De autoria do grande Rabi Shimon bar Yochai, o Zohar permanece inacessível até os dias de hoje para a grande maioria dos que tentam transpor o mistério que encerra.
Quem sabe se por esta razão, ou apesar desta, nenhuma outra obra mística jamais despertou tanta curiosidade e exerceu tão grande influência
O Zohar é a coluna vertebral da Cabalá, também chamada de Chochmat ha-Emet - a Sabedoria da Verdade. Na língua hebraica, Cabalá significa "recebimento" ou "o que foi recebido". Por ser parte integral da Torá, tem origem e natureza Divina. Apesar de seus ensinamentos terem sido transmitidos a Adão e aos patriarcas do povo judeu, foi Moisés quem os recebeu diretamente de D'us durante a Revelação no Monte Sinai e os instituiu formalmente como parte da história do povo de Israel. Desde então, esta sabedoria mística vem sendo repassada de geração em geração para uns poucos escolhidos entre os líderes espirituais.
Chamados de nistarim (literalmente "os ocultos"), os primeiros cabalistas preservaram zelosamente esses ensinamentos, transmitindo- os oralmente às gerações seguintes. Somente no século II da era comum, surgiria no seio de Israel um homem que possuía os dons espirituais e intelectuais que lhe permitiram dar forma a essa sabedoria milenar. Seu nome era Rabi Shimon bar Yochai, uma das personalidades mais reverenciadas na história judaica. A ele coube o zechut, o honroso mérito de revelar a Luz Divina em todo a sua majestade e esplendor.
Grande líder e um dos maiores sábios talmúdicos, Rabi Shimon viveu em uma época muito conturbada. Durante sua geração, Israel penava sob o jugo romano, tendo que se sujeitar à proibição do estudo da Torá, esta apenas uma entre as inúmeras imposições de Roma. A gravidade da situação levou os mestres da Lei a adotarem medidas excepcionais. Preocupados que a perseguição e a dispersão dos judeus pudessem resultar na perda parcial dos ensinamentos da Torá Oral, os sábios deram seu consentimento para que os fundamentos de seu conteúdo fossem transcritos.
Portanto, o Talmud, seus comentários, o Midrash e os ensinamentos cabalísticos começaram a ser compilados e escritos. E foi Rabi Shimon bar Yochai quem estruturou a tradição mística através do Zohar.
No entanto, havia um grande problema na transcrição dos segredos da Cabalá. Os sábios temiam que pessoas sem preparo espiritual tivessem acesso aos segredos da Criação e do Universo. Para evitar que isso acontecesse, O Livro do Esplendor foi escrito de forma praticamente indecifrável para os não iniciados. E a primeira condição para se fazer parte desse grupo pequeno e seleto era possuir um vasto e profundo conhecimento sobre a Torá e sobre a tradição cabalística.
Livro fechado
O Sefer ha'Zohar é um livro fechado e as chaves para sua compreensão permanecem em mãos de um número reduzido de sábios. Esta obra pode ser comparada a um sistema codificado, de extrema complexidade, que esconde tesouros inestimáveis. Rabi Shimon era um daqueles seres pertencentes a um plano espiritual tão elevado que, entre os que estudam a sua obra, são poucos os que conseguem assimilar parte de seus ensinamentos. Não obstante, mesmo com apenas um pouco desse conhecimento, constroem-se montanhas de sabedoria.
Como vimos, para os não iniciados, o Zohar é misterioso e praticamente impenetrável. As dificuldades de compreensão estão presentes em quase todos os níveis da obra. Além da insondável profundidade de seus preceitos, seu estilo literário peculiar e sua dialética dificultam a compreensão. Seus textos, escritos em hebraico ou em aramaico antigo, estão "codificados" , impossibilitando, assim, que pessoas leigas entendam seu significado. Imagens simbólicas são usadas no lugar de uma terminologia racional e tópicos independentes são tratados em conjunto, colocando lado a lado assuntos aparentemente sem relação entre si.
Muitas das passagens do Zohar são compostas por combinações de alusões fragmentadas, que somente podem ser conectadas por associações secretas. Mas, na realidade, as conexões existem e são bastante claras para aqueles que entendem seu simbolismo e significado. Um sábio familiarizado com os segredos místicos da Torá entende perfeitamente seu conteúdo, seu estilo e sua estrutura aparentemente ilógica. Se para os não iniciados muitos de seus ensinamentos carecem de significado, estes mesmos preceitos são, para os que podem decifrá-los, a chave para desvendar os maiores e mais profundos segredos da existência e do universo.
Apesar de terem sido traduzidos para o hebraico moderno e para outros idiomas, os verdadeiros ensinamentos do Sefer ha-Zohar continuam sendo praticamente incompreensíveis. Mesmo para a maioria dos eruditos na Torá, o Livro do Esplendor continua sendo um enigma. O Talmud e outras obras da lei judaica são acessíveis e compreensíveis; não apenas é permitido o seu estudo, como também é incentivado e é uma obrigação colocar-se em prática os seus ensinamentos. Já o Zohar continua além do alcance intelectual e espiritual da maioria dos judeus - pelo menos por enquanto. Grandes cabalistas sempre alertaram que o privilégio de estudar e entender esta obra era reservado para muito poucos.
O cuidado e o resguardo em relação ao Zohar sempre foram impostos com o propósito de preservar não só a obra, mas também a alma daqueles que se aventurassem a estudá-la. Temia-se que seus ensinamentos e revelações pudessem ser mal interpretados ou usados de forma inadequada. Infelizmente, esses temores se confirmaram no decorrer da história. Houve vários casos de indivíduos e até mesmo de grupos que, após mergulharem nas águas do misticismo judaico sem o preparo adequado, acabaram por se perder.
Ainda mais grave: seus ensinamentos místicos foram utilizados por falsos messias e distorcidos por místicos e por adeptos da ciência do ocultismo. Os resultados foram catastróficos. Por isso, cabe alertar o leitor que o estudo do Zohar e da Cabalá somente deve ser conduzido na companhia de um professor que, além de instruído, tenha atingido um equilíbrio espiritual e mental.
Seu conteúdo
O Zohar é fonte de inspiração e sabedoria para os iniciados que ousam adentrar seus segredos. Seus principais focos são a teosofia - a interação das sefirot e seus mistérios, a conduta humana e o destino dos seres humanos neste mundo bem como no mundo das almas. São raras as ocasiões em que discute de forma explícita a meditação ou a experiência mística.
Ao penetrar na superfície literal da Torá, O Livro do Esplendor revela as profundezas místicas de suas histórias, leis e segredos. Transforma a narrativa bíblica em uma "biografia de D'us". Toda a Torá é lida como permutações de Nomes Divinos. Cada uma de suas palavras ou de suas mitzvot simbolizam algum aspecto das sefirot - que representam as maneiras pelas quais D'us interage com Sua Criação. O Zohar revela que o real significado da Torá reside em sua parte oculta - chamada de nistar - e em seus segredos místicos.
Mas esta obra grandiosa não trata apenas de assuntos esotéricos e místicos. Não há uma única preocupação sobre a existência humana que permaneça intocada em suas páginas. Apesar da aura de mistério que a cerca, muitos de seus ensinamentos têm servido de guia para várias gerações. De um lado, o Zohar se aprofunda nos maravilhosos mistérios da alma e do Criador; do outro, aborda assuntos como o poder do mal e a necromancia. Nele encontram-se visões da Redenção Messiânica, assim como soluções para as complexas relações entre seres humanos e os problemas de seu cotidiano.
Alicerçado principalmente na Torá, o Zohar é uma obra imensa, dividida em três trabalhos principais que são, por sua vez, subdivididos em outros segmentos. Trata-se principalmente de uma exegese - uma dissertação de homilias - e suas idéias emergem através de comentários e discursos. Nele estão as interpretações místicas e os comentários das sidrot - as leituras semanais da Torá.
A obra não se restringe aos Cinco Livros de Moisés; também aborda outros livros da Torá, inclusive o Cântico dos Cânticos, o Livro de Ruth e as Lamentações. Não cabe enfatizar em demasia que a Cabalá é a parte secreta da Torá e, portanto, não poderia ser estudada ou seguida à parte da Torá revelada. Acreditar ou estudar a Cabalá sem o respaldo da Torá Escrita e Oral é, no mínimo, incongruente, pois não há um único trabalho cabalístico que não contenha citações dos 24 livros da Torá Escrita, do Talmud e do Midrash.
Assim como o Talmud, o Zohar cobre todas as manifestações do espírito judaico. Porém, enquanto o primeiro é essencialmente uma obra sobre a Lei Judaica, com pitadas de misticismo, o segundo é principalmente um trabalho místico que aborda e elabora sobre algumas leis do Torá. O Zohar descreve a realidade esotérica subjacente à experiência cotidiana. Nele, temas e histórias, tópicos legais e assuntos litúrgicos são vistos e expostos através de uma interpretação mística.
Um breve histórico
Os ensinamentos da Cabalá começaram a assumir uma forma estruturada através do Livro do Esplendor, de Rabi Shimon bar Yochai. Segundo o Talmud, após ter fugido das autoridades romanas que queriam matá-lo, Rabi Shimon e seu filho, Rabi Elazar, esconderam-se em uma caverna nas montanhas da Galiléia. Pai e filho lá permaneceram durante treze anos, dedicando-se completamente ao estudo da Torá. Certamente Rabi Shimon já havia sido exposto aos ensinamentos místicos judaicos.
Mas, enquanto estavam na caverna, ele e seu filho foram visitados pelas almas de Moisés e do profeta Eliahu, que lhes revelaram muitos outros preceitos cabalísticos. É possível que outros sábios, antes e depois dele, também tenham tido os dons intelectuais e espirituais para transmitir os ensinamentos da Cabalá. Mas foi Rabi Shimon, devido à sua luz, à pureza de sua alma e aos seus méritos, o escolhido por D'us para fazê-lo.
Como atesta a própria obra, coube a Rabi Abba, um dos alunos de Rabi Shimon, a tarefa de registrar por escrito os ensinamentos de seu mestre. Parte do Zohar não foi transcrita na época; foi preservada e transmitida de forma oral pelos discípulos de Rabi Shimon, conhecidos como "a Chevraiá".
Mas apesar de transcrito, ainda não havia chegado a hora de ser divulgado o seu conteúdo. Segundo a tradição, seus manuscritos originais ficaram escondidos durante mil anos e foram descobertos apenas no século XIII. Durante as décadas de 1270 e 1280, estes manuscritos ficaram restritos a círculos cabalistas. Finalmente, chegaram às mãos de um místico judeu espanhol, Rabi Moshe de Leon (1238-1305), que os editou e publicou na década de 1290.
Por que teria essa obra magna sido permanecida escondida por tanto tempo? O próprio Livro do Esplendor revela a razão ao afirmar que sua sabedoria e luz seriam reveladas como preparação para a Redenção Final, que deveria ocorrer 1.200 anos após a destruição do Templo Sagrado. E é exatamente o que aconteceu! O Grande Templo de Jerusalém foi destruído no ano 70 da e.C., o que significa que, segundo as previsões do Zohar, seu conteúdo deveria ser revelado no ano de 1270.
O estudo da Cabalá floresceu na Espanha e na Provença, mas até a expulsão dos judeus da Península Ibérica, o Zohar só era conhecido no meio de restritos círculos de sábios e cabalistas. Após a expulsão, ele emerge desses círculos e passa a exercer uma grande influência sobre os judeus sefaraditas. Perseguidos e expulsos, os judeus da Espanha encontraram em seus ensinamentos sobre a Redenção Messiânica uma grande fonte de conforto e esperança e tanto a obra como seu autor passaram a ser reverenciados por eles. Até hoje, o Zohar está presente no dia-a-dia dos judeus dessa origem, pois seus ensinamentos moldaram grande parte de suas tradições e seus costumes religiosos.
Muitos dos cabalistas forçados a sair da Península Ibérica se estabeleceram na cidade sagrada de Safed, em Israel, que se tornou um centro de estudos místicos. Em Safed, o Sefer ha'Zohar serviu de base para os ensinamentos de dois dos maiores cabalistas - ambos sefaraditas - da era moderna: Rabi Moshe Cordovero (falecido em 1570), conhecido como o Ramak; e o grande Rabi Yitzhak Luria (1534-1572), o Arizal.
Foi em Safed que o Arizal transmitiu seus conhecimentos sobre o Livro do Esplendor e a Cabalá. Desenvolveu um novo sistema para a compreensão de seus mistérios, chamado de Método Luriânico. Seus ensinamentos são reconhecidos como a autoridade máxima da Cabalá, tendo sido estudados pelas gerações de cabalistas que o seguiram. A partir de seus ensinamentos, a Cabalá se tornou mais acessível e passou a ser disseminada por sábios e místicos judeus. O próprio Arizal afirmara que havia chegado a era na qual não só seria permitido revelar a sabedoria da Cabalá, mas tornar-se-ia uma obrigação fazê-lo.
Mas, foi na primeira metade do século XVIII, com o surgimento do chassidismo - como passou a ser chamado o movimento iniciado no leste da Europa pelo Rabi Baal Shem Tov - que a Cabalá que fora ensinada pelo Arizal passou a atingir um número ainda maior de judeus. A principal contribuição do chassidismo foi sua adaptação da doutrina da Cabalá a uma linguagem cotidiana e de fácil compreensão. Desta maneira, a profunda sabedoria de Rabi Shimon bar Yochai passou a influenciar as massas de judeus asquenazitas do leste Europeu. Com a expansão do chassidismo os ensinamentos do Zohar passaram a influenciar um número cada vez maior de judeus.
A santidade da obra
Chamada também de Ha'Zohar ha-Kadosh - O Sagrado Zohar - esta obra é envolta por uma aura de suprema santidade. Sua natureza misteriosa e seu conteúdo inacessível só acrescentaram reverência ao respeito que provoca entre judeus e não-judeus.
Como vimos anteriormente, o Zohar é a suprema autoridade no campo do misticismo judaico, é a face mística da Revelação Divina manifestada por meio da Torá. Em termos de santidade, o Zohar foi posto em um nível ainda maior do que o Talmud, pois enquanto as leis deste último representam o corpo da Torá, os mistérios do Zohar representam sua alma. Mas, o Livro do Esplendor nunca se opõe à autoridade do Talmud nem às suas leis. Assim como alma e corpo são interdependentes; apenas quando unidos e em harmonia podem proporcionar ao homem uma vida significativa. Da mesma forma, o Zohar e o Talmud não podem cumprir sua missão, nem sobreviver de forma separada e sem uma mútua interligação.
O Zohar tem sido aceito por todo o povo judeu, independentemente de seu passado e tradições. Embora apenas um número limitado de judeus o tenha estudado de fato, continua a influenciar de maneiras que sequer podem ser imaginadas. Uma história do Baal Shem Tov revela o amor dos chassidim pelo Zohar e é também um exemplo de sua santidade e poder.
Sabe-se que o Baal Shem Tov sempre levava uma cópia desta obra com ele, sendo capaz de realizar milagres e prever o futuro através da força espiritual do livro. Um dia lhe perguntaram como tinha sido capaz de, simplesmente olhando para o Zohar, descrever os passos de um homem que havia desaparecido.
E ele respondeu com uma citação do Talmud: "A luz que D'us fez em seis dias de Criação permitiria ao homem enxergar de um lado do mundo para o outro, mas esta luz tem sido guardada para os justos no Mundo Vindouro". E onde está esta luz guardada", perguntou o Baal Shem Tov, respondendo ele próprio: "Na Torá. Então, quando eu abro o Zohar, eu posso ver o mundo todo".
O Sefer ha-Zohar - o Livro do Esplendor - É, sem sombra de dúvida, a obra principal e mais sagrada da Cabalá, a dimensão mística do judaísmo. Fonte inesgotável de sabedoria e conhecimento, seus ensinamentos e revelações se equiparam, em importância, aos da Torá e do Talmud.
De autoria do grande Rabi Shimon bar Yochai, o Zohar permanece inacessível até os dias de hoje para a grande maioria dos que tentam transpor o mistério que encerra.
Quem sabe se por esta razão, ou apesar desta, nenhuma outra obra mística jamais despertou tanta curiosidade e exerceu tão grande influência
O Zohar é a coluna vertebral da Cabalá, também chamada de Chochmat ha-Emet - a Sabedoria da Verdade. Na língua hebraica, Cabalá significa "recebimento" ou "o que foi recebido". Por ser parte integral da Torá, tem origem e natureza Divina. Apesar de seus ensinamentos terem sido transmitidos a Adão e aos patriarcas do povo judeu, foi Moisés quem os recebeu diretamente de D'us durante a Revelação no Monte Sinai e os instituiu formalmente como parte da história do povo de Israel. Desde então, esta sabedoria mística vem sendo repassada de geração em geração para uns poucos escolhidos entre os líderes espirituais.
Chamados de nistarim (literalmente "os ocultos"), os primeiros cabalistas preservaram zelosamente esses ensinamentos, transmitindo- os oralmente às gerações seguintes. Somente no século II da era comum, surgiria no seio de Israel um homem que possuía os dons espirituais e intelectuais que lhe permitiram dar forma a essa sabedoria milenar. Seu nome era Rabi Shimon bar Yochai, uma das personalidades mais reverenciadas na história judaica. A ele coube o zechut, o honroso mérito de revelar a Luz Divina em todo a sua majestade e esplendor.
Grande líder e um dos maiores sábios talmúdicos, Rabi Shimon viveu em uma época muito conturbada. Durante sua geração, Israel penava sob o jugo romano, tendo que se sujeitar à proibição do estudo da Torá, esta apenas uma entre as inúmeras imposições de Roma. A gravidade da situação levou os mestres da Lei a adotarem medidas excepcionais. Preocupados que a perseguição e a dispersão dos judeus pudessem resultar na perda parcial dos ensinamentos da Torá Oral, os sábios deram seu consentimento para que os fundamentos de seu conteúdo fossem transcritos.
Portanto, o Talmud, seus comentários, o Midrash e os ensinamentos cabalísticos começaram a ser compilados e escritos. E foi Rabi Shimon bar Yochai quem estruturou a tradição mística através do Zohar.
No entanto, havia um grande problema na transcrição dos segredos da Cabalá. Os sábios temiam que pessoas sem preparo espiritual tivessem acesso aos segredos da Criação e do Universo. Para evitar que isso acontecesse, O Livro do Esplendor foi escrito de forma praticamente indecifrável para os não iniciados. E a primeira condição para se fazer parte desse grupo pequeno e seleto era possuir um vasto e profundo conhecimento sobre a Torá e sobre a tradição cabalística.
Livro fechado
O Sefer ha'Zohar é um livro fechado e as chaves para sua compreensão permanecem em mãos de um número reduzido de sábios. Esta obra pode ser comparada a um sistema codificado, de extrema complexidade, que esconde tesouros inestimáveis. Rabi Shimon era um daqueles seres pertencentes a um plano espiritual tão elevado que, entre os que estudam a sua obra, são poucos os que conseguem assimilar parte de seus ensinamentos. Não obstante, mesmo com apenas um pouco desse conhecimento, constroem-se montanhas de sabedoria.
Como vimos, para os não iniciados, o Zohar é misterioso e praticamente impenetrável. As dificuldades de compreensão estão presentes em quase todos os níveis da obra. Além da insondável profundidade de seus preceitos, seu estilo literário peculiar e sua dialética dificultam a compreensão. Seus textos, escritos em hebraico ou em aramaico antigo, estão "codificados" , impossibilitando, assim, que pessoas leigas entendam seu significado. Imagens simbólicas são usadas no lugar de uma terminologia racional e tópicos independentes são tratados em conjunto, colocando lado a lado assuntos aparentemente sem relação entre si.
Muitas das passagens do Zohar são compostas por combinações de alusões fragmentadas, que somente podem ser conectadas por associações secretas. Mas, na realidade, as conexões existem e são bastante claras para aqueles que entendem seu simbolismo e significado. Um sábio familiarizado com os segredos místicos da Torá entende perfeitamente seu conteúdo, seu estilo e sua estrutura aparentemente ilógica. Se para os não iniciados muitos de seus ensinamentos carecem de significado, estes mesmos preceitos são, para os que podem decifrá-los, a chave para desvendar os maiores e mais profundos segredos da existência e do universo.
Apesar de terem sido traduzidos para o hebraico moderno e para outros idiomas, os verdadeiros ensinamentos do Sefer ha-Zohar continuam sendo praticamente incompreensíveis. Mesmo para a maioria dos eruditos na Torá, o Livro do Esplendor continua sendo um enigma. O Talmud e outras obras da lei judaica são acessíveis e compreensíveis; não apenas é permitido o seu estudo, como também é incentivado e é uma obrigação colocar-se em prática os seus ensinamentos. Já o Zohar continua além do alcance intelectual e espiritual da maioria dos judeus - pelo menos por enquanto. Grandes cabalistas sempre alertaram que o privilégio de estudar e entender esta obra era reservado para muito poucos.
O cuidado e o resguardo em relação ao Zohar sempre foram impostos com o propósito de preservar não só a obra, mas também a alma daqueles que se aventurassem a estudá-la. Temia-se que seus ensinamentos e revelações pudessem ser mal interpretados ou usados de forma inadequada. Infelizmente, esses temores se confirmaram no decorrer da história. Houve vários casos de indivíduos e até mesmo de grupos que, após mergulharem nas águas do misticismo judaico sem o preparo adequado, acabaram por se perder.
Ainda mais grave: seus ensinamentos místicos foram utilizados por falsos messias e distorcidos por místicos e por adeptos da ciência do ocultismo. Os resultados foram catastróficos. Por isso, cabe alertar o leitor que o estudo do Zohar e da Cabalá somente deve ser conduzido na companhia de um professor que, além de instruído, tenha atingido um equilíbrio espiritual e mental.
Seu conteúdo
O Zohar é fonte de inspiração e sabedoria para os iniciados que ousam adentrar seus segredos. Seus principais focos são a teosofia - a interação das sefirot e seus mistérios, a conduta humana e o destino dos seres humanos neste mundo bem como no mundo das almas. São raras as ocasiões em que discute de forma explícita a meditação ou a experiência mística.
Ao penetrar na superfície literal da Torá, O Livro do Esplendor revela as profundezas místicas de suas histórias, leis e segredos. Transforma a narrativa bíblica em uma "biografia de D'us". Toda a Torá é lida como permutações de Nomes Divinos. Cada uma de suas palavras ou de suas mitzvot simbolizam algum aspecto das sefirot - que representam as maneiras pelas quais D'us interage com Sua Criação. O Zohar revela que o real significado da Torá reside em sua parte oculta - chamada de nistar - e em seus segredos místicos.
Mas esta obra grandiosa não trata apenas de assuntos esotéricos e místicos. Não há uma única preocupação sobre a existência humana que permaneça intocada em suas páginas. Apesar da aura de mistério que a cerca, muitos de seus ensinamentos têm servido de guia para várias gerações. De um lado, o Zohar se aprofunda nos maravilhosos mistérios da alma e do Criador; do outro, aborda assuntos como o poder do mal e a necromancia. Nele encontram-se visões da Redenção Messiânica, assim como soluções para as complexas relações entre seres humanos e os problemas de seu cotidiano.
Alicerçado principalmente na Torá, o Zohar é uma obra imensa, dividida em três trabalhos principais que são, por sua vez, subdivididos em outros segmentos. Trata-se principalmente de uma exegese - uma dissertação de homilias - e suas idéias emergem através de comentários e discursos. Nele estão as interpretações místicas e os comentários das sidrot - as leituras semanais da Torá.
A obra não se restringe aos Cinco Livros de Moisés; também aborda outros livros da Torá, inclusive o Cântico dos Cânticos, o Livro de Ruth e as Lamentações. Não cabe enfatizar em demasia que a Cabalá é a parte secreta da Torá e, portanto, não poderia ser estudada ou seguida à parte da Torá revelada. Acreditar ou estudar a Cabalá sem o respaldo da Torá Escrita e Oral é, no mínimo, incongruente, pois não há um único trabalho cabalístico que não contenha citações dos 24 livros da Torá Escrita, do Talmud e do Midrash.
Assim como o Talmud, o Zohar cobre todas as manifestações do espírito judaico. Porém, enquanto o primeiro é essencialmente uma obra sobre a Lei Judaica, com pitadas de misticismo, o segundo é principalmente um trabalho místico que aborda e elabora sobre algumas leis do Torá. O Zohar descreve a realidade esotérica subjacente à experiência cotidiana. Nele, temas e histórias, tópicos legais e assuntos litúrgicos são vistos e expostos através de uma interpretação mística.
Um breve histórico
Os ensinamentos da Cabalá começaram a assumir uma forma estruturada através do Livro do Esplendor, de Rabi Shimon bar Yochai. Segundo o Talmud, após ter fugido das autoridades romanas que queriam matá-lo, Rabi Shimon e seu filho, Rabi Elazar, esconderam-se em uma caverna nas montanhas da Galiléia. Pai e filho lá permaneceram durante treze anos, dedicando-se completamente ao estudo da Torá. Certamente Rabi Shimon já havia sido exposto aos ensinamentos místicos judaicos.
Mas, enquanto estavam na caverna, ele e seu filho foram visitados pelas almas de Moisés e do profeta Eliahu, que lhes revelaram muitos outros preceitos cabalísticos. É possível que outros sábios, antes e depois dele, também tenham tido os dons intelectuais e espirituais para transmitir os ensinamentos da Cabalá. Mas foi Rabi Shimon, devido à sua luz, à pureza de sua alma e aos seus méritos, o escolhido por D'us para fazê-lo.
Como atesta a própria obra, coube a Rabi Abba, um dos alunos de Rabi Shimon, a tarefa de registrar por escrito os ensinamentos de seu mestre. Parte do Zohar não foi transcrita na época; foi preservada e transmitida de forma oral pelos discípulos de Rabi Shimon, conhecidos como "a Chevraiá".
Mas apesar de transcrito, ainda não havia chegado a hora de ser divulgado o seu conteúdo. Segundo a tradição, seus manuscritos originais ficaram escondidos durante mil anos e foram descobertos apenas no século XIII. Durante as décadas de 1270 e 1280, estes manuscritos ficaram restritos a círculos cabalistas. Finalmente, chegaram às mãos de um místico judeu espanhol, Rabi Moshe de Leon (1238-1305), que os editou e publicou na década de 1290.
Por que teria essa obra magna sido permanecida escondida por tanto tempo? O próprio Livro do Esplendor revela a razão ao afirmar que sua sabedoria e luz seriam reveladas como preparação para a Redenção Final, que deveria ocorrer 1.200 anos após a destruição do Templo Sagrado. E é exatamente o que aconteceu! O Grande Templo de Jerusalém foi destruído no ano 70 da e.C., o que significa que, segundo as previsões do Zohar, seu conteúdo deveria ser revelado no ano de 1270.
O estudo da Cabalá floresceu na Espanha e na Provença, mas até a expulsão dos judeus da Península Ibérica, o Zohar só era conhecido no meio de restritos círculos de sábios e cabalistas. Após a expulsão, ele emerge desses círculos e passa a exercer uma grande influência sobre os judeus sefaraditas. Perseguidos e expulsos, os judeus da Espanha encontraram em seus ensinamentos sobre a Redenção Messiânica uma grande fonte de conforto e esperança e tanto a obra como seu autor passaram a ser reverenciados por eles. Até hoje, o Zohar está presente no dia-a-dia dos judeus dessa origem, pois seus ensinamentos moldaram grande parte de suas tradições e seus costumes religiosos.
Muitos dos cabalistas forçados a sair da Península Ibérica se estabeleceram na cidade sagrada de Safed, em Israel, que se tornou um centro de estudos místicos. Em Safed, o Sefer ha'Zohar serviu de base para os ensinamentos de dois dos maiores cabalistas - ambos sefaraditas - da era moderna: Rabi Moshe Cordovero (falecido em 1570), conhecido como o Ramak; e o grande Rabi Yitzhak Luria (1534-1572), o Arizal.
Foi em Safed que o Arizal transmitiu seus conhecimentos sobre o Livro do Esplendor e a Cabalá. Desenvolveu um novo sistema para a compreensão de seus mistérios, chamado de Método Luriânico. Seus ensinamentos são reconhecidos como a autoridade máxima da Cabalá, tendo sido estudados pelas gerações de cabalistas que o seguiram. A partir de seus ensinamentos, a Cabalá se tornou mais acessível e passou a ser disseminada por sábios e místicos judeus. O próprio Arizal afirmara que havia chegado a era na qual não só seria permitido revelar a sabedoria da Cabalá, mas tornar-se-ia uma obrigação fazê-lo.
Mas, foi na primeira metade do século XVIII, com o surgimento do chassidismo - como passou a ser chamado o movimento iniciado no leste da Europa pelo Rabi Baal Shem Tov - que a Cabalá que fora ensinada pelo Arizal passou a atingir um número ainda maior de judeus. A principal contribuição do chassidismo foi sua adaptação da doutrina da Cabalá a uma linguagem cotidiana e de fácil compreensão. Desta maneira, a profunda sabedoria de Rabi Shimon bar Yochai passou a influenciar as massas de judeus asquenazitas do leste Europeu. Com a expansão do chassidismo os ensinamentos do Zohar passaram a influenciar um número cada vez maior de judeus.
A santidade da obra
Chamada também de Ha'Zohar ha-Kadosh - O Sagrado Zohar - esta obra é envolta por uma aura de suprema santidade. Sua natureza misteriosa e seu conteúdo inacessível só acrescentaram reverência ao respeito que provoca entre judeus e não-judeus.
Como vimos anteriormente, o Zohar é a suprema autoridade no campo do misticismo judaico, é a face mística da Revelação Divina manifestada por meio da Torá. Em termos de santidade, o Zohar foi posto em um nível ainda maior do que o Talmud, pois enquanto as leis deste último representam o corpo da Torá, os mistérios do Zohar representam sua alma. Mas, o Livro do Esplendor nunca se opõe à autoridade do Talmud nem às suas leis. Assim como alma e corpo são interdependentes; apenas quando unidos e em harmonia podem proporcionar ao homem uma vida significativa. Da mesma forma, o Zohar e o Talmud não podem cumprir sua missão, nem sobreviver de forma separada e sem uma mútua interligação.
O Zohar tem sido aceito por todo o povo judeu, independentemente de seu passado e tradições. Embora apenas um número limitado de judeus o tenha estudado de fato, continua a influenciar de maneiras que sequer podem ser imaginadas. Uma história do Baal Shem Tov revela o amor dos chassidim pelo Zohar e é também um exemplo de sua santidade e poder.
Sabe-se que o Baal Shem Tov sempre levava uma cópia desta obra com ele, sendo capaz de realizar milagres e prever o futuro através da força espiritual do livro. Um dia lhe perguntaram como tinha sido capaz de, simplesmente olhando para o Zohar, descrever os passos de um homem que havia desaparecido.
E ele respondeu com uma citação do Talmud: "A luz que D'us fez em seis dias de Criação permitiria ao homem enxergar de um lado do mundo para o outro, mas esta luz tem sido guardada para os justos no Mundo Vindouro". E onde está esta luz guardada", perguntou o Baal Shem Tov, respondendo ele próprio: "Na Torá. Então, quando eu abro o Zohar, eu posso ver o mundo todo".
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